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SAÚDE
Medida apresentada pelo ministério inclui reajuste periódico de honorários e pode inviabilizar empresas em crise financeira
Plano e médico devem ter contrato-padrão
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As operadoras de planos de saúde deverão seguir um contrato-padrão para credenciar médicos e
dentistas, que deverá incluir reajuste periódico de honorários, a livre escolha de profissionais pelos
usuários desses planos e a liberdade de prescrição aos médicos.
A proposta de regulamentação
das relações entre planos de saúde
e médicos, apresentada ontem
pelo Ministério da Saúde, será
analisada pela Câmara Técnica da
ANS (Agência Nacional de Saúde)
no próximo mês e discutida com
todo o setor. Mas já agradou às
entidades médicas. "Ela preserva
o direito dos 35 milhões de usuários e poderá ser uma sentença de
morte para as empresas que vendem ilusão, comercializando planos baratos para captar clientes",
diz José Luiz Gomes do Amaral,
presidente da Associação Paulista
de Medicina.
Segundo ele, há nove anos os
honorários médicos não são reajustados pelas operadoras e os
profissionais acumulam perda de
mais de 250%. A reposição dessa
defasagem deverá pressionar os
custos das empresas.
Mas segundo o ministro da Saúde, Humberto Costa, elas "não
poderão repassar aos preços dos
planos os reajustes periódicos"
que terão de dar aos médicos. Segundo Amaral, hoje o valor médio pago por consulta pelos planos de saúde é de R$ 20. A categoria defende o pagamento de pelo
menos R$ 42 -valor da tabela de
referência da AMB.
Outro lado
Segundo o ministro Costa, por
ser um "mercado imperfeito
-não há uma concorrência clara
no setor- é necessário haver
uma regulação pelo governo".
A idéia do ministério é estabelecer nos contratos condições para
o descredenciamento de médicos,
prazos para faturamento e pagamento das consultas e definir
quais procedimentos médicos e
odontológicos terão autorização
especial das operadoras.
Atualmente, segundo Amaral,
cada plano de saúde estabelece
suas próprias regras ao contratar
um profissional. "Há operadoras
que limitam em até dez minutos a
duração da consulta, determinam
os procedimentos médicos que o
profissional pode ou não pode
adotar e até em que hospital internar um paciente", diz ele. "Quem
não cumpre essas normas é descredenciado", acrescenta.
O presidente da Abramge (Associação Brasileira das Empresas
de Medicina de Grupo), Arlindo
Almeida, diz que "não é bem assim". Segundo ele, "as empresas
orientam os médicos a evitar desperdício com repetição de exames
e número de consultas excessivas
para conter custos".
As normas propostas pelo Ministério da Saúde exigirão que as
operadoras expliquem aos médicos e à ANS o motivo do descredenciamento, avisando-os com
30 dias de antecedência.
O ministro Costa diz que também pretende universalizar o ressarcimento de consultas. Hoje, os
participantes de planos de saúde
só podem ser atendidos por profissionais credenciados. Alguns
planos, em geral de seguradoras,
oferecem a possibilidade de o
usuário escolher um médico de
fora do sistema e ter o reembolso
de parte dos gastos.
Para o presidente da Abramge,
"não há possibilidade de uma
abertura tão grande no sistema,
pois os planos de livre escolha são
muito mais caros". Ele diz que a
entidade concorda com a negociação periódica de reajustes de
honorários médicos e nega que há
nove anos eles não ocorram.
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