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Franceses dão mais 15 dias para a
Chapecó tentar acordo com credor
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Os negociadores da dívida da
Chapecó S.A. obtiveram do grupo
Dreyfus um novo adiamento de
15 dias para tentar fechar um
acordo com seus credores que
permita vender o complexo de frigoríficos e fugir da falência.
O grupo francês tinha decidido
esperar até ontem pelo acordo,
mas a Chapecó conseguiu novo
adiamento usando como argumento a decisão de segunda-feira,
dia 8, da diretoria do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), autorizando o deságio quase que integral da dívida da Chapecó.
Com aval do governo federal, o
BNDES decidiu perdoar 96,8% da
dívida de R$ 500 milhões que a
Chapecó tem com o banco para
tentar salvar a empresa.
A Coinbra (subsidiária do grupo Dreyfus no Brasil) está disposta a assumir e reativar o complexo
de frigoríficos com sede em Chapecó, oeste de Santa Catarina,
mas não admite assumir nenhum
passivo.
A proposta em discussão prevê
que a Chapecó passe ao controle
do grupo francês por R$ 175 milhões, mas o passivo da empresa
soma hoje R$ 1 bilhão.
Para o fechamento do acordo é
preciso que todos os credores sigam o caminho do BNDES.
Ontem, o presidente da Chapecó, Celso Schmitz, disse que ainda
há entraves nas negociações com
os credores. "Desde a reunião do
BNDES, estamos conversando
"full time" com os credores, mas
ainda há impasses", afirmou.
Segundo ele, dos cerca de 2.500
fornecedores, ainda há 33 que não
deram resposta à proposta da empresa. As maiores resistências ao
perdão da dívida partem, porém,
dos bancos e fundos credores.
Segundo Schmitz, o Real ABN-Amro, que cobra um crédito de
R$ 45 milhões da Chapecó, está na
lista dos casos ainda pendentes. O
crédito do Real é o maior entre os
21 bancos privados.
A Fundação Aeros -dos funcionários de companhias aéreas
conduzidas pela Varig- também
não aceita o deságio de R$ 16,3
milhões que a Chapecó lhe deve.
A Fundação Serpros, com R$ 21,8
milhões a receber, é outro grupo a
resistir ao deságio.
A Agência Folha não conseguiu
contato com dirigentes das fundações Aeros e Serpros. No Real
ABN-Amro, a assessoria de comunicação informou ontem que
a direção não comenta o assunto.
Parada desde abril deste ano
por falta de crédito, a Chapecó já
dispensou 4.000 dos cerca de
5.000 empregados de suas quatro
unidades. A interrupção da produção também está inviabilizando a renda de 2.000 parceiros na
criação de frango e porco.
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