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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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Franceses dão mais 15 dias para a Chapecó tentar acordo com credor

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Os negociadores da dívida da Chapecó S.A. obtiveram do grupo Dreyfus um novo adiamento de 15 dias para tentar fechar um acordo com seus credores que permita vender o complexo de frigoríficos e fugir da falência.
O grupo francês tinha decidido esperar até ontem pelo acordo, mas a Chapecó conseguiu novo adiamento usando como argumento a decisão de segunda-feira, dia 8, da diretoria do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), autorizando o deságio quase que integral da dívida da Chapecó.
Com aval do governo federal, o BNDES decidiu perdoar 96,8% da dívida de R$ 500 milhões que a Chapecó tem com o banco para tentar salvar a empresa.
A Coinbra (subsidiária do grupo Dreyfus no Brasil) está disposta a assumir e reativar o complexo de frigoríficos com sede em Chapecó, oeste de Santa Catarina, mas não admite assumir nenhum passivo.
A proposta em discussão prevê que a Chapecó passe ao controle do grupo francês por R$ 175 milhões, mas o passivo da empresa soma hoje R$ 1 bilhão.
Para o fechamento do acordo é preciso que todos os credores sigam o caminho do BNDES.
Ontem, o presidente da Chapecó, Celso Schmitz, disse que ainda há entraves nas negociações com os credores. "Desde a reunião do BNDES, estamos conversando "full time" com os credores, mas ainda há impasses", afirmou.
Segundo ele, dos cerca de 2.500 fornecedores, ainda há 33 que não deram resposta à proposta da empresa. As maiores resistências ao perdão da dívida partem, porém, dos bancos e fundos credores.
Segundo Schmitz, o Real ABN-Amro, que cobra um crédito de R$ 45 milhões da Chapecó, está na lista dos casos ainda pendentes. O crédito do Real é o maior entre os 21 bancos privados.
A Fundação Aeros -dos funcionários de companhias aéreas conduzidas pela Varig- também não aceita o deságio de R$ 16,3 milhões que a Chapecó lhe deve. A Fundação Serpros, com R$ 21,8 milhões a receber, é outro grupo a resistir ao deságio.
A Agência Folha não conseguiu contato com dirigentes das fundações Aeros e Serpros. No Real ABN-Amro, a assessoria de comunicação informou ontem que a direção não comenta o assunto.
Parada desde abril deste ano por falta de crédito, a Chapecó já dispensou 4.000 dos cerca de 5.000 empregados de suas quatro unidades. A interrupção da produção também está inviabilizando a renda de 2.000 parceiros na criação de frango e porco.


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