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Juro pode ir a 10% nos EUA, diz Greenspan
Em novo livro, ele diz que Fed deve sofrer pressões para deixar taxa menor, apesar de risco de inflação
DA REDAÇÃO
Presidente do Fed (Federal
Reserve, o banco central americano) de 1987 a 2006, Alan
Greenspan, 81, diz em seu livro
"A Era da Turbulência", que
chega amanhã às livrarias, que,
em uma tentativa de conter a
inflação, a taxa de juros nos
EUA pode voltar à casa dos dois
dígitos nos próximos anos -o
que não aconteceu quando ele
comandou o organismo.
Ele diz que, nos próximos
anos, com o abrandamento da
globalização, o aumento da inflação ficará cada mais difícil de
ser contido e menciona como
exemplo desse processo a recente alta dos produtos importados da China.
Nesse cenário, diz, o Fomc (o
comitê de política monetária
do BC dos EUA) conseguiria
manter a inflação entre 1% e
2%, mas isso exigiria taxa de juros superior a dois dígitos, em
um nível "não visto desde os
dias de Paul Volcker [que comandou o Fed de 1979 a 1987]".
No entanto, ele afirma que o
organismo pode sofrer pressões do Congresso e da Casa
Branca para deixar os juros menores, apesar do risco de elevação da inflação. "Temo que
meus sucessores no Fomc, na
medida em que se empenhem
para garantir a estabilidade dos
preços nos próximos 25 anos,
vão enfrentar uma resistência
populista do Congresso, se não
da Casa Branca", escreveu, segundo cópia obtida pelo "Wall
Street Journal".
Caso o Fed ceda a essas pressões, Greenspan prevê que a inflação americana em 2030 possa chegar a uma média de 4% a
5% -atualmente, o índice está
um pouco acima de 2% ao ano.
Os títulos de dez anos do Tesouro americano (considerados os mais seguros do mundo)
também seriam afetados, diz o
ex-presidente do banco central
dos Estados Unidos. Os rendimentos, hoje em torno de 5%,
chegariam a "pelo menos" 8%,
com a possibilidade de "subir
significativamente durante
curtos períodos".
Isso, afirma, levaria à estagnação dos ganhos no mercado
acionário e a lucros muito menores no setor imobiliário.
Sobre Ben Bernanke, o atual
presidente do Fed, Greenspan,
que atualmente trabalha como
consultor de várias instituições
financeiras, como o Deutsche
Bank, apenas dedica a legenda
de uma foto: "Senti-me muito
confortável em deixar o cargo
nas mãos de um sucessor tão
experimentado".
Na semana passada, em entrevista a uma rede de TV americana, ele afirmou que Bernanke estava fazendo um "excelente" trabalho no BC americano. Questionado se, para
conter a turbulência atual nos
mercados financeiros, teria agido de modo mais agressivo que
seu sucessor, cortando os juros
básicos, respondeu "não ter
certeza se faria algo diferente".
Republicano
Republicano "a vida toda",
Greenspan escreveu que seu
partido "mereceu perder" as
eleições parlamentares do ano
passado. Para ele, o governo de
George W. Bush estava tão envolvido com operações políticas que deu pouca atenção para
a disciplina fiscal.
Segundo ele, Bush era movido pela ideologia e pelo desejo
de cumprir as promessas da
campanha presidencial de
2000 e era desinteressado pelos efeitos da política econômica do seu governo.
Já o antecessor Bill Clinton
(1993-2001) é visto como "um
apaixonado por informação",
com "um foco disciplinado e
consistente no crescimento
econômico de longo prazo". Porém, diz ter ficado "desapontado e triste" com a relação do ex-presidente com a estagiária
Monica Lewinsky, que quase o
fez perder o mandato.
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