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Petrobras e Vale entram em corrida por reservas
África ganha destaque em processo de internacionalização das empresas
Petrobras prevê investir em
Angola e na Nigéria, em
busca de petróleo; Vale
pretende construir terminal
para exportação de carvão
Obed Zilwa - 19.dez.05/Associated Press
![](../images/b1609200701.jpg) |
Banhistas em praia de Luanda, Angola; país receberá investimentos da Petrobras com o objetivo de elevar produção de petróleo |
DA SUCURSAL DO RIO
O potencial de descoberta de
novas reservas de petróleo e de
minério atraiu Petrobras e Vale
do Rio Doce para o continente
africano. As duas empresas ressaltam que a África vai ganhar
destaque nos seus processos de
internacionalização nos próximos anos.
A Petrobras já atua na África
desde a década de 70, mas vive
um processo de intensificação
dos investimentos na região. "A
empresa está voltando sua
atenção para a África", afirma
Hércules Silva, presidente da
Petrobras Angola.
Segundo ele, a estatal tem
hoje produção modesta, da ordem de 3.300 barris de petróleo
por dia no país, mas vai receber
uma injeção de investimentos
para elevar o patamar. O plano
da companhia prevê aporte de
US$ 900 milhões até 2012.
"O país produz cerca de 1,6
milhão de barris por dia. Angola tem grandes reservas já descobertas, e as empresas de petróleo acreditam que ainda
exista grande potencial de reservas de petróleo e de gás natural a descobrir", declarou.
As principais empresas do
setor petrolífero estão presentes na África, como Esso, Chevron, Total e BP. Um dos diferenciais africanos é o potencial
de grandes reservas.
Como a Petrobras opera em
águas profundas e ultraprofundas, um tipo de operação que
requer investimentos de grande monta, é necessário que haja
perspectiva de descoberta de
grandes volumes.
Silva diz que uma das principais dificuldades é encontrar
mão-de-obra qualificada. "O
país passou por longa guerra civil, que acabou em 2002. Nesse
período, em vez de as pessoas
estarem na escola, estavam na
guerra. Temos tido dificuldade
para encontrar geólogos e engenheiros angolanos. Quem
tem qualificação já está empregado na indústria do petróleo."
Diante disso, a estatal tem
optado por trazer de volta expatriados e por identificar profissionais locais sem experiência e treiná-los no Brasil.
De acordo com Samir Awad,
gerente da Área Internacional
para Américas, África e Ásia,
desde o fim da década de 90,
quando a Petrobras intensificou seu processo de internacionalização, já foram investidos
mais de US$ 2 bilhões em operações na África.
Somente na Nigéria, onde a
estatal pretende começar a
produzir cerca de 75 mil barris
anuais já em 2008, estão previstos investimentos da ordem
de US$ 1,4 bilhão até 2012.
O executivo ressalta que o
tempo entre o início do ciclo de
exploração e a produção costuma ser maior na África. "As coisas tendem a funcionar de forma mais lenta. Os governos
africanos têm uma presença
marcante na indústria do petróleo por meio de empresas
estatais", declarou.
Dificuldades
O presidente da Vale, Roger
Agnelli, concorda que fazer negócios no continente não é tarefa fácil. "A África é marcada
por regimes instáveis, conflitos
armados e outras formas de
violência, problemas sanitários
significativos e imensa pobreza. Mas é também uma das
poucas fronteiras naturais ainda abertas para a expansão de
negócios em setores como petróleo, gás e mineração."
A Vale está presente hoje em
Moçambique, Angola, África do
Sul e Gabão. Além disso, realiza
pesquisas na região do Congo,
na Guiné e na Argélia de produtos como minério de ferro, platina, manganês, carvão, bauxita, cobre e níquel.
O maior projeto da mineradora na África é a mina de carvão de Moatize, em Moçambique. Há projetos ainda para a
construção de um terminal para exportação de carvão.
Na década de 90, a Vale já havia atuado no estudo dessa mina, mas abandonou o projeto
por conta do risco político. Em
2001, decidiu voltar. "Hoje, o
cenário político mudou, os regimes se democratizaram e você começa a ter condições para
investimentos mais definitivos.
A África vai ganhar espaço nas
operações da companhia", afirma Tito Martins, diretor de Assuntos Corporativos.
(JANAINA LAGE)
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