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Santander anuncia a Lula a compra do banco ABN Amro
Com o negócio, espanhóis assumirão operação do Real no Brasil e se aproximarão do Itaú, a 2ª maior instituição privada do país
Venda do holandês ABN, dono do Real, a consórcio de bancos do qual o grupo da Espanha faz parte deverá ser formalizada até o dia 4
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado ontem
pela manhã em Madri, na Espanha, de que está fechada a compra do ABN Amro, o banco holandês que, no Brasil, é dono do
Banco Real, pelo consórcio de
que participa o Santander,
principal grupo bancário da Espanha.
Os sócios do Santander na
operação são o RBS (Royal
Bank of Scotland, do Reino
Unido) e o Fortis belga.
A incorporação do Real, no
Brasil, aproximará o Santander
do banco Itaú, o segundo maior
banco privado brasileiro, ambos atrás apenas do Bradesco
(e, claro, do Banco do Brasil).
A única hipótese de a compra
do ABN Amro não se concretizar será no caso de uma catástrofe de proporções colossais,
segundo a avaliação transmitida ao presidente. O negócio deve ser acertado oficialmente
até o próximo dia 4.
Lula ouviu também que o
Santander, a ser agora engordado pelo Real, salvo uma enorme
surpresa, continua encantado
com o Brasil, uma avaliação que
sempre aparece quando o patriarca do banco, Emílio Botín,
fala da compra do Banespa, que
abriu as portas do país ao grupo
espanhol, e da evolução subseqüente.
Também Francisco Luzón,
responsável por América Latina no Santander, rasga elogios
ao desempenho da economia
brasileira, de forma geral, e em
particular aos resultados do
banco no país.
Novos encontros
Lula voltará a conversar com
os representantes do Santander na segunda-feira, quando
tem dois encontros com empresários, um café da manhã no
clássico Hotel Palace, em cuja
suíte real se hospeda, e em seguida um seminário sobre
"Perspectivas da Economia
Brasileira: Infra-Estrutura e
Biocombustíveis".
O título já indica o foco do
presidente na Espanha, como
já o foi nos quatro países nórdicos que acaba de visitar: convencer o empresariado a investir nas obras previstas no PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) e na disseminação dos biocombustíveis pelo
mundo, de forma a concretizar
o que Lula chama sempre de
"revolução energética".
Tanto nesses encontros como nas conversas com o presidente do governo espanhol, José Luís Rodríguez Zapatero, é
inevitável que se toque na crise
financeira global. No caso da
Espanha, já se tornou tema da
pré-campanha eleitoral (a eleição será no ano que vem), na
medida em que a oposição grita
que a crise arrastará fatalmente
o país, coisa que o governo obviamente nega.
Aliás, foi justamente Emílio
Botín, o presidente do Santander, o peso-pesado do meio empresarial a que o governo recorreu para falar da solidez da economia espanhola e, por extensão, de sua capacidade de enfrentar a turbulência externa.
No caso da Espanha, no entanto, a crise não é apenas externa. Houve, nos anos recentes, um formidável "boom"
imobiliário que provocou o
mesmo efeito registrado nos
Estados Unidos, epicentro da
turbulência: entidades financeiras correram atrás de todo
mundo que pudesse recorrer a
hipotecas para financiar-se, a
juros de pai para filho.
Agora, que os juros se tornaram pesados, o risco de inadimplência generalizada é tanto
que o governo acaba de anunciar a iminente criação de um
fundo especial de ajuda aos que
não podem pagar os juros que
dispararam nos últimos 12 meses (em agosto, deu-se a 23ª alta consecutiva do Euribor, o índice a que está vinculada a
maior parte das hipotecas).
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