São Paulo, quarta-feira, 16 de setembro de 2009

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AL é única região em que riqueza cresce

Patrimônio na região avançou 3% e chegou a US$ 2,5 tri, enquanto no mundo caiu 12% no ano passado, afirma estudo

Recuperação da riqueza deve começar em 2010 e será lenta, diz consultoria; Europa passou América do Norte em patrimônio total

ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

A América Latina foi a única região em que a riqueza cresceu no ano passado, quando o patrimônio global caiu mais de 10%, segundo estudo elaborado pela consultoria americana BCG (Boston Consulting Group).
No ano da maior crise global em mais de seis décadas, o patrimônio em ativos financeiros dos latino-americanos somava US$ 2,5 trilhões (pouco menos que o PIB em 2008 do Brasil e do México, as duas maiores economias da região), 3% mais do que em 2007.
"As estruturas políticas e econômicas evoluíram consideravelmente, e a maioria dos bancos tinha exposição limitada ao mercado imobiliário dos EUA [onde a crise teve início]. Como resultado, a região escapou da crise bancária e do aperto no crédito", diz o estudo.
A consultoria não divulgou números específicos de Brasil, mas afirmou que o mercado de riqueza do país se mostrou "particularmente resiliente" em 2008. Procurado, o BCG ainda não tinha se pronunciado até o fechamento desta edição sobre os dados de patrimônio dos milionários no país.
Para chegar aos números de patrimônio, a consultoria usa dados de depósito em dinheiro, fundos de renda fixa de curto prazo, títulos e ativos no país e no exterior -ficam de fora informações como o valor da residência e do próprio negócio do investidor e bens de luxo.
Segundo estudo do banco Merrill Lynch e da consultoria Capgemini, o número de milionários no Brasil caiu 8,4% no ano passado em relação a 2007, mas, mesmo assim, pela primeira vez ficou entre os dez primeiros do ranking, ultrapassando Espanha e Austrália.

Mundo
No mundo, a riqueza em ativos financeiros recuou 11,7% em relação a 2007, na primeira queda desde 2001, passando de US$ 104,7 trilhões para US$ 92,4 trilhões (1,5 vez mais que o PIB global de 2008). Esses US$ 12 trilhões que "desapareceram" são resultado em parte da queda das Bolsas mundiais -que recuaram 68% no ano passado- e também da saída dos investidores de aplicações mais arriscadas.
Essa queda foi mais sentida nos EUA, onde o patrimônio caiu 21,8% e o número de milionários recuou de quase 4,9 milhões de famílias em 2007 para 4 milhões no ano passado.
Com isso, a Europa passou pela primeira vez a América do Norte como a região com o maior patrimônio financeiro: US$ 32,7 trilhões.
O número de famílias no mundo com pelo menos US$ 1 milhão também caiu: de 11 milhões para cerca de 9 milhões.
Para a consultoria, a recuperação da riqueza global deve começar de forma lenta a partir do ano que vem, mas não deve atingir antes de 2013 o nível pré-crise. Segundo ela, a principal região de avanço será a Ásia (com exceção do Japão). A China, apesar da crise, teve aumento no número de milionários: de 391 mil para 417 mil.
Ela diz ainda que a crise diminuiu a diferença de patrimônio entre os ricos e os não ricos. O segmento de famílias com menos de US$ 100 mil foi o único que cresceu em 2008 (2%).


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