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BASTIDORES
Piso para reservas seria de US$ 40 bilhões
Longe da TV, FHC já admite retração
JOSIAS DE SOUZA
Secretário de Redação
Em diálogos reservados que
manteve com alguns dos principais líderes políticos que o
apóiam, Fernando Henrique
Cardoso informou: se a sangria
das reservas do Banco Central
persistir, o governo adotará
medidas de proteção, impondo limites à saída de dólares.
As providências viriam, segundo disse, antes que as reservas
batessem em U$ 40 bilhões.
Ele também afirmou a seus
interlocutores que não hesitará
em pedir auxílio financeiro externo em caso de necessidade.
O presidente das conversas
de bastidores é muito diferente
do candidato que aparece na
TV. O diagnóstico feito por
FHC longe das câmeras se
aproxima da visão que se dissemina pelo mercado.
Ele desenha um 1999 bem
menos róseo que aquele pintado em seu programa eleitoral.
Prevê dias de sufoco financeiro. Evita usar a palavra "recessão". Mas aponta para um
quadro de forte retração, no
Brasil e no mundo.
Depois de conversar com esse FHC da intimidade, um de
seus auxiliares referiu-se a 1999
como o quinto ano do primeiro mandato. Em caso de vitória
eleitoral, o Brasil do crescimento, antecipado no programa do PSDB, fica para mais
tarde. Bem mais tarde.
Na sexta-feira, após participar de jantar promovido pelo
Grupo Abril, em São Paulo,
FHC recebeu em seu apartamento dois pesos pesados:
Tasso Jereissati (PSDB), governador do Ceará, e Antônio
Carlos Magalhães (PFL), presidente do Congresso.
Os três analisaram os efeitos
da crise na eleição. Puseram-se
de acordo em relação ao raciocínio de que a crise, desde que
não descambe, acaba tonificando a candidatura de FHC.
A conversa descambou para
a necessidade de correção de
rumos. O diálogo serviu para
matizar o argumento de que a
crise vem de fora. Repisou-se a
tecla de que há muito por fazer
aqui, no Brasil. Concluiu-se
que é preciso agir rápido.
Embora o ambiente tenso tenha se amainado, o presidente
parecia convencido, mesmo
nos encontros que manteve
ontem, da necessidade de acelerar a votação de reformas no
Congresso e aprofundar o
ajuste das contas do governo.
Os interlocutores mais íntimos de FHC -apenas os mais
íntimos- se animam a dirigir-lhe perguntas sobre o futuro da dupla Pedro Malan e
Gustavo Franco, respectivamente ministro da Fazenda e
presidente do Banco Central.
FHC diz que seria uma loucura
desprestigiá-los em meio à crise. Mas já não parece tão enfático quanto à decisão de mantê-los em seus postos em um
eventual segundo mandato.
Malan e Franco estão sob intenso fogo cruzado. Uma velha
briga voltou a consumir as entranhas de Brasília. A briga entre o grupo de José Serra, ministro da Saúde, e o pessoal da
equipe de Malan. Por ora, FHC
pende para Malan. Chega mesmo a exibir uma ponta de irritação com as queixas que Serra
faz à luz do dia.
Os principais caciques do
PFL prestigiam Malan. Enxergam na movimentação de Serra um projeto político pessoal.
Assustados com a visibilidade
que ele obteve à frente da Saúde, até gostaram de vê-lo espernear contra o corte de verbas que lhe foi imposto.
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