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ÚLTIMOS CARTUCHOS
Taxas na BM&F sobem pelo 2º dia seguido e atingem patamar máximo de 25,6%; moeda recua 0,13%
BC atua e estabiliza dólar, mas juro dispara
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central manteve presença forte no mercado cambial
ontem, mas só conseguiu frear a
alta do dólar. A moeda americana
caiu 0,13%, para R$ 3,845.
Os juros futuros, pelo segundo
dia seguido, bateram os limites de
alta permitidos pela BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), e
as negociações foram paralisadas.
Após a surpreendente decisão
de segunda-feira, quando, em
reunião extraordinária, o Copom
elevou os juros básicos de 18% para 21% ao ano, os investidores
correram para mudar suas apostas sobre os juros, que não continham expectativa de alta.
Os contratos que embutem as
projeções para janeiro de 2003
-os mais negociados na BM&F e
que, portanto, servem de referência para o mercado- fecharam a
25,60%. Logo pela manhã a taxa
alcançou o valor, teto estabelecido
para os negócios com esses contratos ontem pela Bolsa.
Como uma norma de segurança, a BM&F se protege de oscilações exageradas das projeções ao
estabelecer como variação máxima em um dia o percentual de
10%, para mais ou para menos.
Atingido o limite, as operações
são paralisadas -no caso de ontem, por exemplo, para janeiro, só
seriam aceitos negócios abaixo de
25,60%. Também fecharam nos
limites de alta os contratos para
novembro, a 23,01%, e para dezembro, a 24,32%.
A disparada das taxas sinaliza
que os investidores cogitam a
possibilidade de o Copom, em sua
reunião ordinária da semana que
vem, voltar a elevar os juros. Mas
há os que ponderam que o comportamento do dólar nos próximos dias indicará qual será a opção do BC: "Se o dólar tiver uma
oscilação menor, não haverá a necessidade de promover um choque nos juros", afirma André Petersen, sócio-diretor da Máxima
Asset Management.
Analistas avaliam que os juros
subiram numa tentativa do BC de
conter a alta da inflação, influenciada pela disparada do dólar. Se
tivesse o objetivo de conter diretamente a moeda norte-americana,
a elevação teria de ser mais forte.
A medida causou estranheza
devido à proximidade da reunião
do Copom, que será na semana
que vem -houve o consenso entre analistas de que não seria necessário ter elevado os juros em
reunião extraordinária.
O risco-país continuou a subir
-0,7%, a 2.280 pontos.
A trégua do dólar foi atribuída
às medidas administrativas adotadas pelo BC na semana passada.
A autoridade monetária estabeleceu novas normas que reduziram
a capacidade das instituições para
operar com a moeda. O BC estimou que as regras retirarão R$
14,2 bilhões do mercado e que os
bancos serão obrigados a se desfazer de parte das aplicações em dólar. A adequação das instituições
aos novos procedimentos estaria
diminuindo a pressão no dólar.
Leilão
O BC vendeu dólares no mercado à vista ontem e realizou leilão
de linha de exportação. A instituição também tentou rolar mais
US$ 500 milhões dos US$ 3,6 bilhões de dívida pública atrelada
ao dólar que vencem amanhã,
mas recusou as altas taxas pedidas
pelo mercado. O BC renovou
53,5% do vencimento e tenta rolar
mais US$ 1,05 bilhão hoje.
Como o vencimento da dívida é
amanhã, poderá haver uma movimentação no mercado para inflar o valor do Ptax (preço médio
do dólar) de hoje, que vai balizar o
valor de resgate dos títulos.
No entanto, como o dólar teve
um fechamento mais tranquilo
ontem -apesar de ter oscilado
entre queda de 1,17% e alta de
1%-, analistas acreditam que as
medidas do BC possam reduzir,
mais uma vez, a alta da cotação.
Figueiredo em NY
Ontem, em Nova York, o diretor
de Política Monetária do BC, Luiz
Fernando Figueiredo, participou
de reuniões no Credit Suisse First
Boston. Na saída, classificou o encontro de "construtivo". Nem Figueiredo nem os participantes comentaram o teor dos encontros.
"Combinamos de não falar com a
imprensa", disse, sem responder
se o acordo de silêncio tinha sido
feito com o presidente do BC, Armínio Fraga, ou com os participantes das reuniões. Hoje, Figueiredo tem encontros na Goldman
Sachs e no Merrill Lynch.
Colaborou Sergio Dávila, da Nova York
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