São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Volume diário de negócios com ADRs do país cresce 36% em outubro em NY; mexicanos perdem espaço

Estrangeiro volta a comprar papel brasileiro

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A procura por papéis de companhias brasileiras negociados em Nova York cresceu significativamente no mês passado. Enquanto o volume de negócios diários com ADRs brasileiros aumentou 35,6% no mês, os mexicanos perderam espaço no total girado pelos recibos latino-americanos.
Os certificados de ações de empresas brasileiras e mexicanas movimentam mais de 90% do mercado de ADRs de países latino-americanos. O restante é formado por papéis da Argentina, do Chile, do Peru, da Venezuela e da Colômbia. Os ADRs (American Depositary Receipts) são recibos que representam a propriedade de ações de empresas estrangeiras nos Estados Unidos.
Com a recuperação registrada em outubro, o Brasil fechou o mês com volume negociado de ADRs (US$ 2,42 bilhões) quase igual ao girado pelo México (US$ 2,5 bilhões), segundo dados da Economática. Em setembro, os recibos mexicanos haviam registrado giro 43% superior aos brasileiros.
A melhora do desempenho dos ADRs brasileiros veio apenas na terceira semana do mês passado, quando o câmbio se acalmou um pouco e a Bovespa começou a se recuperar.
Em setembro, mês de grande turbulência no mercado financeiro, quando o dólar acumulou alta de 25%, os negócios com ADRs de empresas brasileiras se retraíram fortemente, com queda de 37% no giro diário. Foi o pior mês desde os ataques terroristas ao World Trade Center (Estados Unidos), em setembro de 2001.
Os ADRs brasileiros e mexicanos alternam a preferência dos investidores. Após a forte aversão sentida em setembro, os papéis brasileiros começam a ganhar novamente o interesse dos estrangeiros. Desde julho, o giro diário dos ADRs de empresas mexicanas vem caindo gradativamente.

Dias melhores
Os ADRs já foram considerados uma grande ameaça aos negócios na Bolsa de Valores de São Paulo. O temor era de que as empresas concentrassem seus negócios em Nova York, devido aos custos e burocracia menores, deixando a Bovespa em segundo plano.
Em janeiro de 2000, por exemplo, os ADRs de empresas brasileiras movimentaram US$ 10,6 bilhões. Mas o volume de negócios acabou perdendo intensidade aos poucos.
Analistas do mercado financeiro afirmam que há espaço para os ADRs brasileiros continuarem a se recuperar nas próximas semanas. Os preços dos papéis -especialmente de teles e de elétricas- estão muito debilitados, o que os torna atraentes.
Por estar com os preços de seus papéis muito baixos -menos de US$ 1 por mais de 30 dias seguidos-, a Embratel Participações recebeu notificação da Bolsa de Valores de Nova York. Os certificados da empresa poderiam acabar sendo retirados de negociação caso o panorama não se alterasse.

Fluxo
Na Bolsa de Valores de São Paulo, a volta do interesse dos estrangeiros pelos papéis de empresas brasileiras também foi sentida em outubro.
No mês, o saldo entre as compras e as vendas de ações feitas com capital externo ficou positivo em R$ 165 milhões. A Bovespa não registrava fluxo mensal positivo de estrangeiros desde abril.
Mas o resultado dos primeiros dias deste mês não é muito animador. Nos dez primeiros dias deste mês os estrangeiros mais venderam do que compraram ações. A diferença foi de R$ 12 milhões.



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