São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

Inflação no atacado sobe mais do que o previsto, e produção industrial cai pelo terceiro mês consecutivo

Indicadores confirmam debilidade dos EUA

DA REDAÇÃO

Uma série de indicadores divulgados ontem deu novos sinais de que a economia norte-americana passa por um "momento de debilidade", como afirmou, nesta semana, o presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan. Mas alguns números, como a recuperação da confiança dos consumidores, ofereceram uma ponta de otimismo aos analistas.
Os preços no atacado tiveram, em outubro, aumento de 1,1%, o maior em quase dois anos, devido ao forte reajuste da gasolina e dos veículos. Também em outubro a produção industrial do país caiu 0,8% -o terceiro mês seguido de queda e a maior desde setembro do ano passado.
Já de acordo com dados relativos a setembro, as vendas do comércio e da indústria dos EUA encolheram 0,5%. No mesmo mês, como reflexo do recuo nas vendas, os estoques das empresas cresceram 0,5%.
O mais positivo dos indicadores divulgados foi o índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan, cuja prévia para este mês atingiu 85 pontos. No mês passado, o índice tinha caído para 80,6 pontos -a pior leitura em nove anos.
A alta de 1,1% no índice dos preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), de acordo com o Departamento do Trabalho, é a maior desde janeiro do ano passado. Em setembro, o aumento tinha sido de apenas 0,1%; em agosto o indicador ficou inalterado.
A inflação ficou bem acima do que previam os analistas, que esperavam aumento em torno de 0,2%. Mas, por outro lado, os números foram bem recebidos, porque indicam que o país não deverá enfrentar um ciclo de estagnação econômica e deflação, e, ao mesmo tempo, não corre o risco de um período de estagflação (fraco nível de atividade e alta acentuada nos preços).
"Não estamos sob a ameaça de estagflação", disse Ken Mayland, presidente da consultoria ClearView Economics. "Penso que os grandes aumentos vistos em outubro -gasolina e automóveis- são reversíveis. Não deverão se repetir neste mês."
Excluindo combustíveis e alimentos, categorias mais voláteis, o "núcleo" inflacionário também registrou alta significativa, de 0,5%, o maior reajuste desde setembro de 1999. Em setembro, a alta tinha sido de apenas 0,1%.
"De maneira geral, os indicadores são bons para o mercado", disse Todd Clark, diretor para investimentos em ações da Wells Fargo Securities. "Os consumidores têm sido o ponto mais resistente da economia e não desapontarão no Natal."

Indústria sente
A produção industrial norte-americana, que já vinha registrando resultados fracos nos últimos três meses, recuou de maneira mais abrupta do que previam os economistas de Wall Street. Mais uma vez, como na recessão do ano passado, o setor é o mais frágil da economia dos EUA.
Segundo o Federal Reserve (banco central norte-americano), a produção de fábricas, minas e usinas encolheu 0,8% no mês passado. Foi o terceiro mês de queda -em setembro, o indicador tinha caído 0,2%- e o tamanho do tombo foi o maior desde setembro do ano passado.
"O severo declínio na produção industrial confirma que o setor manufatureiro está escorregando para trás e está perigosamente perto de uma nova recessão", afirmou Daniel Meckstroth, economista-chefe da organização de estudos Manufacturers Alliance.


Com agências internacionais


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