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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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REUNIÃO DE MIAMI

Empresas como GM, Pepsi e FedEx contribuem com US$ 1,6 mi

Múltis americanas bancam a organização do encontro

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Os diplomatas e líderes governamentais que negociarão durante o encontro ministerial da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), em Miami, terão como patrocinadores algumas das maiores empresas dos EUA. General Motors, Pepsi e FedEx, entre outras, contribuíram financeiramente para a organização.
Com contribuição de US$ 250 mil, a GM é a maior doadora. Em seguida estão Pepsi e FedEx, que doaram US$ 150 mil cada uma. Na lista, que foi divulgada pelo Miami-Dade County (governo do condado de Miami) a pedido do jornal "Miami Herrald", ainda figuram nomes de empresas do setor de telefonia, como a Verizon e a Bell South.
Ao todo, 49 companhias doaram US$ 1,6 milhão para a organização dos eventos que acontecem ao longo desta semana. O setor público (que abrange contribuições do Estado da Flórida e da Prefeitura de Miami, entre outros) participou com aproximadamente US$ 1,5 milhão.
Em comum entre as empresas, o discurso de apoio ao livre comércio. "A General Motors tem todo o interesse em promover o livre comércio, especialmente nas Américas. Esse é um instrumento importante para o crescimento da região. Essa é uma conferência-chave. A GM quer ser parte dela", disse à Folha Gus Buenz, diretor de Comunicação para América Latina, África e Oriente Médio.
Quanto às expectativas de possibilidade de aumento de lucros caso a Alca seja implementada, Buenz se esquivou. "Não temos expectativas específicas. Achamos que é importante abrir o diálogo sobre comércio na região."
A Pepsi também afirma que o apoio ao evento reflete uma política já antiga da empresa. "Sempre apoiamos o livre comércio", diz Larry Jabbonsky, porta-voz da empresa. Segundo Jabbonsky, essa é a primeira vez que a Pepsi apóia o encontro da cúpula ministerial. "Isso reflete o nosso apoio aos esforços de Miami para organizar esse evento", diz.
Miami é uma das candidatas a abrigar a futura sede da Alca. Atlanta, quartel-general da Coca-Cola, é outra candidata.
O porta-voz da Pepsi, porém, não quis comentar se a doação para o evento em Miami está relacionada com um apoio formal da Pepsi à candidatura da cidade.
A FedEx, por meio da sua assessoria de imprensa, informou que a doação tem como objetivo ajudar a cidade de Miami. Michael Murkowski, vice-presidente da divisão latino-americana foi mais enfático: "O que é bom para o comércio global é bom para a FedEx. A mensagem é simples", declarou para o "Miami Herrald".
Além do encontro ministerial, um fórum de negócios sobre a Alca também está na programação de eventos. As empresas dizem que as doações servirão para ajudar as custear os dois encontros.

Serviços
Quase metade das empresas doadoras pertence ao setor de serviços. A abertura desse segmento é uma das principais frentes de batalha do lado norte-americano.
Entre as companhias de serviços que fizeram contribuições para a organização, o perfil dos doadores se estende de transportes a telecomunicações, passando por serviços legais.
Segundo Amâncio Oliveira, da Perspectiva Consultoria, os segmentos de telecomunicações e serviços financeiros são os que despertam o maior interesse comercial dos americanos.
"O Brasil já tem um setor de serviços bastante aberto, mas ainda é defensivo na questão de serviços transfronteiriços", afirmou.
Oliveira explica essa modalidade de serviço permitiria, por exemplo, a comercialização de seguros de previdência sem que a empresa estrangeira tivesse ao menos um escritório de representação no Brasil.
"A preocupação [do lado brasileiro] é que essas negociações não gerariam emprego no país", concluiu o analista.


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