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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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ANÁLISE

China alimenta ganho das mineradoras

DEBORAH HARGREAVES
DO "FINANCIAL TIMES"

A china é a nova pontocom. Como em 2000, quando bastava mencionar um novo empreendimento na internet para que houvesse uma alta imediata nas ações, qualquer referência a negócios com a China parece ter o mesmo efeito, agora. Observem o clima de faroeste que varre as empresas mineradoras britânicas.
O entusiasmo dos investidores pelas empresas de recursos naturais fez com que as ações do setor de mineração superassem a recuperação do mercado. A Antofagasta, uma mineradora de cobre chilena cotada na Bolsa de Londres teve alta de 60% de junho para cá. UK Coal, Xstrata, BHP Billiton e Lonmin, todas se beneficiaram da corrida às empresas que controlam recursos naturais e do boom nos preços das commodities, com alta de mais de 40% nos preços de suas ações.
A euforia lembra a bolha do setor de tecnologia, há três anos. Muitos dos empresários envolvidos no boom da internet estão agora à procura de novos empreendimentos minerais.
Jim Slater, proeminente investidor britânico, recentemente colocou na Bolsa de Londres as ações da Galahad Gold. Brian Gilbertson, ex-presidente da BHP Billiton, agora comanda a Vedanta Resources, um grupo de comércio de metais sediado na Índia.
O aumento nos preços das commodities este ano foi dramático. Os metais básicos e preciosos subiram aos seus pontos mais altos em muitos anos, dada a recuperação na produção industrial mundial e o aumento na demanda chinesa. Mas até que ponto isso reflete um aumento real do consumo ou uma subida especulativa de preços é assunto para debate.
Os fundos de hedge e os especuladores começaram a investir em commodities nos últimos meses, e isso ampliou alguns dos movimentos de preços. Os mercados de commodities são pequenos, em comparação com os que operam instrumentos financeiros, e movimentos de fundos na direção deles podem ter efeito desproporcional sobre os preços.
O cobre, que atingiu seu ponto mais elevado em seis anos, vem sendo estimulado por atividades especulativas. Muitas mineradoras dizem que o aumento acentuado nos preços do metal não se reflete em encomendas mais fortes para o cobre. De fato, a estatal chilena Codelco reteve 200 mil toneladas de suprimentos para liberar no mercado quando os estoques mundiais caírem abaixo das 800 mil toneladas, o que deve impor um limite ao aumento de preços nesse segmento.
Martin Squires, analista de commodities no JP Morgan, aponta para o níquel, que chegou à sua cotação mais alta em 14 anos, como um mercado em que não deve surgir oferta suficiente em tempo para atender à elevação da demanda. São necessários anos para colocar uma nova mina ou usina em funcionamento. O problema para as mineradoras é que, frequentemente, quando a nova capacidade enfim chega ao mercado, a demanda já esfriou.
O consumo chinês vem sendo um fator favorável para as ações das empresas de recursos naturais. Mas é pouco provável que ele continue a crescer ao atual ritmo alucinante sem que isso cause superaquecimento da economia.


Tradução de Paulo Migliacci


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