São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Para empresários e economistas, novas medidas ainda são pontuais

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As propostas para ajuste fiscal e corte de impostos apresentadas pelo Ministério da Fazenda ao presidente Lula estão na direção certa, mas não são suficientes para levar o país a crescer 5% no ano que vem e atrair investimentos, como quer o governo. Essa é a avaliação de representantes de indústrias e economistas sobre o pacote -que inclui redução gradual da CPMF e isenção de PIS e Cofins para compra de máquinas- em estudo.
Com as medidas propostas, o governo pretende criar condições para que a economia brasileira cresça 5% em 2007. Entre essas medidas, destacam-se também a cobrança da contribuição patronal para o INSS sobre o faturamento das empresas (e não mais sobre os salários pagos) e a extensão a mais empresas da suspensão do PIS e da Confins para quem exporta.
"Somos a favor de qualquer medida que reduza impostos. Mas não quer dizer que essas medidas e outras pontuais vão dar enormes condições de investimento ao país", diz Humberto Barbato, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para Newton de Mello, presidente da Abimaq, associação da indústria de máquinas, o pacote é bem-vindo, pois o país possui uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. "Mas não é suficiente. A indústria brasileira está perdendo competitividade devido à valorização do real. O país precisa de medidas que inibam a entrada de capital especulativo."
João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon SP, diz que as medidas "vão numa boa direção, mas são muito tímidas e precisam ser ampliadas".
Para que o país cresça mais, na sua avaliação, a taxa de investimento sobre o PIB (Produto Interno Bruto) tem de estar ao redor de 25%, não de 19,9%, como a do ano passado.

Estrutura tributária
O Brasil, na opinião de David Kupfer, coordenador do Grupo de Indústria do Instituto de Economia da UFRJ, precisa de uma reforma tributária completa para ter reflexo nos investimentos, na produção e no emprego. "O país precisa ter uma estrutura tributária diferente da atual, baseada mais no valor agregado e menos na folha de salários dos empregados."
Para ele, reduções pontuais de impostos são paliativas, trabalham na margem no problema. "Medidas pontuais podem ter impacto de décimos na atividade econômica. Se o país ia crescer 4%, pode crescer 4,1%."
Roberto Padovani, sócio-diretor da consultoria Tendências, diz que medidas pontuais têm pouco efeito no cenário econômico. "Não vou mudar projeção de crescimento do país em 2007 por conta dessas medidas." Para o Brasil crescer mais, na sua avaliação, o governo deve reduzir a taxa de juros, ter regras claras para os investimentos de longo prazo e fazer ampla reforma tributária.


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