São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Fed não descarta retomar aumento do juro nos EUA

Banco central americano vê inflação como maior ponto de preocupação futura

Temor de alta nos preços é maior do que com possível desaceleração da atividade, sinaliza o Fed na ata da última reunião, em outubro

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) sinalizou na ata da última reunião a possibilidade de novas altas dos juros americanos, hoje em 5,25% ao ano, no início de 2007. No documento, divulgado ontem, a instituição diz que a inflação, mais do que os riscos de brusco desaquecimento da economia, ainda é a maior preocupação.
Após um ciclo de dois anos de aumentos consecutivos, o Fed iniciou um pausa, mantida desde agosto.
"Todos os membros concordaram que os riscos para atingir a redução antecipada da inflação continua sendo a principal preocupação", disse o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, em inglês) na ata da reunião.
"Um estreitamento monetário extra é possível", acrescenta o documento. Por "estreitamento extra", leia-se novos aumentos.
Ao longo do documento, os diretores do Fed dizem estar preocupados com a expectativa de que a inflação possa ganhar força se o núcleo dos preços -que exclui itens voláteis, como alimentos e energia- se mantiver elevado por um longo período.
"Os membros observaram que um número significativo de dados seria publicado antes da próxima reunião, em dezembro, dando ao comitê uma ampla oportunidade para refinar sua avaliação das perspectivas econômicas antes de julgar sobre a necessidade de qualquer ajuste adicional para enfrentar esses riscos", afirma o documento.
Economistas esperam que os índices de inflação, sobretudo o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), registrem retração em outubro. No mês anterior, houve deflação de 0,5%, e o núcleo do índice subiu 0,2%.
A ata aponta que a desaceleração da atividade econômica pode frear o aumento de preços. Índices de outubro divulgados até agora mostram a inflação meio ponto percentual acima do que o presidente do Fed, Ben Bernanke, chama de "zona de preferência".
A maioria dos analistas leu o recado com preocupação.
"A expectativa era a de que esse relatório fosse moderado e apontasse um alívio já nas próximas reuniões", avalia Josh Stiles, do IDEAglobal, agência de análise de investimentos.
A ata refere-se à última reunião do Fed, realizada nos dias 24 e 25 de outubro. Mais uma vez, a decisão não foi unânime. O presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, propôs aumento de 0,25 ponto. O Fed tem 12 distritos regionais.
A reação do mercado acionário norte-americano à ata do Fed foi branda. O índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, subiu só 0,28%, para 12.251,71 pontos, mas bateu seu recorde histórico de fechamento.
A Bolsa eletrônica Nasdaq registrou valorização de 0,5%.
O setor aéreo foi o destaque da Bolsa de Nova York, refletindo a oferta da US Airways para adquirir a Delta Airlines. As ações da US Airways dispararam 13%, seguidas pelos papéis da Continental (9,41%) e da United (7,49%).
O mercado futuro de juros americano fechou ontem apontando a expectativa dos investidores de que o Fed vai manter a taxa básica inalterada até janeiro. E a parcela do mercado que espera por uma redução nos juros básicos americanos em março recuou de 40% na terça-feira para cerca de 15% ontem.
Na Europa, o destaque ficou com a Bolsa de Madri, que alcançou ontem novo patamar recorde. A alta de 0,43% registrada pela Bolsa foi impulsionada pelas ações da Telefónica, que ganharam 0,71%.


Colaborou a Reportagem Local


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