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Fed não descarta retomar aumento do juro nos EUA
Banco central americano vê inflação como maior ponto de preocupação futura
Temor de alta nos preços é maior do que com possível desaceleração da atividade, sinaliza o Fed na ata da última reunião, em outubro
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos EUA) sinalizou na ata da última reunião a
possibilidade de novas altas dos
juros americanos, hoje em
5,25% ao ano, no início de
2007. No documento, divulgado ontem, a instituição diz que
a inflação, mais do que os riscos
de brusco desaquecimento da
economia, ainda é a maior
preocupação.
Após um ciclo de dois anos de
aumentos consecutivos, o Fed
iniciou um pausa, mantida desde agosto.
"Todos os membros concordaram que os riscos para atingir a redução antecipada da inflação continua sendo a principal preocupação", disse o Fomc
(Comitê Federal de Mercado
Aberto, em inglês) na ata da
reunião.
"Um estreitamento monetário extra é possível", acrescenta
o documento. Por "estreitamento extra", leia-se novos aumentos.
Ao longo do documento, os
diretores do Fed dizem estar
preocupados com a expectativa
de que a inflação possa ganhar
força se o núcleo dos preços
-que exclui itens voláteis, como alimentos e energia- se
mantiver elevado por um longo
período.
"Os membros observaram
que um número significativo
de dados seria publicado antes
da próxima reunião, em dezembro, dando ao comitê uma
ampla oportunidade para refinar sua avaliação das perspectivas econômicas antes de julgar
sobre a necessidade de qualquer ajuste adicional para enfrentar esses riscos", afirma o
documento.
Economistas esperam que os
índices de inflação, sobretudo o
CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), registrem retração em outubro.
No mês anterior, houve deflação de 0,5%, e o núcleo do índice subiu 0,2%.
A ata aponta que a desaceleração da atividade econômica
pode frear o aumento de preços. Índices de outubro divulgados até agora mostram a inflação meio ponto percentual
acima do que o presidente do
Fed, Ben Bernanke, chama de
"zona de preferência".
A maioria dos analistas leu o
recado com preocupação.
"A expectativa era a de que
esse relatório fosse moderado e
apontasse um alívio já nas próximas reuniões", avalia Josh
Stiles, do IDEAglobal, agência
de análise de investimentos.
A ata refere-se à última reunião do Fed, realizada nos dias
24 e 25 de outubro. Mais uma
vez, a decisão não foi unânime.
O presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, propôs
aumento de 0,25 ponto. O Fed
tem 12 distritos regionais.
A reação do mercado acionário norte-americano à ata do
Fed foi branda. O índice Dow
Jones, o mais importante da
Bolsa de Nova York, subiu só
0,28%, para 12.251,71 pontos,
mas bateu seu recorde histórico de fechamento.
A Bolsa eletrônica Nasdaq
registrou valorização de 0,5%.
O setor aéreo foi o destaque
da Bolsa de Nova York, refletindo a oferta da US Airways para
adquirir a Delta Airlines. As
ações da US Airways dispararam 13%, seguidas pelos papéis
da Continental (9,41%) e da
United (7,49%).
O mercado futuro de juros
americano fechou ontem apontando a expectativa dos investidores de que o Fed vai manter a
taxa básica inalterada até janeiro. E a parcela do mercado que
espera por uma redução nos juros básicos americanos em
março recuou de 40% na terça-feira para cerca de 15% ontem.
Na Europa, o destaque ficou
com a Bolsa de Madri, que alcançou ontem novo patamar
recorde. A alta de 0,43% registrada pela Bolsa foi impulsionada pelas ações da Telefónica,
que ganharam 0,71%.
Colaborou a Reportagem Local
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