São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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Copom deverá subir na quarta as taxas de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Analistas de mercado apontam a expectativa de alta da inflação em 2003 como sendo a principal justificativa para que o Banco Central eleve os juros básicos da economia, hoje em 22% ao ano, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) desta semana.
A taxa Selic pode subir para até 25% ao ano, mas o mais provável, segundo pesquisa divulgada pela Reuters na sexta-feira passada, é que os juros subam para 24% ao ano. A decisão sai na próxima quarta-feira depois da reunião do Copom.
O único problema é que nem mesmo o mercado se entende sobre as projeções de inflação em 2003. Há quem aposte numa alta de 18% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no ano que vem. No lado oposto, outros falam em 4,65%.
Esses dois extremos foram captados nas consultas diárias que o BC faz a um grupo de cem bancos e empresas de consultoria. Nessas pesquisas, são levantadas as principais projeções do mercado em relação a vários aspectos da economia, como inflação, crescimento econômico e taxa de câmbio, entre outros.
O levantamento feito pelo BC mostra que, na média, o mercado espera uma inflação de 10,59% em 2003. O que acontece, porém, é que a incerteza em relação ao que vai acontecer com a economia brasileira no ano que vem é tão grande que as projeções são as mais diversas.

Metas
Isso mostra também que as metas de inflação fixadas pelo governo têm pouca eficácia como parâmetro para as expectativas do mercado, como era a intenção da equipe econômica ao adotar esse sistema, em 1999. Para 2003, a meta é de 4%, com margem de tolerância de 2,5 pontos.
Na última reunião do Copom, o BC disse que elevou os juros de 21% para 22% devido ao "aumento da expectativa de inflação para 2003". Informou ainda que, embora não seja o único, a pesquisa feita entre bancos e consultorias é "um parâmetro relevante" para se quantificar essas expectativas.
A idéia é que, ao elevar os juros, o BC dá uma sinalização ao mercado de que está atento ao avanço da inflação. Se bem sucedida, a medida faz com que as pessoas fiquem mais confiantes na estabilidade dos preços, o que, por si só, já colabora para frear o processo inflacionário.
Por outro lado, sempre há o risco de basear a decisão sobre taxas de juros em projeções de inflação que não são totalmente corretas.


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