|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Controladora ameaça ir à Justiça
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Embora não acredite numa intervenção do governo na Varig, a
Fundação Rubem Berta, controladora da companhia aérea, avalia
que, se ela for decretada, o caminho será ir à Justiça para manter o
comando da empresa. A própria
direção da FRB, que é composta
por um grupo de funcionários da
Varig, admite perder o controle
da Varig com o processo de capitalização da companhia que está
sendo conduzido pelo governo.
O que a FRB quer, no entanto, é
evitar que sua saída ocorra a qualquer preço, ainda mais após a decisão do STJ (Superior Tribunal
de Justiça), que reconheceu que a
Varig tem direito a uma indenização da União, estimada em R$ 2,5
bilhões como compensação pelo
controle de tarifas de 1985 a 1992.
Internamente, a FRB acredita que
dificilmente a decisão será revertida, pois a falida Transbrasil ganhou ação similar. A FRB, que detém 87% do controle da Varig,
avalia internamente que a decisão
do tribunal a fortalece na negociação com o governo, já que os recursos serão utilizados para quitar dívidas. Assim, melhorará a
saúde financeira da companhia e
ganhará poder de barganha.
A Varig tem patrimônio líquido
negativo de cerca de R$ 7 bilhões.
A empresa já definiu que usará o
dinheiro da ação para reduzir seu
passivo, o que permitiria uma posição acionária da FRB maior na
companhia que será constituída a
partir dos ativos da Varig.
Como alternativa para a crise, o
governo quer novos controladores para a companhia aérea que
herdará os ativos da Varig -entre eles, as concorrentes TAM e
Gol. A própria FRB reconhece
que a empresa precisa de investidores para se capitalizar, mas
acredita que sua participação tenha algum valor.
Na visão da FRB, a intervenção é
desnecessária, já que a Varig conseguiu repactuar boa parte de
suas dívidas. Oficialmente, a Varig diz que sua dívida é da ordem
de US$ 1,8 bilhão. Desse total,
56% são devidos à administração
direta da União.
O débito foi renegociado por
meio do Paes (Parcelamento Especial) -programa de recuperação de créditos do governo federal, o chamado Refis 2. As parcelas da dívida, diz a companhia, estão sendo pagas em 18 anos.
Os outros cerca de US$ 800 bilhões são dívidas principalmente
com três estatais federais: Infraero, Petrobras Distribuidora e Banco do Brasil. Essa parte do débito
também foi renegociada, mas por
um período menor -de cinco a
dez anos.
Texto Anterior: Crise no ar: Decisão sobre Varig não sai agora, diz Alencar Próximo Texto: Infraero decide entrar com ação para cobrar dívida Índice
|