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CRISE NO AR
Vice-presidente afirma que outras propostas para empresa estão em análise e que solução só deve ser definida no próximo ano
Decisão sobre Varig não sai agora, diz Alencar
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de a Infraero
anunciar que haveria intervenção
do governo na Varig até amanhã,
o vice-presidente e ministro da
Defesa, José Alencar, afirmou que
a solução para a crise da maior
companhia aérea do Brasil ficará
para o próximo ano.
Apesar de confirmar a existência de um medida provisória que
prevê uma intervenção na empresa e possibilita a sua liquidação
extrajudicial, Alencar indicou que
ainda não foi tomada nenhuma
decisão sobre o assunto e disse
que examinará uma nova proposta para salvar a empresa, sugerida
pelo deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS).
"Eu acredito que não, porque
hoje [ontem] é dia 15 e temos
pouco tempo. O período entre o
Natal e o ano bom é difícil de se fazer alguma coisa", disse o vice-presidente, sobre a possibilidade
de uma solução para Varig este
ano. "Saíram notícias de intervenção depois de amanhã [amanhã].
Não existe nada disso", afirmou.
Ontem, após se reunir com parlamentares para um café da manhã, Alencar ligou para o presidente da Varig, Luiz Martins, para
pedir estudos sobre a proposta
apresentada por Albuquerque.
A proposta não tem nenhuma
semelhança com a medida provisória que já está preparada e prevê
um Raetac (Regime de Administração Especial Temporária da
Aviação Civil), espécie de intervenção, na Varig.
"A proposta dele [Albuquerque] é que a própria empresa resolva o problema dentro de uma
solução empresarial e de mercado", disse Alencar. A sugestão
prevê que os credores da empresa
transformem seus direitos em
ações da Varig.
Na prática, isso significaria,
num primeiro momento, a estatização da empresa, pois os principais credores são a Receita, a Previdência e empresas públicas (Infraero e Banco do Brasil e BR Distribuidora). "O Estado pode colocar suas ações no mercado", afirmou Alencar, ao ser questionado
sobre o resultado da proposta
apresentado pelo deputado.
Sobre a medida provisória que
está na mesa do governo, Alencar
foi lacônico: "Não existe MP. MP
só existe se for assinada e mandada ao Congresso Nacional". Apesar dessa declaração, ele confirmou que o governo já elaborou
uma MP.
Com relação a essa medida, a
principal preocupação da bancada gaúcha, que se reuniu ontem
com o vice-presidente, é a possibilidade de liquidação extrajudicial da Varig durante o processo
de intervenção - o Raetac.
"Queremos um compromisso
político", disse a deputada federal, Yeda Crusius (PSDB-RS), ao
sair do encontro. O compromisso, a que ela se refere, é o esforço
para evitar a liquidação da Varig.
Crusius não se opõe à intervenção, desde que ela não seja automática e que o governo lance um
programa de reestruturação geral
para o setor, que permita um encontro de contas entre os débitos
que as empresas tem a receber do
governo e suas dívidas. A intervenção só aconteceria se a empresa não promovesse por si mesma
uma reestruturação financeira e
gerencial. No caso de haver a necessidade de intervenção, a proposta de Crusius e a MP do governo são muito parecidas - permitem a intervenção por meio de
um administrador designado pelo governo, autorizam o BNDES a
emprestar dinheiro, em caráter
excepcional, para garantir a compra de ativos necessários para a
continuidade da operação da empresa e liberam a emissão de títulos do Tesouro para garantir as
operações do BNDES.
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