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EUA
Para críticos, encontro governo-executivos deveria priorizar déficit e dólar, não reforma previdenciária
"Cúpula" econômica de Bush é criticada
FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON
O governo do presidente americano, George W. Bush, deu início
ontem a uma "cúpula" de dois
dias com uma dócil platéia formada por representantes de setores
econômicos e analistas. O objetivo é fazer uma demonstração de
força e consolidar apoio para a difícil agenda econômica do segundo mandato, que tem priorizado a
reforma da seguridade social
(Previdência).
Bush vem propondo uma privatização parcial do sistema previdenciário. A idéia é que o contribuinte tenha contas pessoais pelas
quais possa, entre outros investimentos, comprar títulos do Tesouro norte-americano. O governo planeja usar o dinheiro arrecadado com a venda dos títulos para
pagar parte dos benefícios aos
aposentados.
"Hoje, a Previdência não é um
plano de poupança individual.
Não existe uma conta para onde o
seu dinheiro vai e tenha rendimento. Os benefícios pagos hoje
aos aposentados vêm diretamente dos impostos pagos pelos
atuais trabalhadores. E a cada ano
há mais aposentados tirando dinheiro do sistema, e não há trabalhadores adicionais para sustentá-los", disse o presidente americano na semana passada, em seu
programa de rádio.
A privatização parcial, no entanto, enfrenta forte resistência
no Congresso, mesmo entre os republicanos. Bush se encontrou
com líderes no Congresso do seu
partido e dos democratas, mas
não foi fechado nenhum acordo.
"Alguns senadores republicanos deixaram bem claro à Casa
Branca que não querem votar a
favor da reforma da Previdência,
que também sofre oposição dos
democratas e do importante
lobby dos aposentados", disse
David Wessel, vice-chefe do escritório do "Wall Street Journal" em
Washington, em entrevista anteontem à rádio NPR.
Mesmo em Wall Street, de onde
Bush espera assegurar o apoio durante a cúpula desta semana, há
dúvidas sobre a proposta. Apesar
de prever mais dinheiro no mercado financeiro, analistas vêem o
risco do aumento da dívida do governo com a emissão excessiva de
papéis do Tesouro.
O foco do encontro na Previdência e o pouco destaque a outros temas têm sido criticados. Para o analista Mark Weisbrot, do
Cepr (sigla em inglês para Centro
de Pesquisa Econômica e Política), questões mais urgentes, como
o aumento vertiginoso do déficit
público e a desvalorização do dólar, foram deixados de lado.
"Os EUA devem conseguir uma
desvalorização cadenciada do dólar, coordenada com outros países, como fizemos entre 1985 e
1987? Essa questão não aparece na
agenda da cúpula."
Intitulado "Conferência da Casa
Branca sobre a Economia", o encontro terá seis painéis e cerca de
30 conferencistas, entre eles John
Lipsky, economista-chefe do banco JP Morgan Chase, e Richard D.
Parsons, presidente da Time
Warner, o maior conglomerado
de mídia do mundo. Bush assistirá à maioria dos painéis, mas deve
falar apenas hoje à tarde, no encerramento do encontro.
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