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Acionistas vetam mudança na Telemar
Investidores estrangeiros foram fundamentais para barrar reestruturação societária em assembléia da empresa
Com a reforma cancelada, Telemar estuda compra de novos ativos, entre eles a TIM Brasil, já disputada pela Telmex e a Brasil Telecom
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Os investidores estrangeiros
rejeitaram ontem a proposta de
mudança societária apresentada pelos acionistas controladores da Telemar. Diante do resultado da assembléia de acionistas, o presidente da companhia, Luiz Eduardo Falco, disse
que a Telemar volta a analisar a
compra de novos ativos, inclusive a TIM Brasil.
Indagado se a compra da
TIM Brasil, em parceria com a
Brasil Telecom, estaria entre as
opções de compra a serem examinadas, respondeu: ""Qualquer ativo". A TIM está sendo
disputada, segundo informações do mercado, pelo grupo
mexicano Telmex e pela Brasil
Telecom. Segundo Falco, a
reestruturação rejeitada ontem
incluía o compromisso de pagamento de dividendos anuais de
R$ 3 bilhões aos acionistas, o
que deixa de existir. ""Passamos
a ter opção de fazer compras
[de empresas] em dinheiro.
Coisa que não tínhamos."
As ações da Telemar caíram
ontem na Bovespa após a assembléia.
Falco admitiu estar frustrado
com a rejeição, mas disse que a
assembléia -a primeira no país
em que só os preferencialistas
votaram- foi um sucesso e citou trecho de ""Emoções", de
Roberto Carlos, para expressar
seu estado de espírito: "Se chorei ou se sorri, o importante é
que emoções eu vivi".
Falco reafirmou que a estratégia da Telemar é ser a plataforma nacional de telecomunicações, para concorrer com os
dois grupos estrangeiros que já
consolidaram presença no país,
dentro do cenário previsto de
concentração do setor: a Telmex, do México (dona da Claro
e da Embratel e sócia da Net), e
a espanhola Telefónica.
Ele disse que, se a reestruturação tivesse sido aprovada, a
incorporação de novos ativos se
daria de forma mais rápida porque a empresa estaria livre para
aumentar seu capital e fundir-se com outras empresas por
meio de troca de ações.
A derrota dos controladores
na assembléia surpreendeu
não só a direção da empresa como aos próprios investidores
presentes na assembléia.
Antes da assembléia de ontem, a empresa tinha feito outras duas tentativas de votar a
reforma, mas as assembléias
não se realizaram por falta de
quórum. Nas duas primeiras foi
exigida presença mínima de
50% dos titulares de ações preferenciais. Na terceira tentativa, a CVM autorizou só 25%.
A primeira surpresa, na assembléia de ontem, foi o comparecimento de representantes
de 65,9% das ações preferenciais e de 67,6% das ordinárias.
Na primeira assembléia, haviam comparecido apenas 29%.
Na segunda, 35%.
Alguns investidores interpretaram que os acionistas
controladores esvaziaram as
duas primeiras assembléias,
apostando que ganhariam com
a redução do quórum.
Por ordem judicial, os acionistas tiveram de se identificar
nas cédulas de votação, mas a
Telemar não revelou quem votou contra. Admitiu, no entanto, que o veto foi decidido por
investidores institucionais estrangeiros, que consideram a
proposta prejudicial. O resultado da votação -36,94% dos
preferencialistas contra,
28,94% a favor (o resto não
compareceu)- surpreendeu
representantes de fundos estrangeiros que eram contra a
proposta: o Brandes (EUA) e o
Genesis, do Reino Unido.
Pela proposta, as ações preferenciais seriam convertidas em
ações com direito a voto, na
proporção de 2,6 para 1. Segundo Marcos Duarte, diretor da
Polo Capital, a posição dos preferencialistas sobre o capital
total cairia de 60% para 40%, e
eles perderiam R$ 7 bilhões.
Para o presidente da Telemar,
as ações iriam se valorizar com
a reestruturação, e os acionistas acabariam beneficiados a
médio prazo.
Segundo Luis Falco, os acionistas controladores da Telemar (BNDES, AG Telecom, La
Fonte, GP Investimentos, fundos de pensão e seguradoras)
não farão outra proposta de reforma societária. Segundo ele,
os acionistas consideram ter
feito a melhor oferta possível.
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