São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Decisão favorece acionista minoritário da Telemar

Investidor que apostou na reestruturação e comprou ações ON teve perda de 21,5%

Relação de troca de ações proposta por controladores beneficiaria acionistas que têm papéis com direito a voto da empresa de telefonia


SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão da assembléia de ontem da Telemar, segundo analistas, é uma vitória dos preferencialistas - investidores que detêm ações PN da empresa, aquelas sem direito a voto.
Perdem os investidores que apostaram na reorganização acionária e compraram ações ordinárias (ON), com direito a voto. Ontem elas caíram 21,5%. Já as PN tiveram queda de apenas 5,35%.
A maior parte do ajuste nos preços dos papéis da Telemar foi feita ontem, segundo Jacqueline Lison, analista da corretora Fator Doria. "Agora, as ações devem voltar ao patamar de abril, quando foi anunciada a reestruturação", diz.
Na época, as ações ON eram negociadas a R$ 53 e ontem, antes da assembléia, bateram na máxima de R$ 76, fechando a R$ 57,80. Alex Pardellas, analista da corretora do Banco Real, diz que, se a reorganização fosse aprovada, o papel poderia chegar a R$ 110. As PN, que em abril eram cotadas em torno de R$ 37, caíram abaixo dos R$ 30 nos últimos meses e ontem fecharam em R$ 31.
Com a decisão da assembléia, tudo volta ao ponto de partida. Caso a proposta de reorganização acionária fosse aprovada, os preferencialistas teriam a sua participação diluída na nova estrutura, que previa a existência de apenas um papel em Bolsa, que levaria o nome de Oi Participações.
A Telemar tem hoje seis tipos de ação no mercado, e a proposta dos controladores era reuni-las numa só e ingressar no Novo Mercado da Bovespa, segmento onde apenas ações ordinárias de empresas comprometidas com práticas de boa governança corporativa são negociadas.
Para isso, cada ação ordinária (ON), as que têm direito a voto, valeria 2,6 vezes uma preferencial (PN). Essa relação de troca favorecia os controladores da empresa, que poderiam se desfazer de seus papéis por um preço superior ao que conseguiriam se vendessem o controle da Telemar a outra empresa, diretamente.
Pardellas,da corretora do Banco Real, diz que, "se a operação fosse aprovada, abriria espaço para outras empresas que desejam ir para o Novo Mercado usar essa mesma relação de troca". Para alguns analistas, porém, a decisão da assembléia teve seu lado negativo. "O ruim de não sair a operação da Telemar é o fato de que a empresa não irá mais ao Novo Mercado. Se isso ocorresse, seria bom para o setor, que não tem nenhuma empresa nesse segmento da Bovespa ", afirma Lison, da Fator Doria.
Além disso, os investidores deixarão de contar com uma política de dividendos previamente conhecida -prevista na reorganização. Seriam distribuídos aos acionistas R$ 3 bilhões em dividendos neste ano e em 2007. A partir de 2008, os dividendos corresponderiam a 80% do fluxo de caixa livre (cerca de R$ 1,8 bilhão).


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