São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Amorim diz que o Mercosul terá mais um sócio, a Bolívia

Chanceler brasileiro afirma que país de Evo Morales será o sexto membro pleno, mas adesão não tem data definida

Itamaraty avalia que adesão dará mais envergadura ao processo de integração sul-americana, mas admite mais assimetrias no bloco


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, anunciou ontem que a Bolívia vai seguir a decisão da Venezuela e virar membro pleno do Mercosul. Ou seja, vai integrar a união aduaneira do bloco e adotar a TEC (Tarifa Externa Comum).
"O presidente Evo Morales manifestou o desejo de ser membro pleno do Mercosul", disse Amorim na entrevista de encerramento da reunião do Conselho do Mercado Comum.
Segundo ele, os chanceleres de todos os países do bloco (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) concordaram em aceitar o novo sócio.
A adesão ainda não tem prazo para acontecer. Não há previsão nem mesmo para a conclusão do processo de adesão da Venezuela, que formalizou seu novo status no bloco em julho, mas havia anunciado a intenção formal de entrar para o bloco em dezembro de 2005.
Neste ano, durante o auge da crise da Bolívia com a Petrobras, Amorim disse várias vezes que gostaria que o país integrasse o bloco, mas Morales negou que tivesse intenção de avançar no processo de integração. Hoje, a Bolívia é um membro associado do bloco.
Um membro associado assina acordos políticos e possui tarifas de comércio reduzidas com o bloco, que podem chegar a zero. É o caso de Chile, Bolívia, Equador e Peru. Um membro pleno tem de aderir à TEC -adotar as mesmas tarifas de comércio para fora do bloco.
Segundo Amorim, Morales manifestou sua mudança de planos no encontro de cúpula da Casa (Comunidade Sul-Americana das Nações), em Cochabamba, na Bolívia, na semana passada.

Mais corpo e problemas
O Itamaraty avalia que a adesão da Bolívia dá mais envergadura ao processo de integração sul-americana, embora admita que isso aprofundará ainda mais as assimetrias do bloco, ou seja, as grandes diferenças econômicas entre os sócios.
Essas assimetrias provocaram fortes discussões e divergências entre os ministros durante a reunião de ontem. "Foi o debate mais profundo do Mercosul de que já participei", disse Amorim.
Os chanceleres brasileiro e argentino, Jorge Taiana, defenderam a manutenção da união aduaneira. Já o ministro de Economia do Uruguai, Danilo Astori, reivindicou tratamento especial para o Uruguai e mais flexibilidade nas regras.
Ao final da reunião, Astori acusou o Brasil de omisso em uma das maiores crises do Mercosul: a disputa entre o Uruguai e a Argentina por causa da instalação de fábricas de papel na fronteira. "O governo brasileiro lavou as mãos. Passou seis meses na presidência do Mercosul e não moveu um dedo para resolver isso", disse.
O governo brasileiro alega que a contenda é um problema entre Argentina e Uruguai e só intervirá se os dois países pedirem, mas a Argentina não quer.
O Brasil ofereceu flexibilizar duas regras do Mercosul para reduzir as desigualdades. O país vai reduzir de 60% para 30% o conteúdo regional dos produtos que circulam com tarifa zero dentro do bloco, o que significa que os produtos do Uruguai poderão ter 70% de insumos de fora do bloco.


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