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Amorim diz que o Mercosul terá mais um sócio, a Bolívia
Chanceler brasileiro afirma que país de Evo Morales será o sexto membro pleno, mas adesão não tem data definida
Itamaraty avalia que adesão dará mais envergadura ao processo de integração
sul-americana, mas admite mais assimetrias no bloco
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, anunciou ontem que a Bolívia vai seguir a decisão da Venezuela e
virar membro pleno do Mercosul. Ou seja, vai integrar a união
aduaneira do bloco e adotar a
TEC (Tarifa Externa Comum).
"O presidente Evo Morales
manifestou o desejo de ser
membro pleno do Mercosul",
disse Amorim na entrevista de
encerramento da reunião do
Conselho do Mercado Comum.
Segundo ele, os chanceleres
de todos os países do bloco (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) concordaram
em aceitar o novo sócio.
A adesão ainda não tem prazo para acontecer. Não há previsão nem mesmo para a conclusão do processo de adesão
da Venezuela, que formalizou
seu novo status no bloco em julho, mas havia anunciado a intenção formal de entrar para o
bloco em dezembro de 2005.
Neste ano, durante o auge da
crise da Bolívia com a Petrobras, Amorim disse várias vezes
que gostaria que o país integrasse o bloco, mas Morales negou que tivesse intenção de
avançar no processo de integração. Hoje, a Bolívia é um
membro associado do bloco.
Um membro associado assina acordos políticos e possui tarifas de comércio reduzidas
com o bloco, que podem chegar
a zero. É o caso de Chile, Bolívia, Equador e Peru. Um membro pleno tem de aderir à TEC
-adotar as mesmas tarifas de
comércio para fora do bloco.
Segundo Amorim, Morales
manifestou sua mudança de
planos no encontro de cúpula
da Casa (Comunidade Sul-Americana das Nações), em
Cochabamba, na Bolívia, na semana passada.
Mais corpo e problemas
O Itamaraty avalia que a adesão da Bolívia dá mais envergadura ao processo de integração
sul-americana, embora admita
que isso aprofundará ainda
mais as assimetrias do bloco, ou
seja, as grandes diferenças econômicas entre os sócios.
Essas assimetrias provocaram fortes discussões e divergências entre os ministros durante a reunião de ontem. "Foi
o debate mais profundo do
Mercosul de que já participei",
disse Amorim.
Os chanceleres brasileiro e
argentino, Jorge Taiana, defenderam a manutenção da união
aduaneira. Já o ministro de
Economia do Uruguai, Danilo
Astori, reivindicou tratamento
especial para o Uruguai e mais
flexibilidade nas regras.
Ao final da reunião, Astori
acusou o Brasil de omisso em
uma das maiores crises do Mercosul: a disputa entre o Uruguai
e a Argentina por causa da instalação de fábricas de papel na
fronteira. "O governo brasileiro
lavou as mãos. Passou seis meses na presidência do Mercosul
e não moveu um dedo para resolver isso", disse.
O governo brasileiro alega
que a contenda é um problema
entre Argentina e Uruguai e só
intervirá se os dois países pedirem, mas a Argentina não quer.
O Brasil ofereceu flexibilizar
duas regras do Mercosul para
reduzir as desigualdades. O
país vai reduzir de 60% para
30% o conteúdo regional dos
produtos que circulam com tarifa zero dentro do bloco, o que
significa que os produtos do
Uruguai poderão ter 70% de insumos de fora do bloco.
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