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China e EUA não têm avanços em negociação
Rodada com o alto escalão dos governos para discutir temas econômicos acaba com promessas genéricas
DO "NEW YORK TIMES"
Importantes funcionários
dos governos da China e dos
EUA concluíram ontem uma
sessão de dois dias de negociações sobre disputas econômicas, com promessas genéricas
de avanço e o estabelecimento
de diversos grupos de trabalho.
Eles evitaram sinalizar qualquer progresso concreto quanto à mais importante demanda
americana: a de que a China
deixe de manter desvalorizada
a sua moeda como maneira de
promover as exportações.
A despeito da falta de promessas específicas quanto à
questão cambial e outros problemas, Henry Paulson Jr., secretário do Tesouro dos EUA,
declarou que o diálogo econômico estratégico, que envolveu
diversos funcionários de nível
ministerial e o presidente do
Fed (o BC americano), Ben
Bernanke, prepararia o terreno
para futuros progressos.
Paulson afirmou que, como
resultado das conversas, a China tomaria medidas de abertura de sua economia e passaria a
impor com mais rigor os direitos de propriedade intelectual,
bem como adotaria "maior flexibilidade" quanto às taxas de
câmbio. Os EUA disseram que
se esforçariam em ampliar seus
índices de poupança, de modo a
reduzir os montantes que tomam emprestados da China.
Bernanke classificou o iuan
subvalorizado como, "na prática, um subsídio" às exportações
chinesas, ao divulgar antecipadamente o texto de um discurso que proferiria -mas ele não
repetiu a afirmação depois.
Representantes dos EUA
destacaram o fato de que a China havia permitido que a cotação do iuan subisse cerca de
5,8% em relação ao dólar nos
últimos 18 meses, o que pode
ter acontecido como resposta à
pressão norte-americana.
Em longas reuniões conduzidas na sede cerimonial do Legislativo chinês, Paulson comandou um esforço bem coordenado de parte dos norte-americanos para persuadir os
chineses a adotarem reformas
em suas políticas econômicas.
Ainda que funcionários do
governo norte-americano tenham argumentado que um ritmo mais rápido de reforma interessava igualmente à China,
os representantes do governo
chinês rebateram afirmando
que seu país precisa avançar no
ritmo que lhe é mais conveniente, dado o histórico de pobreza, domínio colonial e guerras civis que a China tem.
"Nossa maior esperança",
disse a líder da delegação chinesa, Wu Yi, primeira-ministra-assistente da China, "é permitir que os povos do mundo
saibam que o desenvolvimento
da China representa uma oportunidade, e não uma ameaça,
para o planeta e que ele constitui uma força propulsora por
trás do crescimento mundial".
O discurso de Paulson pedia
"resultados tangíveis" para o
diálogo econômico estratégico.
Os assessores do secretário do
Tesouro disseram que ele estava falando de um cronograma
de dois anos, e não pedindo
mudanças nesta semana.
Wu disse que as reformas
chinesas estavam passando por
aceleração maior do que os espectadores percebiam. Seus colegas mencionaram muitas estatísticas, demonstrando, por
exemplo, que os gastos dos consumidores chineses já estavam
fazendo da China um país mais
dependente dos gastos domésticos do que das exportações,
como fonte de crescimento.
"A reforma e a abertura são
as características mais marcantes da China contemporânea",
disse ela, embora enfatizasse
que a China pretendia manter
"um sistema de economia de
mercado socialista".
Benefícios
Em seu discurso, Bernanke
declarou que um regime de
câmbio livre para o iuan seria
benéfico para o crescimento
econômico chinês e ainda ofereceria mais liberdade de ação
ao banco central chinês.
Ele explicou que, para manter baixo o valor da moeda chinesa, a China precisava adquirir dólares e inundar o país com
moeda local. De acordo com
sua argumentação, porque isso
viria a produzir inflação, as autoridades chinesas optaram
por vender títulos financeiros
aos cidadãos do país como forma de "esterilizar" a economia
contra a inflação gerada pela
oferta excessiva de dinheiro.
Diversos funcionários do governo americano disseram que
a mais dura das palestras foi de
Susan Schwab, a representante
dos EUA para o comércio internacional. Ela apresentou uma
longa lista de queixas, alegando
que a China "enrolava" para
cumprir as obrigações de abrir
sua economia, que assumiu ao
aderir à OMC (Organização
Mundial do Comércio).
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