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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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INVESTIMENTO

Fluxo para esses países foi de US$ 112,5 bi no ano passado, contra uma média de US$ 185 bi nos últimos dez anos

Cai investimento em emergentes em 2002

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início da década de 90, os países emergentes não recebiam um fluxo líquido de investimentos tão baixo quanto em 2002. Foram US$ 112,5 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo IIF (Institute of International Finance). Para 2003, a instituição espera que a cifra aumente para US$ 137,1 bilhões. Esses números ainda estão muito aquém da média de US$ 185 bilhões registrada nos últimos dez anos.
A recuperação esperada para 2003, além de modesta, pode ser abalada por uma série de perigos ainda pendentes.
As principais ameaças à retomada de investimentos nos países emergentes seriam a frustração da recuperação da economia global e uma possível guerra contra o Iraque. Esses acontecimentos fariam com que o nível de aversão dos investidores a risco voltasse a disparar.
A estabilização econômica e política em países latino-americanos que experimentaram crises recentemente, como Argentina, Venezuela e, em menor grau, o Brasil, também é citada como fundamental para que a fuga de investidores não volte a aumentar.
Na verdade, segundo o IIF- instituto sediado em Washington que reúne mais de 300 bancos e instituições financeiras-, o melhor fluxo esperado para este ano se deverá mais ao estancamento da sangria de dinheiro dos países emergentes do que a uma entrada significativa de recursos.
Ainda assim, o montante de US$ 137,1 bilhões de recursos líquidos (resultado de entradas menos saídas) estimado ontem pelo IIF representa uma revisão para baixo. Em setembro do ano passado, o fluxo projetado para 2003 pelo instituto era maior em US$ 12 bilhões.
Segundo Charles Dallara, diretor do IIF, desde 1995, ano em que estourou a crise financeira do México-primeira de uma série que abalou vários países-, é observado um apetite declinante de investidores por mercados emergentes.
A América Latina -que experimentou uma retração de 47% no fluxo de investimentos recebido no ano passado, só perdendo para a África (-59%)- deve atrair mais recursos neste ano. A projeção do IIF é que a região receba recursos líquidos que somarão US$ 35,5 bilhões, cifra 41% superior à registrada em 2002.

PIB
O desempenho econômico dos países emergentes latino-americanos também deve melhorar em 2003. A estimativa do instituto é que o PIB (Produto Interno Bruto) da região cresça 2,4% neste ano, contra uma retração de 1,5% em 2002, puxado principalmente por México e Chile.
Ainda assim, a América Latina "emergente" tende a ser a região com o pior desempenho econômico, perdendo para Ásia (6,3%), África (3,8%) e Europa (3,4%).
O fluxo de investimento estrangeiro direto -responsável por 95% dos recursos líquidos recebidos pelos mercados emergentes em 2002- continuará a representar a principal fonte de recursos para esses países neste ano.
O mercado externo deverá continuar bastante fechado para emissões de bônus de países emergentes, principalmente da América Latina e da África.
Segundo David Gould, economista do IIF responsável pela pesquisa divulgada ontem, ainda deve demorar alguns anos até que o fluxo de emissões de títulos volte aos bons níveis registrados em meados da década passada.


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