|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIMENTO
Fluxo para esses países foi de US$ 112,5 bi no ano passado, contra uma média de US$ 185 bi nos últimos dez anos
Cai investimento em emergentes em 2002
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o início da década de 90,
os países emergentes não recebiam um fluxo líquido de investimentos tão baixo quanto em
2002. Foram US$ 112,5 bilhões, segundo dados divulgados ontem
pelo IIF (Institute of International
Finance). Para 2003, a instituição
espera que a cifra aumente para
US$ 137,1 bilhões. Esses números
ainda estão muito aquém da média de US$ 185 bilhões registrada
nos últimos dez anos.
A recuperação esperada para
2003, além de modesta, pode ser
abalada por uma série de perigos
ainda pendentes.
As principais ameaças à retomada de investimentos nos países
emergentes seriam a frustração
da recuperação da economia global e uma possível guerra contra o
Iraque. Esses acontecimentos fariam com que o nível de aversão
dos investidores a risco voltasse a
disparar.
A estabilização econômica e política em países latino-americanos
que experimentaram crises recentemente, como Argentina, Venezuela e, em menor grau, o Brasil, também é citada como fundamental para que a fuga de investidores não volte a aumentar.
Na verdade, segundo o IIF-
instituto sediado em Washington
que reúne mais de 300 bancos e
instituições financeiras-, o melhor fluxo esperado para este ano
se deverá mais ao estancamento
da sangria de dinheiro dos países
emergentes do que a uma entrada
significativa de recursos.
Ainda assim, o montante de
US$ 137,1 bilhões de recursos líquidos (resultado de entradas
menos saídas) estimado ontem
pelo IIF representa uma revisão
para baixo. Em setembro do ano
passado, o fluxo projetado para
2003 pelo instituto era maior em
US$ 12 bilhões.
Segundo Charles Dallara, diretor do IIF, desde 1995, ano em que
estourou a crise financeira do México-primeira de uma série que
abalou vários países-, é observado um apetite declinante de investidores por mercados emergentes.
A América Latina -que experimentou uma retração de 47% no
fluxo de investimentos recebido
no ano passado, só perdendo para
a África (-59%)- deve atrair
mais recursos neste ano. A projeção do IIF é que a região receba
recursos líquidos que somarão
US$ 35,5 bilhões, cifra 41% superior à registrada em 2002.
PIB
O desempenho econômico dos
países emergentes latino-americanos também deve melhorar em
2003. A estimativa do instituto é
que o PIB (Produto Interno Bruto) da região cresça 2,4% neste
ano, contra uma retração de 1,5%
em 2002, puxado principalmente
por México e Chile.
Ainda assim, a América Latina
"emergente" tende a ser a região
com o pior desempenho econômico, perdendo para Ásia (6,3%),
África (3,8%) e Europa (3,4%).
O fluxo de investimento estrangeiro direto -responsável por
95% dos recursos líquidos recebidos pelos mercados emergentes
em 2002- continuará a representar a principal fonte de recursos para esses países neste ano.
O mercado externo deverá continuar bastante fechado para
emissões de bônus de países
emergentes, principalmente da
América Latina e da África.
Segundo David Gould, economista do IIF responsável pela pesquisa divulgada ontem, ainda deve demorar alguns anos até que o
fluxo de emissões de títulos volte
aos bons níveis registrados em
meados da década passada.
Texto Anterior: Indústria: Vendas do setor caíram 13% em novembro Próximo Texto: BC descarta, por ora, captações no exterior Índice
|