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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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BC descarta, por ora, captações no exterior

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central não pretende recorrer ao mercado internacional agora para tomar novos empréstimos. A diretoria do BC avalia que os juros a serem pagos ainda estão muito elevados, o que não condiz com os fundamentos da economia brasileira, segundo apurou a Folha.
A última vez que o Tesouro Nacional captou recursos no exterior, em operação coordenada pelo BC, foi em abril do ano passado. Desde meados de 2002 que os investidores estrangeiros tornaram-se avessos ao chamado "risco Brasil". Passaram então a cobrar taxas de juros cada vez mais altas para conceder crédito às empresas e ao governo.
O ano de 2003 começa marcado pela volta de bancos e empresas brasileiras ao mercado internacional de capitais. Pelos números registrados até agora, empresas brasileiras já fecharam empréstimos superiores a US$ 1,2 bilhão.
O mês de janeiro está favorável também para governos de mercados emergentes. Nas últimas duas semanas, pelo menos Chile, México e Turquia anunciaram captações expressivas no exterior.
A reabertura dos mercados internacionais para economias em desenvolvimento gerou a expectativa de que o BC, sob o comando de Henrique Meirelles, repetisse agora a estratégia da instituição no começo do ano passado, então dirigido por Armínio Fraga.
Ciente de que 2002 seria turbulento para o Brasil, devido à eleição para a Presidência da República, a diretoria do Banco Central resolveu antecipar as captações para garantir o restante do ano. Se isso não tivesse sido feito, a situação do país teria sido muito mais grave no final de 2002, pois haveria menos dólares disponíveis nas reservas internacionais.
A escassez de dinheiro estrangeiro, incluindo linhas comerciais, foi um dos principais motivos (senão o maior deles) para a forte elevação do dólar no ano passado.
O risco Brasil caiu consideravelmente nas últimas semanas. No auge da histeria do mercado no ano passado, o risco-país brasileiro superou 2.200 pontos básicos (o equivalente a 22 pontos percentuais acima do rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA).
Hoje essa taxa está em torno de 1.250 pontos. No entanto, no começo do ano passado, o risco Brasil estava em torno de 700 pontos básicos (sete pontos percentuais). Essa taxa é uma referência de custo de captação para o governo. Quanto menor estiver o risco-país, mais baixa a taxa de juros que o governo terá de pagar.
Mas a diretoria do BC avalia que o risco-país do Brasil cairá ainda mais, puxado por medidas positivas que devem ser tomadas na área econômica nos próximos meses -espera-se, por exemplo, a elevação do superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros). Assim, os empréstimos externos ao país ficariam mais baratos.

Banco do Brasil
O presidente do Banco do Brasil, Eduardo Guimarães, disse que o banco pretende voltar a captar dólares no mercado financeiro internacional. "Vamos trabalhar nessa direção [fazer novas captações"", afirmou Guimarães, que participou ontem da cerimônia de transmissão de cargo do novo presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso.
Guimarães, que deve deixar o cargo nos próximos dias, disse que as captações feitas pelo setor privado nos últimos dias mostram que este é um bom momento para novos negócios. Indicado pelo ex-ministro Pedro Malan (Fazenda), ele não quis falar sobre valores e datas da operação.
A Folha apurou que a expectativa do BB é concluir a captação até a semana que vem, quando já deverá ter sido anunciado o novo presidente da instituição.
A última captação feita pelo BB foi fechada em setembro de 2001. Na ocasião, o empréstimo obtido foi de US$ 115 milhões nos mercados americano e europeu.


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