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BC descarta, por ora, captações no exterior
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central não pretende
recorrer ao mercado internacional agora para tomar novos empréstimos. A diretoria do BC avalia que os juros a serem pagos ainda estão muito elevados, o que
não condiz com os fundamentos
da economia brasileira, segundo
apurou a Folha.
A última vez que o Tesouro Nacional captou recursos no exterior, em operação coordenada pelo BC, foi em abril do ano passado. Desde meados de 2002 que os
investidores estrangeiros tornaram-se avessos ao chamado "risco Brasil". Passaram então a cobrar taxas de juros cada vez mais
altas para conceder crédito às empresas e ao governo.
O ano de 2003 começa marcado
pela volta de bancos e empresas
brasileiras ao mercado internacional de capitais. Pelos números
registrados até agora, empresas
brasileiras já fecharam empréstimos superiores a US$ 1,2 bilhão.
O mês de janeiro está favorável
também para governos de mercados emergentes. Nas últimas duas
semanas, pelo menos Chile, México e Turquia anunciaram captações expressivas no exterior.
A reabertura dos mercados internacionais para economias em
desenvolvimento gerou a expectativa de que o BC, sob o comando de Henrique Meirelles, repetisse agora a estratégia da instituição
no começo do ano passado, então
dirigido por Armínio Fraga.
Ciente de que 2002 seria turbulento para o Brasil, devido à eleição para a Presidência da República, a diretoria do Banco Central
resolveu antecipar as captações
para garantir o restante do ano. Se
isso não tivesse sido feito, a situação do país teria sido muito mais
grave no final de 2002, pois haveria menos dólares disponíveis nas
reservas internacionais.
A escassez de dinheiro estrangeiro, incluindo linhas comerciais, foi um dos principais motivos (senão o maior deles) para a
forte elevação do dólar no ano
passado.
O risco Brasil caiu consideravelmente nas últimas semanas. No
auge da histeria do mercado no
ano passado, o risco-país brasileiro superou 2.200 pontos básicos
(o equivalente a 22 pontos percentuais acima do rendimento
dos títulos do Tesouro dos EUA).
Hoje essa taxa está em torno de
1.250 pontos. No entanto, no começo do ano passado, o risco Brasil estava em torno de 700 pontos
básicos (sete pontos percentuais).
Essa taxa é uma referência de custo de captação para o governo.
Quanto menor estiver o risco-país, mais baixa a taxa de juros
que o governo terá de pagar.
Mas a diretoria do BC avalia que
o risco-país do Brasil cairá ainda
mais, puxado por medidas positivas que devem ser tomadas na
área econômica nos próximos
meses -espera-se, por exemplo,
a elevação do superávit primário
(economia de receitas para pagamento de juros). Assim, os empréstimos externos ao país ficariam mais baratos.
Banco do Brasil
O presidente do Banco do Brasil, Eduardo Guimarães, disse que
o banco pretende voltar a captar
dólares no mercado financeiro internacional. "Vamos trabalhar
nessa direção [fazer novas captações"", afirmou Guimarães, que
participou ontem da cerimônia
de transmissão de cargo do novo
presidente da Caixa Econômica
Federal, Jorge Mattoso.
Guimarães, que deve deixar o
cargo nos próximos dias, disse
que as captações feitas pelo setor
privado nos últimos dias mostram que este é um bom momento para novos negócios. Indicado
pelo ex-ministro Pedro Malan
(Fazenda), ele não quis falar sobre
valores e datas da operação.
A Folha apurou que a expectativa do BB é concluir a captação até
a semana que vem, quando já deverá ter sido anunciado o novo
presidente da instituição.
A última captação feita pelo BB
foi fechada em setembro de 2001.
Na ocasião, o empréstimo obtido
foi de US$ 115 milhões nos mercados americano e europeu.
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