São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

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Fed vê "ritmo mais lento" na economia

Para banco central dos EUA, país não entrou em recessão no final de 2007, mas teve crescimento modesto da atividade

Vendas no fim de 2007 foram "desapontadoras" e o cenário para o varejo é "cauteloso", diz relatório; inflação vai a 4,1%, maior índice desde 1990

DA REDAÇÃO

A economia americana não mostrou sinais de recessão nos últimos dias do ano passado, mas de um "ritmo mais lento de crescimento". A análise está no "Livro Bege", a compilação de dados econômicos realizada pelas 12 divisões regionais do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).
Segundo o levantamento, "a atividade econômica cresceu modestamente durante o período da pesquisa", realizada entre 17 de novembro de 2007 e 7 de janeiro, mas em um ritmo inferior ao do período anterior (entre outubro e novembro do ano passado). Na ocasião, o Fed falava em "ritmo reduzido".
O estudo aponta alguns indicadores preocupantes para a principal economia mundial. As vendas de final de ano foram "desapontadoras" e o cenário para o varejo neste ano é "cauteloso", um sinal de que os consumidores americanos estão reticentes na hora de gastar, preocupados com os rumos da economia. Os gastos do consumidor respondem por cerca de 70% do PIB americano.
Sobre o mercado imobiliário, cujos problemas desencadearam a atual crise nos EUA, o banco central americano diz que as condições na maioria deles "permaneceram bastante fracas" no final do ano passado. Para o primeiro semestre deste ano, o Fed prevê que o setor continuará "fraco".
A compilação diz ainda que se desaceleraram no final de 2007 os negócios e os empréstimos para consumidores por parte dos bancos. Um aperto no crédito deve se traduzir em menos dinheiro para empresas e consumidores, o que significa menos gastos na economia.
A expectativa é que o Fed reduza os juros em 0,50 ponto percentual na sua reunião no fim do mês. O organismo reduziu a taxa em seus três últimos encontros, em um total de um ponto percentual, a 4,25%.
E os dados da inflação ao consumidor (CPI) divulgados ontem aumentaram a expectativa de corte. O índice subiu 0,3% em dezembro, depois de avançar 0,8% no mês anterior, e fechou 2007 em 4,1%, a maior alta anual desde 1990. O núcleo da inflação -que exclui alimentos e energia- subiu 0,2% e terminou o ano em 2,4%.
Apesar de a alta nos preços ter sido maior que a desejada pelo Fed, ela não deve impedir, segundo analistas, um novo corte na taxa de juros.
O temor de recessão dos EUA também fez a Agência Internacional de Energia reduzir as suas previsões de consumo de petróleo neste ano, o que ajudou a derrubar os preços ontem. Em Nova York, o barril chegou a ficar abaixo dos US$ 90, mas terminou o dia valendo US$ 90,84, queda de 1,15%.
Também foi divulgado ontem o índice de produção industrial dos Estados Unidos, que ficou estável no último mês de 2007 e encerrou o ano com alta de 1,5%.


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