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Crise leva montadoras dos Estados Unidos a reduzir número de revendedores
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT
A queda na venda de automóveis não afeta apenas as
montadoras mas também
quem faz a ponte com os consumidores: as concessionárias. Nos EUA, o cenário é ainda pior para os distribuidores
das fabricantes locais.
Em troca de um empréstimo federal de US$ 17,4 bilhões, a Chrysler e a General
Motors incluíram em seus
planos de reestruturação a redução do número de revendas. A Ford -que tem engatilhado um pedido de US$ 9 bilhões caso a situação se agrave- prevê o mesmo para as
suas 4.000 autorizadas.
"Precisamos de menos", diz
Mark Fields, presidente da
Ford para as Américas. "Elas
devem ser rentáveis para poderem reinvestir. É preciso
menos competição entre concessionárias localizadas muito próximas umas das outras."
Ele acrescenta que a proximidade entre as revendas as
obriga a reduzir os preços, e o
consumidor não gosta de valores "diferentes em lojas da
mesma marca".
Fields -para quem a concentração prejudicial está nas
grandes cidades- conseguiu
algum apoio já. A Al Long, de
Warren (na Grande Detroit),
deixou de vender os carros
novos da Ford para se tornar
uma loja de usados. Passou a
oferecer modelos do grupo
GM, da Honda e da Audi, entre outros. A ideia, diz a empresa, foi "dar aos colegas da
área a chance de capitalizar as
vendas e a distribuição".
Porém, para Annette Sykora, presidente da Nada (Associação Nacional dos Concessionários Automotivos, na sigla em inglês), o discurso das
montadoras não faz sentido.
"As concessionárias não são
um custo para as montadoras.
Na verdade, investimos dinheiro privado em prédios e
em veículos."
Atualmente, as cerca de 20
mil autorizadas americanas
-no Brasil, há 5.000- empregam 1,1 milhão de pessoas e
são responsáveis por 18% de
todas as vendas no varejo do
país. No ano passado, foram
vendidos 13,2 milhões de carros, mas analistas apontam
que, neste ano, não serão mais
do que 10 milhões.
A Folha visitou, na quarta-feira, a revenda Lochmoor
(Chrysler e Jeep) em Grosse
Pointe (também na Grande
Detroit). O frio abaixo de 10C
não ajudava o comércio, mas
o fato é que não havia ninguém na loja -mesmo cenário visto nas revendas Dodge e
GMC na mesma avenida.
Charles Martin, gerente de
fidelização de clientes da concessionária, diz que o perfil da
compra tem mudado. Em dezembro, por exemplo, houve
aumento de 60% nas vendas
de carros usados em relação
ao mesmo mês de 2007.
A Chrysler é a montadora
que mais tem visto suas vendas encolherem. Ainda que as
vendas do Jeep Patriot tenham crescido 6% em dezembro, as do Dodge Ram encolheram 48,3% em comparação com dezembro de 2007.
No total de 2008, a montadora teve retração de 30% nas
vendas nos EUA. No Brasil,
cresceram 29%.
Para Sykora, ela mesma
uma revendedora Ford e
Chrysler no Texas, podem
existir pequenas alterações
nas políticas das marcas, mas
o geral é igual. Isso pode ser
visto no fato de que 45% dos
concessionários Toyota também têm uma loja da GM.
"Em dezembro, vimos declínio em todas as linhas. Tem
muito a ver com confiança do
consumidor, e ela está baixa.
Precisamos recuperar a confiança na indústria automotiva", diz.
A grande saída para as concessionárias tem sido o setor
de serviço e peças. O balanço
de 2007 da Nada -o de 2008
fica pronto em maio- aponta
que as concessionárias ganharam mais de US$ 4 milhões
com serviços e peças.
JOSÉ AUGUSTO AMORIM teve a passagem aérea paga pela Anfavea
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