São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com crédito escasso, varejo se retrai pelo segundo mês

Vendas caem 0,7% em novembro; setor dependente de financiamento é mais afetado

Crescimento de 5,1% ante novembro de 2007 é o menor em 28 meses e sinaliza desaceleração; em outubro, expansão havia sido de 9,8%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Com o crédito escasso desde o agravamento da crise, o consumidor comprou menos em novembro e as vendas do comércio varejista caíram 0,7% na comparação livre de influências sazonais com outubro. Foi a segunda retração seguida -em outubro, o recuo ficou em 0,9%, segundo o IBGE.
Em relação a novembro de 2007, houve crescimento de 5,1%, o menor em 28 meses (em julho de 2006, havia sido de 2,3%). O resultado sinaliza uma desaceleração, já que nos meses anteriores a taxa oscilava entre 9% e 10%. Em outubro, a expansão havia sido de 9,8%. No acumulado do ano (janeiro a novembro), o comércio cresceu 9,8% -taxa semelhante aos 9,7% do fechamento de 2007.
Para Nilo Lopes de Macedo, economista da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, a contração do crédito desde o recrudescimento da crise financeira externa, em setembro, foi decisiva para o fraco desempenho do varejo tanto em outubro como em novembro.
"As vendas caíram justamente nos ramos mais dependentes de financiamentos. O crédito ficou mais caro e secou depois da crise, e o comércio já sentiu esse efeito", disse.
Entre esses setores com resultados negativos em novembro e sensíveis ao crédito, estão móveis e eletrodomésticos (-3,3%) e equipamentos de escritório e informática (-9,8%).
Fora do índice do comércio varejista por venderem também no atacado, outros dois ramos também sucumbiram diante da escassez e do encarecimento do crédito: veículos, motos e peças e materiais de material construção, cujas vendas recuaram 7% e 1,4% em novembro, respectivamente.
Em outubro, os dois ramos já haviam registrado resultados negativos. No caso de veículos, o tombo foi recorde: 18,6%. "Esse talvez tenha sido o fundo do poço. Já vimos uma queda menor nas vendas em novembro, mas o crédito continua caro", afirmou Macedo.
Para Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), "todos os ramos que dependem do crédito" se desaceleram em novembro, quando o recuo das vendas se espalhou para mais setores.
O resultado, diz, só não foi pior em novembro graças ao bom desempenho das vendas de supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas -alta de 0,5% de outubro para novembro. Esse é o ramo de maior peso do comércio varejista.
Freitas avalia que, enquanto o crédito "não for destravado", o comércio não vai reagir. Ele diz, porém, não esperar uma "catástrofe" no começo deste ano, pois a massa salarial continua em expansão. Tal cenário, segundo ele, ainda garante um bom desempenho para os não-duráveis (alimentos e outros).


Texto Anterior: Crise leva montadoras dos Estados Unidos a reduzir número de revendedores
Próximo Texto: Vendas caem na 1ª quinzena do mês em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.