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Com crédito escasso, varejo se retrai pelo segundo mês
Vendas caem 0,7% em novembro; setor dependente de financiamento é mais afetado
Crescimento de 5,1% ante novembro de 2007 é o menor
em 28 meses e sinaliza
desaceleração; em outubro,
expansão havia sido de 9,8%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com o crédito escasso desde
o agravamento da crise, o consumidor comprou menos em
novembro e as vendas do comércio varejista caíram 0,7%
na comparação livre de influências sazonais com outubro. Foi a segunda retração seguida -em outubro, o recuo ficou em 0,9%, segundo o IBGE.
Em relação a novembro de
2007, houve crescimento de
5,1%, o menor em 28 meses (em
julho de 2006, havia sido de
2,3%). O resultado sinaliza uma
desaceleração, já que nos meses anteriores a taxa oscilava
entre 9% e 10%. Em outubro, a
expansão havia sido de 9,8%.
No acumulado do ano (janeiro
a novembro), o comércio cresceu 9,8% -taxa semelhante aos
9,7% do fechamento de 2007.
Para Nilo Lopes de Macedo,
economista da coordenação de
Serviços e Comércio do IBGE, a
contração do crédito desde o
recrudescimento da crise financeira externa, em setembro, foi decisiva para o fraco desempenho do varejo tanto em
outubro como em novembro.
"As vendas caíram justamente nos ramos mais dependentes
de financiamentos. O crédito ficou mais caro e secou depois da
crise, e o comércio já sentiu esse efeito", disse.
Entre esses setores com resultados negativos em novembro e sensíveis ao crédito, estão
móveis e eletrodomésticos
(-3,3%) e equipamentos de escritório e informática (-9,8%).
Fora do índice do comércio
varejista por venderem também no atacado, outros dois ramos também sucumbiram
diante da escassez e do encarecimento do crédito: veículos,
motos e peças e materiais de
material construção, cujas vendas recuaram 7% e 1,4% em novembro, respectivamente.
Em outubro, os dois ramos já
haviam registrado resultados
negativos. No caso de veículos,
o tombo foi recorde: 18,6%.
"Esse talvez tenha sido o fundo
do poço. Já vimos uma queda
menor nas vendas em novembro, mas o crédito continua caro", afirmou Macedo.
Para Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), "todos os
ramos que dependem do crédito" se desaceleram em novembro, quando o recuo das vendas
se espalhou para mais setores.
O resultado, diz, só não foi
pior em novembro graças ao
bom desempenho das vendas
de supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas -alta de 0,5% de outubro para novembro. Esse é o ramo de maior
peso do comércio varejista.
Freitas avalia que, enquanto
o crédito "não for destravado",
o comércio não vai reagir. Ele
diz, porém, não esperar uma
"catástrofe" no começo deste
ano, pois a massa salarial continua em expansão. Tal cenário,
segundo ele, ainda garante um
bom desempenho para os não-duráveis (alimentos e outros).
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