São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

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Empresa pode reduzir investimentos em 2009

DA SUCURSAL DO RIO

Afetada pela crise, a Vale vive uma fase de corte de empregos, redução de produção e, para agravar a situação, deverá ver seu faturamento minguar em 2009 na esteira de uma redução do preço do minério de ferro que pode chegar até a 40%, estimam analistas.
Diante de tal cenário, a empresa já não se mostra tão mais segura quanto à manutenção do orçamento recorde de investimentos para 2009. Indagada pela Folha, por e-mail, se a cifra planejada de US$ 14,2 bilhões não sofreria alterações, a companhia respondeu: "Sim, está mantido [o plano]. Mas a Vale possui a flexibilidade para administrar o desenvolvimento de seus projetos de acordo com a sua avaliação a respeito da evolução das condições de mercado." Adicionalmente, a Vale diz que, por enquanto, as condições de mercado que a fizeram cortar a produção em 10% e demitir 1.300 funcionários não se alteraram.
Rogério Zarpao, analista do Unibanco, afirma que a redução de 30 milhões de toneladas na produção de minério de ferro definida no final do ano passado -e que deve perdurar pelo menos até o final deste semestre- é compatível com um nível menor de investimento. Ele estima US$ 10 bilhões.
Até agora, a empresa postergou por um ano apenas um projeto de níquel no Canadá, orçado em US$ 814 milhões -com desembolsos em 2009 de US$ 138 milhões.
Segundo Rodrigo Ferraz, da corretora Brascan, a empresa tende a adiar mais projetos especialmente na área de níquel, pois o preço do metal despencou no mercado internacional e se aproximou do custo de produção. "É melhor atrasar projetos em um ou dois anos e esperar um cenário de preço e demanda melhores."
O maior desafio para a Vale, dizem Ferraz e Zarpao, é justamente a negociação de preço de minério de ferro para este ano. O objetivo, avaliam, é obter o menor desconto possível ante 2008, num cenário de pressão intensa da China.
As siderúrgicas do país asiático já pleitearam uma redução de preço de 80% no ápice da crise, entre outubro e novembro, quando o mercado de minério de ferro simplesmente parou. Com a redução dos estoques de minério nos portos chineses, elas já falam agora numa queda de 40%.
Dizendo-se otimista, Ferraz estima uma redução de 10%, mas reconhece que o percentual pode ser maior. Zarpao estima uma retração de 20%.
Uma redução na faixa de 10%, diz Ferraz, não seria tão traumático para a companhia. Um dos motivos é que a Vale se beneficia da forte alta do dólar, pois tem mais de 80% de suas receitas atreladas à moeda norte-americana e a maior parte das despesas em reais, segundo o analista Eduardo Kondo, da corretora Concórdia. Ferraz faz a mesma avaliação.
No mercado de minério de ferro, os reajustes são definidos em negociações diretas entre as siderúrgicas e as grandes mineradoras mundiais -Vale, BHP e Rio Tinto, em geral.
O primeiro grande contrato celebrado baliza os demais. No ano passado, o minério subiu 71%. (PS)


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