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Empresa pode reduzir investimentos em 2009
DA SUCURSAL DO RIO
Afetada pela crise, a Vale vive
uma fase de corte de empregos,
redução de produção e, para
agravar a situação, deverá ver
seu faturamento minguar em
2009 na esteira de uma redução do preço do minério de ferro que pode chegar até a 40%,
estimam analistas.
Diante de tal cenário, a empresa já não se mostra tão mais
segura quanto à manutenção
do orçamento recorde de investimentos para 2009. Indagada pela Folha, por e-mail, se
a cifra planejada de US$ 14,2
bilhões não sofreria alterações,
a companhia respondeu: "Sim,
está mantido [o plano]. Mas a
Vale possui a flexibilidade para
administrar o desenvolvimento de seus projetos de acordo
com a sua avaliação a respeito
da evolução das condições de
mercado." Adicionalmente, a
Vale diz que, por enquanto, as
condições de mercado que a fizeram cortar a produção em
10% e demitir 1.300 funcionários não se alteraram.
Rogério Zarpao, analista do
Unibanco, afirma que a redução de 30 milhões de toneladas
na produção de minério de ferro definida no final do ano passado -e que deve perdurar pelo menos até o final deste semestre- é compatível com um
nível menor de investimento.
Ele estima US$ 10 bilhões.
Até agora, a empresa postergou por um ano apenas um
projeto de níquel no Canadá,
orçado em US$ 814 milhões
-com desembolsos em 2009
de US$ 138 milhões.
Segundo Rodrigo Ferraz, da
corretora Brascan, a empresa
tende a adiar mais projetos especialmente na área de níquel,
pois o preço do metal despencou no mercado internacional
e se aproximou do custo de
produção. "É melhor atrasar
projetos em um ou dois anos e
esperar um cenário de preço e
demanda melhores."
O maior desafio para a Vale,
dizem Ferraz e Zarpao, é justamente a negociação de preço
de minério de ferro para este
ano. O objetivo, avaliam, é obter o menor desconto possível
ante 2008, num cenário de
pressão intensa da China.
As siderúrgicas do país asiático já pleitearam uma redução
de preço de 80% no ápice da
crise, entre outubro e novembro, quando o mercado de minério de ferro simplesmente
parou. Com a redução dos estoques de minério nos portos chineses, elas já falam agora numa
queda de 40%.
Dizendo-se otimista, Ferraz
estima uma redução de 10%,
mas reconhece que o percentual pode ser maior. Zarpao estima uma retração de 20%.
Uma redução na faixa de
10%, diz Ferraz, não seria tão
traumático para a companhia.
Um dos motivos é que a Vale se
beneficia da forte alta do dólar,
pois tem mais de 80% de suas
receitas atreladas à moeda norte-americana e a maior parte
das despesas em reais, segundo
o analista Eduardo Kondo, da
corretora Concórdia. Ferraz
faz a mesma avaliação.
No mercado de minério de
ferro, os reajustes são definidos
em negociações diretas entre
as siderúrgicas e as grandes mineradoras mundiais -Vale,
BHP e Rio Tinto, em geral.
O primeiro grande contrato
celebrado baliza os demais. No
ano passado, o minério subiu
71%.
(PS)
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