São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Redes que seguraram juros para manter as vendas começam a repassar Selic, mas alta não é generalizada

Grande varejo sobe taxa ao consumidor

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes varejistas aumentaram os juros ao consumidor de certos itens em janeiro e continuaram a fazê-lo em fevereiro. A nova alta na taxa básica de juros (Selic), anunciada ontem, deve piorar esse quadro. No último trimestre de 2004, para não espantar clientes das lojas, o varejo chegou a segurar os aumentos, mesmo após uma série de elevações na Selic.
O prazo para pagamento bateu recorde: para fazer a parcela caber no bolso do cliente, ontem o Ponto Frio oferecia planos para venda em até 25 meses. A média do mercado, desde junho de 2001, é 24 meses. Com taxas maiores e prazos mais longos, o cliente leva para casa produtos que custam cada vez mais no valor total a prazo.
Casas Bahia e Ponto Frio já fizeram alterações em suas taxas em determinados itens. As duas redes são responsáveis por 30% da venda de eletrônicos no país. O que acontece é que o teto dos juros (valor máximo cobrado pela loja) não muda, mas certos produtos que antes tinham uma taxa "x" -que ficava entre o piso e o teto- tiveram uma elevação.
Esse "novo juro", no entanto, ainda fica no intervalo entre o mínimo e o máximo cobrado.
Em dezembro, o Ponto Frio oferecia planos em 13 parcelas com juros de 5,29% ao mês (85,63% ao ano). O encarte da rede, disponível ontem nas lojas, apresentava o mesmo plano com taxas de 5,49% mensais (89,90% em 12 meses).
A Casas Bahia vendia em dezembro uma TV Panasonic de 29 polegadas por R$ 1.199 à vista e, para a venda a prazo, cobrava uma taxa mensal de 3,68% -ao ano, os juros atingia 54,29%. A oferta constava em anúncio da rede em 14 de dezembro. Um mês depois, em 12 de janeiro, a taxa para o produto atingiu 5,09%, o equivalente a 81,44% ao ano.
Em outro produto, o refrigerador Electrolux (240 litros), a rede oferecia em dezembro um plano com entrada de R$ 199 mais 17 parcelas de R$ 39,90. O juro cobrado era de 2,45% ao mês e 33,71% ao ano. Em fevereiro, na última segunda-feira, nesse plano a mercadoria era vendida a taxas mensais de 5,03% (80,21% ao ano). O valor a prazo passou de R$ 877,30 para R$ 1.078,20.
Na TV de 20 polegadas da marca LG, ocorreu o mesmo. A mercadoria era vendida no Natal, em oferta anunciada em 16 de dezembro, por 18 parcelas de R$ 64. O plano cobrava juros de 4,75% ao mês (74,52% ao ano). No último dia 3, em oferta nos jornais, o mesmo item era comercializado com taxas de 4,95% (78,56%). Com a elevação na taxa, houve uma alta de R$ 10 no total a prazo.
Foram analisadas mercadorias ofertadas em jornais obrigatoriamente nos últimos três meses. A Casas Bahia informa que não houve alteração em suas taxas. Outros produtos verificados pela Folha, anunciados em dezembro, janeiro e fevereiro, como refrigerador e microondas tiveram as taxas mantidas na rede. A alta nos juros, logo, não é generalizada.


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