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RECEITA ORTODOXA
Redes que seguraram juros para manter as vendas começam a repassar Selic, mas alta não é generalizada
Grande varejo sobe taxa ao consumidor
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Grandes varejistas aumentaram
os juros ao consumidor de certos
itens em janeiro e continuaram a
fazê-lo em fevereiro. A nova alta
na taxa básica de juros (Selic),
anunciada ontem, deve piorar esse quadro. No último trimestre de
2004, para não espantar clientes
das lojas, o varejo chegou a segurar os aumentos, mesmo após
uma série de elevações na Selic.
O prazo para pagamento bateu
recorde: para fazer a parcela caber
no bolso do cliente, ontem o Ponto Frio oferecia planos para venda
em até 25 meses. A média do mercado, desde junho de 2001, é 24
meses. Com taxas maiores e prazos mais longos, o cliente leva para casa produtos que custam cada
vez mais no valor total a prazo.
Casas Bahia e Ponto Frio já fizeram alterações em suas taxas em
determinados itens. As duas redes
são responsáveis por 30% da venda de eletrônicos no país. O que
acontece é que o teto dos juros
(valor máximo cobrado pela loja)
não muda, mas certos produtos
que antes tinham uma taxa "x"
-que ficava entre o piso e o teto- tiveram uma elevação.
Esse "novo juro", no entanto,
ainda fica no intervalo entre o mínimo e o máximo cobrado.
Em dezembro, o Ponto Frio oferecia planos em 13 parcelas com
juros de 5,29% ao mês (85,63% ao
ano). O encarte da rede, disponível ontem nas lojas, apresentava o
mesmo plano com taxas de 5,49%
mensais (89,90% em 12 meses).
A Casas Bahia vendia em dezembro uma TV Panasonic de 29
polegadas por R$ 1.199 à vista e,
para a venda a prazo, cobrava
uma taxa mensal de 3,68% -ao
ano, os juros atingia 54,29%. A
oferta constava em anúncio da rede em 14 de dezembro. Um mês
depois, em 12 de janeiro, a taxa
para o produto atingiu 5,09%, o
equivalente a 81,44% ao ano.
Em outro produto, o refrigerador Electrolux (240 litros), a rede
oferecia em dezembro um plano
com entrada de R$ 199 mais 17
parcelas de R$ 39,90. O juro cobrado era de 2,45% ao mês e
33,71% ao ano. Em fevereiro, na
última segunda-feira, nesse plano
a mercadoria era vendida a taxas
mensais de 5,03% (80,21% ao
ano). O valor a prazo passou de
R$ 877,30 para R$ 1.078,20.
Na TV de 20 polegadas da marca LG, ocorreu o mesmo. A mercadoria era vendida no Natal, em
oferta anunciada em 16 de dezembro, por 18 parcelas de R$ 64. O
plano cobrava juros de 4,75% ao
mês (74,52% ao ano). No último
dia 3, em oferta nos jornais, o
mesmo item era comercializado
com taxas de 4,95% (78,56%).
Com a elevação na taxa, houve
uma alta de R$ 10 no total a prazo.
Foram analisadas mercadorias
ofertadas em jornais obrigatoriamente nos últimos três meses. A
Casas Bahia informa que não
houve alteração em suas taxas.
Outros produtos verificados pela
Folha, anunciados em dezembro,
janeiro e fevereiro, como refrigerador e microondas tiveram as taxas mantidas na rede. A alta nos
juros, logo, não é generalizada.
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