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RECEITA ORTODOXA
Aumento dos juros adotado pelo BC ontem deverá elevar débito do governo em mais R$ 2,3 bi em 12 meses
Dívida federal cresce R$ 16,4 bi em janeiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo em que o
Banco Central reforça o aperto
monetário, a dívida do governo
federal em títulos não pára de
crescer. Mantida a nova taxa de
juros constante por 12 meses, a alta na Selic decidida ontem pelo
BC representa acréscimo de R$
2,3 bilhões no estoque da dívida.
Em janeiro, a chamada dívida
pública mobiliária subiu de R$
810,26 bilhões para R$ 826,70 bilhões -alta de R$ 16,44 bilhões.
O principal fator foram justamente os altos juros conjugados
com a expectativa de continuidade na elevação da Selic, por dois
motivos. Primeiro, somente com
a apropriação de juros, a parcela
corrigida pela Selic aumentou em
R$ 16,57 bilhões de dezembro para o mês passado. Depois, diante
da perspectiva de manutenção do
aperto monetário, houve um
crescimento da procura por títulos do Tesouro Nacional corrigidos pela taxa básica. Dada a demanda, o Tesouro emitiu, líquidos (descontados resgates no período), R$ 21,7 bilhões em LFTs
(papéis vinculados à Selic).
Assim, a parcela da dívida pós-fixada foi de R$ 424,68 bilhões para R$ 462,95 bilhões, sendo agora
56% do total da dívida em títulos,
contra 52,41% no mês anterior.
Num ambiente de alta dos juros, os investidores tendem a preferir os papéis pós-fixados, que
acompanham a taxa Selic. Na
contramão das LFTs, a participação das LTNs (títulos prefixados
-rendimento predeterminado)
caiu, de 20,09% para 18,71%.
O coordenador do Tesouro para a dívida pública, Paulo Valle,
admite que a procura pelas LFTs
cresceu nos últimos meses, mas
diz que a forte expansão em janeiro se deveu a fatores temporários.
Segundo ele, com a criação da
classificação dos fundos de investimentos de longo prazo, os gestores tiveram de alongar o prazo das
carteiras. Pela nova denominação, para um fundo se caracterizar como de longo prazo, precisa
ter vencimento médio dos títulos
superior a 12 meses. O prazo médio dos papéis nesses fundos, antes, era de dez meses. Assim, os
gestores tiveram de comprar títulos de prazo maior, no caso LFTs.
Outra razão é que em todo primeiro mês de trimestre há grandes vencimentos de LTNs, que
são renovadas posteriormente.
Como não há vencimentos de
LTN neste mês, já foram emitidos
líquidos R$ 7 bilhões do papel em
fevereiro até agora. Ao todo, no
mês serão mais de R$ 10 bilhões.
"Certamente a participação de
LTN voltará a subir", afirmou.
O novo chefe do Departamento
de Operações do Mercado Aberto
do BC, Ivan de Oliveira Lima,
lembra que o BC não tem renovado as operações de "swap" cambial. Por meio dessa transação, o
BC garante ao investidor variação
do dólar e recebe, em contrapartida, correção de juros pela taxa Selic. Ao não rolar a operação, a parcela da dívida atrelada ao dólar
cai, mas a ligada aos juros sobe.
Em janeiro, houve queda significativa na parcela cambial, de R$
80,05 bilhões (9,88% do total)
passou para R$ 66,42 bilhões
(8,03%). Neste mês, o BC passou a
fazer operações de "swap" inversas, ou seja, garantindo juros ao
investidor e recebendo, em troca,
variação do dólar. Financeiramente, essa operação "anula" o
"swap" cambial, o que ajuda a reduzir a dívida corrigida pelo dólar
mais rapidamente.
(LEONARDO SOUZA)
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