São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

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Para Rachid, aumento faz "justiça tributária"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o reinício dos trabalhos do Congresso, o governo decidiu entrar mais incisivamente nos debates em torno da medida provisória nš 232. Ontem, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disse que, nesta etapa da discussão, a área econômica não vê motivos para alterar a medida.
"Estamos fazendo justiça tributária", argumenta Rachid, em defesa da ampliação da base de cálculo do Imposto de Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de prestadoras de serviços que optam pelo pagamento desses tributos com base no lucro presumido.
Segundo o raciocínio, a medida corrige uma distorção -a tributação sobre profissionais liberais, como médicos e advogados, que optam por se tornarem prestadores de serviço é menor que a incidente sobre os trabalhadores de renda semelhante.
Ele cita como exemplo um prestador com renda de R$ 50 mil mensais. Nesse caso, a tributação de IR, CSLL, PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) era de 11,33% e passou, com a MP, a 13,25%. Já um assalariado nessa faixa de renda pagaria mais de 20% de IR.
"Isso abre uma brecha para o planejamento tributário", diz Rachid, referindo-se à possibilidade de um profissional se tornar prestador de serviços para pagar menos impostos e contribuições.
Os opositores da medida contra-argumentam com a afirmação de que esse profissional abre mão de benefícios trabalhistas como o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Rachid acredita que boa parte da reação contra a MP decorre, além de interesses políticos, de desinformação. "Estão falando sem conhecimento."
De acordo com o secretário, o aumento da tributação sobre os prestadores e outros setores significará arrecadação extra de R$ 300 milhões neste ano e R$ 1 bilhão em 2006 e nos anos seguintes. Em comparação, afirma, a correção da tabela do IR, também fixada pela MP 232, significará queda de receita anual de R$ 2,5 bilhões.
"Queremos mostrar que uma medida [para os prestadores] atinge 300 mil contribuintes, e a outra [a correção da tabela], 6 milhões", diz Rachid.
Questionado por que o governo, sem anúncio prévio, incluiu a tributação sobre os prestadores numa MP editada no último dia útil de 2004, o secretário responde que era necessário compensar a perda de receita decorrente da nova tabela do IR, além de "corrigir distorções". (GP)


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