São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2007

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Empresa cai para 2º em valor de mercado na América Latina

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Estudo realizado pela consultoria Economática mostra que a Petrobras deixou de ser a empresa com maior valor de mercado da América Latina. Ela ocupava a liderança desde 2003, mas foi ultrapassada pela empresa de telecomunicações mexicana América Móvil.
Em 21 de janeiro, a América Móvil realizou uma emissão de ações para incorporar sua controladora, a América Telecom, e desde então passou a ser a empresa com maior valor. Até o dia 15 deste mês, ela representava US$ 117,590 bilhões. A América Móvil, do bilionário Carlos Slim, é a maior empresa do México. No Brasil, ela controla a Claro e a Embratel, além de ter participação na Net.
Para Fernando Exel, sócio da Economática, o resultado reflete o dinamismo da economia mexicana. "Isso é uma demonstração de crescimento mais vigoroso no México, já que empresa de celular depende principalmente do mercado interno para crescer."
A Petrobras aparece em segundo, com US$ 98,659 bilhões neste mês. "O valor de mercado é reflexo do preço da cotação dos papéis em Bolsa. À medida que a cotação cai, o valor da empresa é afetado", explica a analista da corretora ABN Amro Real, Gina Montone.
O ranking considera a cotação ao final de dezembro e no dia 15 deste mês multiplicado pelo número de ações em circulação de cada série (ordinais ou preferenciais). Os dados são computados em dólar.
Desde dezembro, a avaliação da Petrobras em Bolsa foi prejudicada pela queda no preço do petróleo. Segundo Montone, o preço médio do Brent em dezembro era de US$ 62,31. Em janeiro, esse valor caiu para US$ 54,30. "Historicamente, o preço da ação da Petrobras está relacionado no curto prazo à cotação do barril", disse.
No final de dezembro, o valor de mercado da estatal brasileira era de US$ 107,7 bilhões. O fato de ter caído para menos de US$ 99 bilhões neste mês mostra como sua cotação oscila.

PAC
Recentemente, o papel sofreu também os efeitos da divulgação de resultados abaixo das expectativas e da antecipação de investimentos para realização de obras previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo.
Segundo Felipe Cunha, analista do banco Brascan, o mercado teme que a revisão do plano de investimentos da companhia priorize obras mais relevantes para o país e não necessariamente para a companhia.
Conforme o PAC, a Petrobras ficou de investir R$ 171,7 bilhões dos R$ 503,9 bilhões de todo o plano, que inclui obras previstas até 2010. Só em 2007 serão investidos R$ 55 bilhões.
O acordo entre Brasil e Bolívia para elevar o preço do gás é outro fator de tensão por mostrar ingerência política na estatal. "O governo, ao ceder a pressões da Bolívia, passou por cima dos interesses da Petrobras", diz relatório da analista Fabiana D'Atri, da Tendências.


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