São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2007

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JUROS

Governador petista critica rumos da política econômica

PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), engrossou ontem em Brasília o coro dos petistas críticos à política de juros do Banco Central e defendeu que "é preciso mudar o rumo". Déda evitou pedir a demissão do presidente do BC, Henrique Meirelles, mas praticamente condicionou sua permanência a uma mudança nos rumos da política de juros.
"Na hora em que o governo decidir mudar a política, ou os atuais agentes mudam suas concepções ou mudam os agentes, isso é natural", afirmou Déda, depois de encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula já tinha pedido aos petistas que contivessem críticas ao governo, mas o apelo parece ter sido ignorado até por Déda, um dos governadores mais próximos do presidente. "Nós [do PT], a torcida do Flamengo e a torcida da Mangueira não estamos satisfeitos com o patamar dos juros", disse.
Os petistas voltaram à tona quando o ex-ministro José Dirceu pediu a cabeça de Meirelles em seu blog. "Parece até molecagem, só para afirmar a autoridade -não do BC, mas de seus diretores", disse o deputado cassado, após a instituição baixar em 0,25 ponto percentual a taxa de juros. O anúncio da redução se deu na mesma semana em que o governo lançou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Ontem, Déda disse que a queda de 0,25 ponto em plena semana do PAC passou a imagem de "bateria atravessada", com o governo lançando um pacote de crescimento e o BC praticando cortes tímidos nos juros. "Deu a impressão de bateria atravessada, anunciar o PAC num dia e tocar o bumbo do desenvolvimento e depois entrar uma cuíca meio desafinada dizendo que os juros cairiam 0,25", disse Déda.
O governador afirmou que cabe ao presidente a escolha de seus ministros e do presidente do BC, mas que Lula é "inteligente e sensível o suficiente para entender isso [que a política de juros precisa ser alterada]". "Você pode mudar a política sem necessariamente ter de mudar o presidente do BC", afirmou.
Depois do Carnaval, Lula se reunirá, na quarta, com Meirelles para avaliar e aprovar novos nomes para a diretoria do Banco Central.


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