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JUROS
Governador petista critica rumos da política econômica
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de Sergipe,
Marcelo Déda (PT), engrossou ontem em Brasília o coro
dos petistas críticos à política de juros do Banco Central
e defendeu que "é preciso
mudar o rumo". Déda evitou
pedir a demissão do presidente do BC, Henrique Meirelles, mas praticamente
condicionou sua permanência a uma mudança nos rumos da política de juros.
"Na hora em que o governo
decidir mudar a política, ou
os atuais agentes mudam
suas concepções ou mudam
os agentes, isso é natural",
afirmou Déda, depois de encontro com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula já tinha pedido aos
petistas que contivessem críticas ao governo, mas o apelo
parece ter sido ignorado até
por Déda, um dos governadores mais próximos do presidente. "Nós [do PT], a torcida do Flamengo e a torcida
da Mangueira não estamos
satisfeitos com o patamar
dos juros", disse.
Os petistas voltaram à tona quando o ex-ministro José Dirceu pediu a cabeça de
Meirelles em seu blog. "Parece até molecagem, só para
afirmar a autoridade -não
do BC, mas de seus diretores", disse o deputado cassado, após a instituição baixar
em 0,25 ponto percentual a
taxa de juros. O anúncio da
redução se deu na mesma semana em que o governo lançou o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Ontem, Déda disse que a
queda de 0,25 ponto em plena semana do PAC passou a
imagem de "bateria atravessada", com o governo lançando um pacote de crescimento e o BC praticando cortes
tímidos nos juros. "Deu a impressão de bateria atravessada, anunciar o PAC num dia e
tocar o bumbo do desenvolvimento e depois entrar uma
cuíca meio desafinada dizendo que os juros cairiam
0,25", disse Déda.
O governador afirmou que
cabe ao presidente a escolha
de seus ministros e do presidente do BC, mas que Lula é
"inteligente e sensível o suficiente para entender isso
[que a política de juros precisa ser alterada]". "Você pode
mudar a política sem necessariamente ter de mudar o
presidente do BC", afirmou.
Depois do Carnaval, Lula
se reunirá, na quarta, com
Meirelles para avaliar e aprovar novos nomes para a diretoria do Banco Central.
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