São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2007

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Telecom Italia recusa propostas pela TIM

Conselho de Administração rechaça ofertas da mexicana América Móvil, de Carlos Slim, e da espanhola Telefónica

Decisão final sobre atuação da empresa na América Latina só deve ocorrer em abril, com nova reunião dos conselheiros da empresa


JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho de Administração da Telecom Italia recusou ontem todas as ofertas recebidas ao longo dos últimos meses pela TIM, o braço de telefonia celular da companhia no Brasil.
O diretor mundial de Desenvolvimento Corporativo da Telecom Italia, Giampaolo Zambeletti, já havia antecipado a decisão em dezembro de 2006 em entrevista à Folha.
À ocasião, o executivo garantiu que a operadora italiana estudava vender apenas suas ações na Brasil Telecom, concessionária fixa das regiões Sul, Centro-Oeste e Norte.
A Telecom Italia recebeu várias sondagens pela TIM. A maior, de 8,5 bilhões, havia sido feita pelo mexicano Carlos Slim, da América Móvil, controladora da Claro e da Embratel no Brasil. A proposta incluía o controle das operações móveis dos italianos no Brasil e na Argentina.
Circularam ao menos duas leituras da reunião de ontem. A primeira é a de que a recusa em vender a TIM foi uma demonstração de força do grupo de conselheiros ligados ao acionista majoritário da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, presidente mundial da Pirelli, maior companhia italiana.
O executivo está sob ataque desde meados do ano passado, quando o Ministério Público de Milão prendeu mais de 20 funcionários da tele que tinham usado a estrutura da operadora para montar uma rede de espionagem em vários países. Um deles é o Brasil, de onde teriam partido ataques a computadores pertencentes ao jornal italiano "Corriere della Sera", segundo relatos da mídia local.
Em depoimento, o ex-diretor mundial de Segurança da Telecom Italia, Giuliano Tavaroli, inocentou Provera. A expectativa de seus aliados é que, depois disso, arrefeçam os ataques a ele nos jornais italianos.
Outra interpretação é que, ao se recusar a vender a TIM, Provera deu mostras de que não está preocupado em capitalizar a Telecom Italia ou usar o dinheiro do negócio para reforçar sua posição na operadora. Isso indicaria tendência de ele sair da companhia.
Será preciso esperar até abril para uma definição, quando o conselho administrativo da Telecom Italia voltará a se reunir, desta vez para renovar os próprios quadros.
À nova equipe caberá decidir o que fazer com as operações da América Latina. Se quiser sair da região, a TIM será vendida. Caso contrário, os italianos deverão trazer um parceiro para ajudar na disputa com mexicanos e espanhóis. A ajuda, segundo apurou a Folha, poderia vir da Europa ou do Oriente Médio.
Para resolver a equação, também é preciso levar em conta o cenário político da Itália. O país é governado por uma coalizão de centro-esquerda, liderada pelo primeiro-ministro Romano Prodi, desafeto público de Tronchetti Provera. Prodi não quer a Telecom Italia controlada por estrangeiros.
Mesmo assim, era previsto o encontro de representantes do governo com a Telefónica de España. Na semana passada, a empresa declarou interesse em comprar a Telecom Italia.


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