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Telecom Italia recusa propostas pela TIM
Conselho de Administração rechaça ofertas da mexicana América Móvil, de Carlos Slim, e da espanhola Telefónica
Decisão final sobre atuação da empresa na América Latina só deve ocorrer em abril, com nova reunião dos conselheiros da empresa
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Conselho de Administração da Telecom Italia recusou
ontem todas as ofertas recebidas ao longo dos últimos meses
pela TIM, o braço de telefonia
celular da companhia no Brasil.
O diretor mundial de Desenvolvimento Corporativo da Telecom Italia, Giampaolo Zambeletti, já havia antecipado a
decisão em dezembro de 2006
em entrevista à Folha.
À ocasião, o executivo garantiu que a operadora italiana estudava vender apenas suas
ações na Brasil Telecom, concessionária fixa das regiões Sul,
Centro-Oeste e Norte.
A Telecom Italia recebeu várias sondagens pela TIM. A
maior, de 8,5 bilhões, havia
sido feita pelo mexicano Carlos
Slim, da América Móvil, controladora da Claro e da Embratel no Brasil. A proposta incluía
o controle das operações móveis dos italianos no Brasil e na
Argentina.
Circularam ao menos duas
leituras da reunião de ontem. A
primeira é a de que a recusa em
vender a TIM foi uma demonstração de força do grupo de
conselheiros ligados ao acionista majoritário da Telecom
Italia, Marco Tronchetti Provera, presidente mundial da Pirelli, maior companhia italiana.
O executivo está sob ataque
desde meados do ano passado,
quando o Ministério Público de
Milão prendeu mais de 20 funcionários da tele que tinham
usado a estrutura da operadora
para montar uma rede de espionagem em vários países.
Um deles é o Brasil, de onde teriam partido ataques a computadores pertencentes ao jornal
italiano "Corriere della Sera",
segundo relatos da mídia local.
Em depoimento, o ex-diretor
mundial de Segurança da Telecom Italia, Giuliano Tavaroli,
inocentou Provera. A expectativa de seus aliados é que, depois disso, arrefeçam os ataques a ele nos jornais italianos.
Outra interpretação é que, ao
se recusar a vender a TIM, Provera deu mostras de que não
está preocupado em capitalizar
a Telecom Italia ou usar o dinheiro do negócio para reforçar sua posição na operadora.
Isso indicaria tendência de ele
sair da companhia.
Será preciso esperar até abril
para uma definição, quando o
conselho administrativo da Telecom Italia voltará a se reunir,
desta vez para renovar os próprios quadros.
À nova equipe caberá decidir
o que fazer com as operações
da América Latina. Se quiser
sair da região, a TIM será vendida. Caso contrário, os italianos deverão trazer um parceiro
para ajudar na disputa com
mexicanos e espanhóis. A ajuda, segundo apurou a Folha,
poderia vir da Europa ou do
Oriente Médio.
Para resolver a equação,
também é preciso levar em
conta o cenário político da Itália. O país é governado por uma
coalizão de centro-esquerda, liderada pelo primeiro-ministro
Romano Prodi, desafeto público de Tronchetti Provera. Prodi não quer a Telecom Italia
controlada por estrangeiros.
Mesmo assim, era previsto o
encontro de representantes do
governo com a Telefónica de
España. Na semana passada, a
empresa declarou interesse em
comprar a Telecom Italia.
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