São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
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Sindicato faz greve por salário em dia

da Reportagem Local

Os dois principais sindicatos de metalúrgicos do país, o de São Paulo e o do ABC paulista, confirmam o aumento dos conflitos trabalhistas no mês passado verificado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado à Força Sindical, realizou greves no mês passado e, no início de fevereiro, ainda mantinha três paralisações, segundo o secretário-geral da entidade, Eleno José Bezerra.
"Muitas empresas estão atrasando os salários, bem mais do que em dezembro", diz o sindicalista.
O secretário-geral do sindicato tem até uma explicação para a tendência observada em janeiro nas empresas.
Segundo ele, com a mudança no câmbio, os bancos seguraram o crédito, colocando muitas indústrias em dificuldade.
As empresas que atrasam salário ou o pagamento das verbas rescisórias dos demitidos tentam ganhar tempo e pedem parcelamento das dívidas, em até 15 vezes, segundo Bezerra.
O sindicalista afirma, contudo, que muitas empresas têm condição de pagar seus funcionários, mas deixam o caso ir para a Justiça porque, até que o acordo seja feito, já se passaram alguns meses.
"A Justiça do Trabalho aqui no Brasil é muito lenta", diz Bezerra.
No Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, também se observa problemas de atraso nos salários com algumas empresas.
Um dos casos de greve por falta de pagamento na região do ABC foi o da Ausprand, um fabricante de máquinas para corte de metal de São Bernardo do Campo.
Os trabalhadores ficaram mais de 20 dias em greve devido ao não pagamento integral do 13º salário e parcial dos salários de dezembro e janeiro.
Uma proposta de acordo feita pela empresa iria ser avaliada pelos trabalhadores durante o feriado de Carnaval.

Pela negociação
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (Grande São Paulo e Baixada Santista), Floriano Vaz da Silva, avalia que, neste ano, o papel da negociação será importante para evitar um aumento do número de conflitos trabalhistas na Justiça.
"Em alguns casos já está havendo um amadurecimento das partes e a negociação ocorrida na Ford é um exemplo", diz Vaz da Silva.
Segundo ele, os trabalhadores devem iniciar um trabalho no Congresso Nacional, com os novos parlamentares, de discussão sobre formas de proteção contra a inflação e como garantir direitos.
"As centrais sindicais precisam tirar propostas comuns e agir de forma coordenada. É preciso coesão em momentos de crise", afirma o presidente do TRT-SP.
A avaliação é de que, em tempos de crise, alguns direitos dos trabalhadores ficarão ameaçados.
(ME)




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