São Paulo, segunda, 17 de março de 1997.

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MERCADO EDITORIAL
Classes C e D têm maior acesso a produtos culturais; lançamentos incluem fitas de vídeo e CDs
Bancas de jornais diversificam produtos

FERNANDO PAULINO NETO
da Sucursal do Rio

O mercado editorial, que desde a estabilização de preços do Plano Real começou a utilizar as bancas de jornais como um novo canal de distribuição de livros, está diversificando para outros segmentos, como CDs e fitas de vídeo.
Nesta semana, será lançada em São Paulo a coleção ``MPB-Compositores'', uma produção da Editora Globo.
A série deve lançar CDs exclusivos, acompanhados de fascículos, com produção gráfica de Elifas Andreatto, a preços compatíveis com promoções das grandes lojas de departamentos: R$ 11,90.
O público, segundo a editora executiva de fascículos da Editora Globo, Sandra Espilotro, é diversificado.
Vai desde as classes C e D, que não estão acostumadas a comprar CDs, até aqueles que já são consumidores e querem fazer uma coleção.
A coleção ``MPB-Compositores'' chega a São Paulo depois de ter passado por carreira de sucesso no Rio, apesar de Espilotro não divulgar os números do negócio por considerá-los estratégicos.
No Rio, a coleção, que já está no número dez, enfrenta a concorrência de outra série de MPB, publicada em associação da Polygram com a Edições del Palma.
Atualmente, pode-se encontrar, por exemplo, duas coletâneas diferentes de Gilberto Gil nas bancas de jornais do Rio. Também podem ser encontrados nas bancas CDs de música clássica, jazz e até de cantos gregorianos.
Segundo Espilotro, a idéia de lançar fascículos acoplados a CDs começou na Europa, principalmente Espanha e Itália.
O mesmo ocorre com os livros. A editora italiana Newton Compton está com uma coleção, a ``Clássicos Econômicos Newton'', que coloca à disposição do leitor brasileiro autores como Nietzsche, Voltaire, Victor Hugo e Baudelaire ao módico preço de R$ 2.
São livros de cem páginas, em papel-jornal, que reúnem textos integrais desses autores. Em geral, são dois ou três contos reunidos. Já foram publicados cerca de 20 livros, com tiragem média de 30 mil exemplares.
Mitzy Maria Olive, sócia da Olive & Miscow Comunicação Integrada, que fez os lançamentos em bancas para a editora Record, associada à Altaya, diz que o público-alvo desses livros é uma classe média não intelectualizada que ganhou poder aquisitivo com o Real.
``São pessoas que, às vezes, ficam até constrangidas de entrar em uma livraria. Elas vão à banca comprar um jornal e aproveitam para adquirir um livro'', diz ela.
Mitzy lembra a diferença entre os livros vendidos em banca (por cerca de R$ 10, os de capa dura) e os de livraria (preço de cerca de R$ 20, os mais baratos).
Ela diz que a Record, em sua coleção ``Supersellers'', de livros best sellers, teve tiragem de 80 mil exemplares. ``Quando um livro vende mais de 3.000 exemplares, os livreiros dão uma festa'', diz.
As fitas de vídeo vão desde filmes famosos, editados com fascículos pela revista ``Caras'', até fitas pornográficas.

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