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COMÉRCIO
No exterior, estudo mostra que banco de rede de lojas chega a ser ameaça a instituições consideradas tradicionais
Varejo oferece mais serviços financeiros
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo feito pelos economistas
Ricardo Fernandes Paixão e José
Augusto da Silveira, do Provar
(Programa de Varejo), da USP
(Universidade de São Paulo),
mostra que a oferta de serviços financeiros por varejistas está em
alta nos últimos cinco anos no
mundo e mais intensamente há
dois anos no Brasil.
No exterior, pelo levantamento
dos economistas, bancos de redes
de lojas chegam a ser até uma
ameaça aos bancos tradicionais,
já que, além de oferecerem o financiamento ao cliente nos seus
pontos-de-venda, trabalham com
empréstimos, vendas de seguros e
de planos de aposentadoria.
Um caso que eles citam no exterior é o da rede de eletrodomésticos mexicana Elektra, que abriu o
banco Azteca, em 2002. O banco
tem agências nas 749 lojas da rede
e, em dois meses de operação,
abriu 160 mil contas.
Outro exemplo é a rede de supermercados norte-americana
Ukrop's, com 27 lojas de médio
porte no Estado de Virgínia. A
empresa, que trabalhava com cartão de crédito próprio, abriu um
banco em 1997, que já tem US$
900 milhões em ativos.
No Brasil, eles mencionam a
C&A, rede de origem holandesa,
que há três anos abriu o banco Ibi
-o nome Ibi é em homenagem
ao shopping Ibirapuera, onde foi
aberta a primeira loja da empresa
no país há duas décadas.
Oferta variada
Atualmente, a C&A, que tem 12
milhões de cartões de crédito próprio nas mãos dos clientes, também vende seguros, títulos de capitalização e ainda oferece crédito
pessoal.
"O que está acontecendo no exterior e no Brasil é o seguinte: as
lojas começam a oferecer serviços
financeiros mais comuns -trabalham com cheques parcelados e
cartões, por exemplo. Numa etapa seguinte, chegam até a abrir
banco para administrar os serviços financeiros", afirma Paixão.
Demanda
Dárcio D" Agosto Filho, diretor
de crédito e cobrança do banco
Ibi, diz que foi esse o caminho seguido pela C&A. Segundo ele, a
rede de lojas observou uma demanda grande de clientes por
produtos financeiros.
"Hoje, nas nossas lojas, nós
atendemos os clientes como se
fôssemos uma agência de banco
tradicional."
Pelo estudo dos economistas do
Provar, o interesse das lojas em
oferecer serviços financeiros aos
clientes também se deve à proximidade delas com os consumidores. O fato de boa parte deles não
terem acesso à rede bancária também ajuda.
"As lojas têm um relacionamento privilegiado com a clientela. Isso acaba possibilitando ter um
perfil mais fiel do consumidor",
afirma Paixão.
"Os bancos estão cada vez mais
seletivos, e nós podemos exercer o
papel deles na faixa de clientes de
menor poder aquisitivo", afirma
José Antônio Rodrigues, gerente-geral de crédito da Lojas Riachuelo. A loja já emitiu 7 milhões de
cartões de crédito próprio para
clientes.
Segundo ele, o número de novos clientes na Riachuelo aumenta em torno de 1 milhão de pessoas por ano. A venda por meio
de cartão de crédito, afirma, representa cerca de 75% do faturamento da empresa. "Esse é, sem
dúvida, um bom filão a ser explorado pelo varejo no país", afirma.
Rodrigues admite que está nos
planos da rede seguir o caminho
da C&A -isto é, abrir um banco.
Parceria
O Magazine Luiza, que fez uma
parceria com o Unibanco para
cuidar do seu crediário, está se
preparando para colocar no mercado ainda neste ano o cartão de
crédito Luizacred, uma estratégia
para atender o consumidor de
baixa renda.
Como a rede já tem 1,1 milhão
de clientes atendidos pelo seu sistema de crediário, estima que, de
início, terá condições de emitir esse volume de cartões.
"A tendência é essa. O varejista
aproveitar melhor o relacionamento que já tem com o cliente, o
que significa ampliar a oferta de
serviços financeiros para torná-lo
fiel à loja", afirma Arquimedes Salles, diretor da Luizacred.
(FÁTIMA FERNANDES)
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