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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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Sem alta de juros e compulsório, inflação seria maior, diz Toledo

DO PAINEL S.A.

O economista Celso Toledo, 37, da MCM Consultores Associados, considera precipitada a conclusão de que o aumento dos juros e a elevação do compulsório não serão medidas eficazes para conter a inflação. Ele acha que esse endurecimento da política monetária já surtiu efeito, como mostram taxas recém-divulgadas. Caso contrário, a inflação seria maior.

Folha - O Brasil votou a conviver com a inércia inflacionária?
Celso Toledo -
Em geral, a inércia é maior que a inflação. Uma das razões para isso é o fato de que, quando a inflação é alta, mudanças de preços em um segmento são mais facilmente repassados para o restante da economia, gerando uma espécie de "memória". Identifica-se nos dados uma "memória" maior desde o último trimestre de 2002. É por isso que criar inflação é fácil e fazê-la cair é difícil, exigindo sacrifícios em termos de produção e emprego.

Folha - Por que o aumento dos juros e do compulsório não surtiram efeito contra a inflação?
Toledo -
O endurecimento da política monetária vem surtindo efeito. Certamente a inflação seria muito maior se não fossem as medidas adotadas. Não houve tempo para que as decisões surtissem efeito. Grosso modo, desde setembro as expectativas para a inflação em 2003 subiram cerca de 6,5 pontos percentuais. O BC elevou os juros em 8,5 pontos percentuais. Ou seja, os juros aumentaram em termos reais, destruindo a liquidez que alimenta a inflação. Houve a alta do compulsório que, a meu ver, está longe de ser inócua no combate à inflação.

Folha - Será necessário um novo aumento de juros?
Toledo -
Tudo dependerá da evolução das expectativas de inflação. Admitindo que a política monetária não tenha perdido toda a eficácia, o que é razoável, cedo ou tarde os agentes deverão rever suas expectativas. O problema é que o processo é lento e custoso.


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