|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem alta de juros e compulsório, inflação seria maior, diz Toledo
DO PAINEL S.A.
O economista Celso Toledo, 37,
da MCM Consultores Associados,
considera precipitada a conclusão
de que o aumento dos juros e a
elevação do compulsório não serão medidas eficazes para conter a
inflação. Ele acha que esse endurecimento da política monetária
já surtiu efeito, como mostram taxas recém-divulgadas. Caso contrário, a inflação seria maior.
Folha - O Brasil votou a conviver
com a inércia inflacionária?
Celso Toledo - Em geral, a inércia
é maior que a inflação. Uma das
razões para isso é o fato de que,
quando a inflação é alta, mudanças de preços em um segmento
são mais facilmente repassados
para o restante da economia, gerando uma espécie de "memória". Identifica-se nos dados uma
"memória" maior desde o último
trimestre de 2002. É por isso que
criar inflação é fácil e fazê-la cair é
difícil, exigindo sacrifícios em termos de produção e emprego.
Folha - Por que o aumento dos juros e do compulsório não surtiram
efeito contra a inflação?
Toledo -O endurecimento da
política monetária vem surtindo
efeito. Certamente a inflação seria
muito maior se não fossem as medidas adotadas. Não houve tempo
para que as decisões surtissem
efeito. Grosso modo, desde setembro as expectativas para a inflação em 2003 subiram cerca de
6,5 pontos percentuais. O BC elevou os juros em 8,5 pontos percentuais. Ou seja, os juros aumentaram em termos reais, destruindo a liquidez que alimenta a inflação. Houve a alta do compulsório
que, a meu ver, está longe de ser
inócua no combate à inflação.
Folha - Será necessário um novo
aumento de juros?
Toledo -Tudo dependerá da evolução das expectativas de inflação.
Admitindo que a política monetária não tenha perdido toda a eficácia, o que é razoável, cedo ou tarde os agentes deverão rever suas
expectativas. O problema é que o
processo é lento e custoso.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: FOLHAINVEST Mercado: Copom deve manter os juros em 26,5% Índice
|