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FOLHAINVEST
MERCADO
Desaceleração da alta dos últimos índices de inflação faz investidores apostarem em manutenção da taxa básica
Copom deve manter os juros em 26,5%
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A desaceleração dos índices de
inflação e da atividade econômica
justificam para a maioria dos executivos do mercado financeiro a
manutenção dos juros básicos
nos atuais 26,5% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
Pesquisa da Reuters mostrou
que 19 de 25 economistas consultados afirmam esperar que a Selic
não será alterada na reunião marcada para acontecer entre amanhã e quarta.
"Os índices de preços estão
muito altos, mas houve sinalização de queda na última semana",
diz Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, para quem os
juros serão mantidos graças à desaceleração da inflação.
A avaliação de muitos economistas é que a inflação preocuparia mais se houvesse perspectiva
de forte recuperação da atividade
industrial.
A alta da produção industrial
em janeiro (de 0,27%) ainda não
compensou a queda de dezembro
(1,8%) e é devida sobretudo às exportações. As vendas de varejo
caíram 4,9% nos últimos dois meses, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"Há perda de poder aquisitivo e
queda da demanda interna", conclui Walter Mendes, diretor da
Schroder's.
"Além disso, o dólar está mais
baixo se comparado ao mês passado. A taxa de câmbio médio da
última sexta-feira ficou em R$
3,43 contra média de R$ 3,59 em
fevereiro", diz Mendes.
Ainda que a inflação continue a
preocupar, "talvez já haja indícios
de que não há oxigênio que comprometa o processo inflacionário", concorda o economista-chefe do banco BBV, Otávio de Barros. "Seria recomendável esperar
um mês para observar definição
mais clara desse quadro e manter
a Selic [taxa básica] agora", afirma Barros.
As taxas de swap pré-DI (juro
interbancário) para um ano estavam em 27,24% na última sexta,
muito próximas da Selic (em
26,5%), sinalizando expectativa
de que não haverá aumento da taxa básica nesta semana.
"O mercado começa a admitir
que a inflação convirja para a meta em um prazo mais longo, só em
2004", diz Mendes.
Viés
O BC não deverá usar o viés
(instrumento que permite que o
presidente do órgão mexa nos juros sem uma nova reunião do comitê). "Esse é um instrumento a
ser usado em um momento mais
especial. Não há algo datado de
que se queira esperar uma avaliação. No ano passado, quando
houve necessidade, fizeram uma
reunião extra e aumentaram os
juros", lembra Kawall.
Para alguns, isso poderia acontecer em razão da guerra, se aumentassem muito os preços do
petróleo, mas, afirmam não acreditar que isso agora.
Compulsório
Executivos do mercado descartam a possibilidade de medidas
como a tomada na última reunião
de aumento do compulsório.
"Com a queda nas vendas varejistas e da produção industrial não
há como. Foi uma paulada o aumento [do compulsório] de 45%
para 65%. Tem de esperar para
ver o resultado", diz Mendes.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, onde a autoridade também se reúne entre
amanhã e quarta, a maioria do
mercado espera a manutenção
dos juros. Há porém uma parcela
dos que defende a redução dos juros em 0,25 ponto percentual em
razão da queda de 1,65% das vendas no varejo, em relação a janeiro, e da eliminação de 308 mil
postos de trabalho.
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