São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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OPERAÇÃO PADRÃO

Paralisação de técnicos do Ministério da Agricultura compromete a liberação de carga com produtos perecíveis

Greve de fiscais atrasa escoamento de soja

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A greve nacional dos fiscais do Ministério da Agricultura comprometeu, no Paraná, o escoamento da safra de soja no porto de Paranaguá e a liberação de cargas com produtos perecíveis na região da tríplice fronteira, em Foz do Iguaçu.
De acordo com o comando de greve, 12 navios não conseguiram atracar desde anteontem -dia em que a greve começou- para embarcar soja no terminal paranaense.
A fila de caminhões na BR-227, rodovia de acesso a Paranaguá, chegava ontem a 42 km, ocorrência já registrada em anos anteriores e não relacionada com a greve.
A empresa Sadia obteve liminar na Justiça para contratar um veterinário particular e despachar uma carga de carne de frango para o Oriente Médio.
Ao mesmo tempo, a Justiça Federal em Curitiba acatou pedido de produtores de carne bovina do Estado para que o serviço de inspeção sanitária no porto, desempenhado pelos fiscais, não seja interrompido e evite prejudicar a exportação.
O despacho ou entrada de mercadorias pelo porto poderia ficar ainda mais complicado e atingir outros segmentos, como o automobilístico. Qualquer embalagem feita de madeira também precisa da fiscalização do Ministério da Agricultura.
Os grevistas reivindicam reajuste salarial médio de 30% para equiparar os ganhos da carreira com os dos fiscais federais de outras áreas. Querem ainda que seja aberto concurso para ampliar para 4.000 o número de fiscais -hoje são 2.670 em todo o país (pelo menos 90% aderiu à greve).
Os fiscais federais agropecuários ganham R$ 1.770,00 em início de carreira.

Tríplice fronteira
Na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, a greve impede caminhoneiros de continuar a despachar mercadorias. Na Ceasa (Central de Abastecimento) de Foz do Iguaçu, 12 caminhões carregados com 150 toneladas de hortifrutigranjeiros não receberam autorização para entrar no Paraguai. Os transportadores precisam de um certificado fitossanitário dos fiscais do ministério para exportar os alimentos.
O carregamento parado na Ceasa de Foz corresponde à metade de tudo o que é movimentado por dia na central. "As autoridades precisam viabilizar uma solução porque, enquanto isso, os comerciantes de Foz deixam de vender ao Paraguai", afirmou o gerente local da Ceasa, Valdinei dos Santos. Apesar de a greve ter completado ontem o segundo dia, Santos expressou a preocupação de um prejuízo em massa dos transportadores com as cargas perecíveis. "Vamos esperar que isso não aconteça."
Na Eadi (Estação Aduaneira do Interior) de Foz, ponto de fiscalização de produtos exportados e importados, cerca de 250 caminhões de Brasil, Argentina, Paraguai e Chile estavam parados ontem.

Santos
As empresas que operam no porto de Santos (SP) podem entrar na Justiça para impedir que a operação padrão dos agentes da Polícia Federal e dos fiscais do Ministério da Agricultura atrase a liberação de cargas retidas no cais.
A Sopesp (Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo) ameaça entrar com um mandado de segurança coletivo para a retomada dos serviços, caso os agentes paralisem completamente as atividades.
Ontem, 20 fiscais do Ministério da Agricultura fizeram operação padrão, vistoriando todos os carregamentos e documentos dos navios, o que retardou a liberação dos produtos importados e exportados. Normalmente, a fiscalização é feita por amostragem, o que confere mais agilidade ao processo. Os agentes da PF também adotaram a operação padrão.


Colaborou Adriana Chaves, da Agência Folha


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