|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPERAÇÃO PADRÃO
Paralisação de técnicos do Ministério da Agricultura compromete a liberação de carga com produtos perecíveis
Greve de fiscais atrasa escoamento de soja
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A greve nacional dos fiscais do
Ministério da Agricultura comprometeu, no Paraná, o escoamento da safra de soja no porto
de Paranaguá e a liberação de cargas com produtos perecíveis na
região da tríplice fronteira, em
Foz do Iguaçu.
De acordo com o comando de
greve, 12 navios não conseguiram
atracar desde anteontem -dia
em que a greve começou- para
embarcar soja no terminal paranaense.
A fila de caminhões na BR-227,
rodovia de acesso a Paranaguá,
chegava ontem a 42 km, ocorrência já registrada em anos anteriores e não relacionada com a greve.
A empresa Sadia obteve liminar
na Justiça para contratar um veterinário particular e despachar
uma carga de carne de frango para o Oriente Médio.
Ao mesmo tempo, a Justiça Federal em Curitiba acatou pedido
de produtores de carne bovina do
Estado para que o serviço de inspeção sanitária no porto, desempenhado pelos fiscais, não seja interrompido e evite prejudicar a
exportação.
O despacho ou entrada de mercadorias pelo porto poderia ficar
ainda mais complicado e atingir
outros segmentos, como o automobilístico. Qualquer embalagem feita de madeira também
precisa da fiscalização do Ministério da Agricultura.
Os grevistas reivindicam reajuste salarial médio de 30% para
equiparar os ganhos da carreira
com os dos fiscais federais de outras áreas. Querem ainda que seja
aberto concurso para ampliar para 4.000 o número de fiscais -hoje são 2.670 em todo o país (pelo
menos 90% aderiu à greve).
Os fiscais federais agropecuários ganham R$ 1.770,00 em início
de carreira.
Tríplice fronteira
Na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, a greve impede caminhoneiros de continuar
a despachar mercadorias. Na Ceasa (Central de Abastecimento) de
Foz do Iguaçu, 12 caminhões carregados com 150 toneladas de
hortifrutigranjeiros não receberam autorização para entrar no
Paraguai. Os transportadores precisam de um certificado fitossanitário dos fiscais do ministério para exportar os alimentos.
O carregamento parado na Ceasa de Foz corresponde à metade
de tudo o que é movimentado por
dia na central. "As autoridades
precisam viabilizar uma solução
porque, enquanto isso, os comerciantes de Foz deixam de vender
ao Paraguai", afirmou o gerente
local da Ceasa, Valdinei dos Santos. Apesar de a greve ter completado ontem o segundo dia, Santos
expressou a preocupação de um
prejuízo em massa dos transportadores com as cargas perecíveis.
"Vamos esperar que isso não
aconteça."
Na Eadi (Estação Aduaneira do
Interior) de Foz, ponto de fiscalização de produtos exportados e
importados, cerca de 250 caminhões de Brasil, Argentina, Paraguai e Chile estavam parados ontem.
Santos
As empresas que operam no
porto de Santos (SP) podem entrar na Justiça para impedir que a
operação padrão dos agentes da
Polícia Federal e dos fiscais do Ministério da Agricultura atrase a liberação de cargas retidas no cais.
A Sopesp (Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São
Paulo) ameaça entrar com um
mandado de segurança coletivo
para a retomada dos serviços, caso os agentes paralisem completamente as atividades.
Ontem, 20 fiscais do Ministério
da Agricultura fizeram operação
padrão, vistoriando todos os carregamentos e documentos dos
navios, o que retardou a liberação
dos produtos importados e exportados. Normalmente, a fiscalização é feita por amostragem, o
que confere mais agilidade ao
processo. Os agentes da PF também adotaram a operação padrão.
Colaborou Adriana Chaves,
da Agência Folha
Texto Anterior: Crise no ar: Funcionários da Vasp adiam decisão de greve Próximo Texto: Cerveja: Em nova propaganda, Nova Schin insinua que Zeca Pagodinho é "traíra" Índice
|