São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RECEITA ORTODOXA

Volume oferecido ao consumidor cresce pelo 12º mês seguido

Crédito mantém expansão, apesar de aumentos da Selic

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela 12ª vez consecutiva, o volume de crédito nas mãos do consumidor voltou a crescer na comparação com o mês anterior, mostram dados preliminares do Banco Central referentes a fevereiro.
A expansão ocorreu no mesmo ritmo registrado nos últimos meses. Um dos objetivos do BC ao elevar a taxa de juros básica da economia (Selic) é conter a demanda e, portanto, a inflação.
Entretanto, o estoque de crédito (novas concessões menos amortizações) para pessoas físicas somou R$ 122,7 bilhões no mês passado, um incremento de 2,7% na comparação com janeiro.
Esses são números preliminares do próprio Banco Central e representam cerca de 80% do saldo de crédito. Os dados, deflacionados e dessazonalizados, foram obtidos pelo economista Adriano Pitoli, da consultoria Tendências.
O ritmo de crescimento continua o mesmo porque as linhas de crédito com garantias melhores e taxas menores, como o crédito consignado em folha de pagamento, estão em franco crescimento e porque a confiança do consumidor na economia, apesar do recuo neste mês, ainda está em um patamar elevado.
Além disso, de acordo com Pitoli, a maior estabilidade da economia brasileira vem impedindo uma elevação mais intensa nas taxas cobradas dos bancos pelo consumidor -nesse cenário, o risco de emprestar é menor.
Mesmo assim, a taxa média cobrada pelas instituições financeiras do consumidor deve ficar próxima a 56,2% ao ano em fevereiro, segundo estimativa da consultoria realizada a partir de informações preliminares do BC, após ter sido de 55,8% em janeiro e permanecido estável em 55% ao ano entre agosto e novembro.
Alguns economistas afirmam que o crescimento até agora inabalável do saldo de crédito ajuda a estimular uma atitude mais conservadora do Banco Central em relação à taxa básica.
"Embora o atual ritmo de concessões já comece a sugerir uma revisão para cima na nossa projeção de crescimento de 8,5% no saldo de crédito para pessoa física, continuamos considerando que um ritmo de expansão muito superior ao projetado seja pouco coerente com os objetivos da política monetária", diz texto da Tendências assinado por Pitoli.
No caso das novas concessões (novos empréstimos), também houve alta em fevereiro na comparação com o mês anterior, de 2%. Em janeiro na comparação com dezembro do ano passado, no entanto, houve recuo, de 3,3%.
"Acho que não é um indício de desaceleração, porque a queda foi principalmente em cheque especial, que é uma linha de curto prazo e que tem menor influência sobre o saldo de crédito. As linhas de prazo mais longo continuam fortes", diz o economista.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Juro na ponta já subiu 6,5 pontos desde que Copom iniciou ciclo de alta da taxa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.