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Juro na ponta já subiu 6,5 pontos desde que Copom iniciou ciclo de alta da taxa
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os aumentos consecutivos na
taxa Selic -que elevou o juro básico da economia de 16% em
agosto de 2004 para 19,25% em
março de 2005- acabou por elevar em 6,5 pontos percentuais a
taxa média de juros anual paga
pela pessoa física. Isso ocorreu
porque o mercado (os bancos, as
financeiras e o comércio) promoveram elevações também, na esteira da decisão do governo.
Ao ano, a taxa para o consumidor, em média, pulou de 140,58%
para 147,10% nesse intervalo de
agosto a março. Em termos mensais, a taxa passou de 7,59% para
7,83% no período.
Os dados fazem parte de uma simulação realizada pela Anefac
(Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração
e Contabilidade). A entidade faz
projeções matemáticas para calcular a taxa todos os meses. Isso
não quer dizer que essa será exatamente a taxa a ser paga pelo
consumidor no mercado, pois se
trata de uma média. Essa média
inclui as linhas de crédito do cheque especial, cartão de crédito,
CDC (Crédito Direto ao Consumidor), empréstimo pessoal e juros nas lojas.
Na prática, o governo só deu início à escalada nas taxas a partir de
agosto de 2004, quando ele elevou
os juros anuais de 16% para
16,25% no mês seguinte. Por isso,
a análise das elevações tem de ser
feita a partir de agosto.
Para as pessoas jurídicas, a elevação foi quase na mesma medida
percentual. A taxa média anual
passou de 66,88% para 73,52% no
intervalo analisado -isso equivale a um aumento de 6,6 pontos.
Ao mês, as empresas registraram
uma elevação nas taxas de 4,36%
em agosto de 2004 para 4,70% em
março de 2005.
Com a alta na taxa determinada
ontem pelo governo, o dinheiro
fica mais caro, os bancos repassam esses constantes reajustes na
taxa ao mercado e esse, por sua
vez, na pele das empresas de varejo e de serviços, repassam o aumento ao consumidor.
"Lamentável e equivocada"
As redes de varejo irão repassar
o aumento nas taxas ao consumidor se concluírem que o repasse
desse aumento pelos bancos ao
comércio vai pesar nos custos.
No entanto, mesmo se a elevação ocorrer, o consumidor pode
não perceber. Isso porque as lojas
estão trabalhando com juros diferenciados segundo o produto. Pode ocorrer uma alta nos juros no
plano de uma mercadoria, mas
não no de outra. A elevação ocorre dentro do intervalo da taxa mínima e máxima da loja.
Hoje, a Casas Bahia cobra taxas
de 1% (piso) a 5,9% (teto) ao mês.
No Ponto Frio, as taxas variam de
0,99% ao mês nos planos em até
dez parcelas e de 5,49% ao mês
para até 13 parcelas. Os dados foram coletados nos anúncios publicitários das redes. Valem para
as operações de venda no carnês.
A Lojas Cem informou ontem
que não pretende aumentar as
suas taxas -atualmente em 4,2%
ao mês (teto), uma das mais baixas do mercado- com a elevação
da Selic ontem.
"A medida do governo é equivocada porque tenta segurar a inflação controlando a demanda
por meio dos juros. A alta na taxa
hoje [ontem] é lamentável", disse
o diretor superintendente da Lojas Cem, Valdemir Colleone. Com
raras exceções, o varejo começou
a aumentar a taxa em fevereiro.
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