São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

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Juro na ponta já subiu 6,5 pontos desde que Copom iniciou ciclo de alta da taxa

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os aumentos consecutivos na taxa Selic -que elevou o juro básico da economia de 16% em agosto de 2004 para 19,25% em março de 2005- acabou por elevar em 6,5 pontos percentuais a taxa média de juros anual paga pela pessoa física. Isso ocorreu porque o mercado (os bancos, as financeiras e o comércio) promoveram elevações também, na esteira da decisão do governo.
Ao ano, a taxa para o consumidor, em média, pulou de 140,58% para 147,10% nesse intervalo de agosto a março. Em termos mensais, a taxa passou de 7,59% para 7,83% no período.
Os dados fazem parte de uma simulação realizada pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). A entidade faz projeções matemáticas para calcular a taxa todos os meses. Isso não quer dizer que essa será exatamente a taxa a ser paga pelo consumidor no mercado, pois se trata de uma média. Essa média inclui as linhas de crédito do cheque especial, cartão de crédito, CDC (Crédito Direto ao Consumidor), empréstimo pessoal e juros nas lojas.
Na prática, o governo só deu início à escalada nas taxas a partir de agosto de 2004, quando ele elevou os juros anuais de 16% para 16,25% no mês seguinte. Por isso, a análise das elevações tem de ser feita a partir de agosto.
Para as pessoas jurídicas, a elevação foi quase na mesma medida percentual. A taxa média anual passou de 66,88% para 73,52% no intervalo analisado -isso equivale a um aumento de 6,6 pontos. Ao mês, as empresas registraram uma elevação nas taxas de 4,36% em agosto de 2004 para 4,70% em março de 2005.
Com a alta na taxa determinada ontem pelo governo, o dinheiro fica mais caro, os bancos repassam esses constantes reajustes na taxa ao mercado e esse, por sua vez, na pele das empresas de varejo e de serviços, repassam o aumento ao consumidor.

"Lamentável e equivocada"
As redes de varejo irão repassar o aumento nas taxas ao consumidor se concluírem que o repasse desse aumento pelos bancos ao comércio vai pesar nos custos.
No entanto, mesmo se a elevação ocorrer, o consumidor pode não perceber. Isso porque as lojas estão trabalhando com juros diferenciados segundo o produto. Pode ocorrer uma alta nos juros no plano de uma mercadoria, mas não no de outra. A elevação ocorre dentro do intervalo da taxa mínima e máxima da loja.
Hoje, a Casas Bahia cobra taxas de 1% (piso) a 5,9% (teto) ao mês. No Ponto Frio, as taxas variam de 0,99% ao mês nos planos em até dez parcelas e de 5,49% ao mês para até 13 parcelas. Os dados foram coletados nos anúncios publicitários das redes. Valem para as operações de venda no carnês.
A Lojas Cem informou ontem que não pretende aumentar as suas taxas -atualmente em 4,2% ao mês (teto), uma das mais baixas do mercado- com a elevação da Selic ontem.
"A medida do governo é equivocada porque tenta segurar a inflação controlando a demanda por meio dos juros. A alta na taxa hoje [ontem] é lamentável", disse o diretor superintendente da Lojas Cem, Valdemir Colleone. Com raras exceções, o varejo começou a aumentar a taxa em fevereiro.


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