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JP Morgan fecha compra do Bear Stearns
Secretário do Tesouro dos EUA defende socorro e diz que governo fará "o que for necessário" para manter a estabilidade
Avaliado em US$ 236 mi, banco de investimentos americano foi vendido por menos do que o valor do prédio que ocupa em NY
DA REPORTAGEM LOCAL
O banco de investimentos
Bear Stearns, uma instituição
de 85 anos e que sobreviveu a
diversas crises econômicas incluindo a Grande Depressão de
1929, teve sua venda selada ontem para o grupo JP Morgan
Chase por US$ 236 milhões
-menos de 7% dos US$ 3,5 bilhões do valor de mercado atingido na sexta-feira. O negócio,
que envolve troca de ações, já
foi aprovado pelos conselhos de
ambos os bancos.
A venda era a única alternativa para o banco evitar a falência. As negociações se estenderam durante todo o final de semana e envolveram também
credores e reguladores americanos. Além da oferta do JP
Morgan, o Bear Stearns tinha
uma proposta alternativa feita
pelo fundo de private equity
[participação em empresas]
KKR (Kohlberg Kravis Roberts) e pela firma J.C. Flower.
Todos as partes envolvidas
correram para fechar a venda
antes da abertura hoje dos mercados. Na sexta, o banco enfrentou problemas de liquidez
e teve de ser socorrido pelo Federal Reserve [BC dos EUA] e
pelo próprio JP Morgan.
Ontem, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson,
afirmou que o governo americano está "preparado para fazer
o que for necessário" para garantir a estabilidade do sistema
financeiro. "A decisão [de ajudar o Bear Stearns] foi correta,
dada a situação atual. É importante minimizar os impactos
nos mercados financeiros, assim como proteger a economia", disse Paulson.
A afirmação, feita ao canal
Fox News, contrasta com as declarações de autoridades americanas feitas até o final do ano
passado, que descartavam a hipótese de o governo socorrer
"instituições imprudentes".
Prestígio em Wall Street
Com perdas de US$ 854 milhões só no final de 2007, o banco foi a primeira grande vítima
da crise das hipotecas de alto
risco nos EUA, que já deixou
um rastro de US$ 100 bilhões
em perdas que podem chegar a
US$ 1 trilhão, segundo os mais
pessimistas. Até então, a maior
vítima havia sido o britânico
Northen Rock, que foi "estatizado" no Reino Unido.
Pouco conhecido fora dos
EUA, o Bear Stearns é um dos
maiores operadores de títulos
lastreados em hipotecas e negocia produtos financeiros sofisticados, como proteção por
meio de derivativos, que atendem aos demais bancos de investimento americanos.
Tem ainda uma das mais importantes corretoras de Wall
Street e gerencia fundos de
hedge, que tem entre seus cotistas os maiores bancos americanos. Dois desses fundos de
hedge foram fechados em meados de 2007, representando
uma das primeiras grandes
perdas da crise nos EUA.
Na sexta-feira, as ações do
Bear Stearns chegaram a cair
mais de 50% e terminaram o
dia com baixa de 47,37%.
A proposta de US$ 236 milhões feita pelo JP Morgan é
apenas uma fração do que o
Bear Stearns já teria valido e
bem inferior ao lucro anual que
o banco já conferiu aos acionistas em meados da década. Em
janeiro do ano passado, o banco valia US$ 20 bilhões em Bolsa. Só o prédio do banco, na
avenida Madison, em Nova
York, valeria US$ 1,2 bilhão.
Segundo o "Wall Street", a
conclusão do negócio esbarrou
ontem em garantias que o JP
Morgan tentava obter para não
ter, mais tarde, problemas de
caixa por conta de aumento do
nível de provisionamento para
créditos ruins. O escocês RBS
(Royal Bank of Scotland), o britânico Barclays e o fundo Citadel também estiveram interessados no Bear Stearns, segundo
o "Financial Times".
Com agências internacionais
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