São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Folhainvest

Assustado, investidor tende a errar mais

Aplicador que "foge" na hora da queda das ações deixa escapar chance de recuperar perdas na alta da Bolsa, diz consultora

A Bolsa proporciona alta rentabilidade, mas tem seu preço: a forte volatilidade; por isso, investidor precisa ficar atento ao entra-e-sai

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Assustados com o intenso sobe-e-desce das ações nos últimos meses e com medo de mais prejuízos, investidores do mercado de capitais tentam sair e voltar para a Bolsa no que acreditam ser os "melhores momentos" do mercado.
Como é difícil acertar exatamente os dias de grande alta, o retorno das aplicações da Bolsa acaba sendo semelhante ao da renda fixa -quando não, pior.
O investidor não precisa errar muito para que o grande risco que ele corre ao aplicar em ações não compense. Basta que o investidor perca os cinco melhores dias da Bolsa.
"São poucos os dias que fazem a diferença, diz Paulo Tenani analista do banco UBS Wealth Management. "Agir por impulso não é a conduta mais favorável aos investidores."
A história dos "cinco dias" é clássica entre estudiosos do mercado e manuais de finanças. Investidores recém-chegados à Bolsa, porém, são tentados a escapar do prejuízo quando as ações desabam.
"O investidor que "foge" na queda, perde a chance de recuperar sua perda na alta do mercado. Normalmente me refiro a isso como "acertando o timing", a difícil tarefa de antecipar os movimentos de mercado", diz Marcia Dessen, da Bankrisk.

Entra-e-sai
No entra-e-sai da Bolsa é fácil perder os dias de alta. Uma pesquisa do UBS constatou que a partir de 1999, numa análise de 2.252 dias úteis, se forem excluídos da amostra os cinco maiores retornos diários das ações, a Bolsa brasileira pagaria tanto como a renda fixa, mas com risco muito maior.
Apenas cinco dias, que correspondem a 0,22% da amostra, fazem a diferença.
Observe no gráfico abaixo a diferença entre comprar ações e mantê-las nos períodos de turbulências e a estratégia de comprar e sair da Bolsa para fugir da queda e voltar na alta.
"Se o objetivo é investir em ações no Brasil, é importante participar do mercado justamente naqueles cinco melhores dias. Caso contrário, esqueça a Bolsa. Você estaria melhor na renda fixa", afirma Tenani.
"Fica claro que o investidor que se refugiu em um "lugar seguro" durante a turbulência paga um preço alto por isso", afirma Dessen.

"Fracos de coração"
Com base na pesquisa dos "cinco dias", analistas fazem algumas recomendações.
Uma alta rentabilidade em ações tem seu preço: a forte volatilidade. Há eventos que afetam muito os mercados e que deveriam ser "raros", mas, no Brasil, não são.
Uma queda superior a 22% em um único mês em investimento de ações é algo a se esperar no mercado brasileiro. Investidores devem estar preparados para não entrar em pânico e não zerar a aplicação no pior momento. Afinal, um evento negativo pode ser seguido de outro, positivo.
Para investir num mercado arriscado como o brasileiro, é preciso ter em mente a necessidade de manter a aplicação e aproveitar os "melhores dias".
Uma última recomendação: as ações podem dar rentabilidade muito generosa no Brasil, mas "não são indicadas para os fracos de coração", diz Tenani.


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