São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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BC dos EUA corta juro e abre crédito para bancos

Anunciada ontem, medida antecipa agenda da semana

DA REPORTAGEM LOCAL

No final da noite de ontem nos EUA, pouco antes da abertura dos mercados asiáticos hoje, o Federal Reserve [BC dos EUA] anunciou duas medidas emergenciais para socorrer o sistema financeiro: abriu linhas suplementares de financiamento direto para os bancos e cortou a taxa de juro do redesconto, usada em empréstimos de curto prazo aos bancos.
Pouco depois, a Bolsa de Tóquio iniciou os negócios da semana com baixa de 3,3% e o dólar desabou 2% em relação ao iene japonês, prenunciando uma segunda-feira conturbada nos mercados globais.
Segundo o Fed, a taxa do redesconto cai de 3,5% para 3,25% ao ano e a nova linha de crédito deverá funcionar pelos próximos seis meses. Amanhã, o Fed reúne seu comitê de mercado aberto para definir os juros de curto prazo nos EUA.
A expectativa dos analistas é de novo corte de 0,5 ponto percentual, mas não está descartada a possibilidade de uma redução ainda mais ousada, de 0,75 ponto. Tal decisão levaria os juros americanos a 2,25% ao ano.
Na semana passada, a crise americana ganhou contornos ainda piores, com o rumor de quebra do banco Bear Stearns, cuja venda para o JP Morgan foi fechada ontem, e as dificuldades do Lehman Brothers e do Carlyle Capital (leia à pág. B5).
Segundo Elson Teles, economista da corretora Concórdia, embora seja consenso entre os analistas o corte de 0,5 ponto, o mercado de renda fixa americano já colocou no preço uma eventual redução de 0,75 ponto. Para Teles, o fato de o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) ter ficado estável em fevereiro reforça essa aposta.
"Os traders contam com uma redução de 0,75 ponto. O recrudescimento da crise requer agressividade do Fed. Mas ainda acho que o Fed vai fazer mais um corte de 0,5 ponto."
"Devemos acompanhar mais um corte agressivo, de 0,75 ponto nos juros americanos", avalia a corretora Coinvalores.
Os mercados também acompanham hoje os dados de fevereiro da produção industrial americana. A previsão é de contração de 0,1% na atividade e de uma redução de 81,5% para 81,3% no uso da capacidade instalada. Também amanhã sai o PPI (Índice de Preços ao Produtor), que deve indicar inflação de 0,2% em fevereiro, após aumento de 0,4% em janeiro.

Brasil
Na agenda interna, o destaque fica por conta das prévias dos índices de inflação deste mês, assunto que dominou o debate na semana passada após a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) revelar que se chegou a cogitar um aumento dos juros para conter uma inflação de demanda.
Hoje, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulga a segunda parcial do IPC-S deste mês, que deve apontar alta de 0,11%, e o IGP-10 de março, índice que funciona como uma prévia do IGP-M. A expectativa é de alta de 0,52%, após aumento de 0,80% em fevereiro.
Diante da forte turbulência nos mercados, a semana curta devido à Sexta-Feira Santa também deve mexer com os ânimos no Brasil. Na dúvida, os investidores vão preferir não passar o feriado "comprado" -ou seja, apostando na alta.
"Em tempos de volatilidade e da volta da paridade entre o Ibovespa e o Dow Jones, toda a atenção para a agenda norte-americana será necessária", avalia a Coinvalores.
"A constante incerteza sobre o futuro da economia americana deve seguir trazendo volatilidade ao mercado. Esse movimento deve ser intensificado nos próximos dias", disse Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos. (TS)


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