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BC dos EUA corta juro e abre crédito para bancos
Anunciada ontem, medida antecipa agenda da semana
DA REPORTAGEM LOCAL
No final da noite de ontem
nos EUA, pouco antes da abertura dos mercados asiáticos hoje, o Federal Reserve [BC dos
EUA] anunciou duas medidas
emergenciais para socorrer o
sistema financeiro: abriu linhas
suplementares de financiamento direto para os bancos e
cortou a taxa de juro do redesconto, usada em empréstimos
de curto prazo aos bancos.
Pouco depois, a Bolsa de Tóquio iniciou os negócios da semana com baixa de 3,3% e o dólar desabou 2% em relação ao
iene japonês, prenunciando
uma segunda-feira conturbada
nos mercados globais.
Segundo o Fed, a taxa do redesconto cai de 3,5% para
3,25% ao ano e a nova linha de
crédito deverá funcionar pelos
próximos seis meses. Amanhã,
o Fed reúne seu comitê de mercado aberto para definir os juros de curto prazo nos EUA.
A expectativa dos analistas é
de novo corte de 0,5 ponto percentual, mas não está descartada a possibilidade de uma redução ainda mais ousada, de 0,75
ponto. Tal decisão levaria os juros americanos a 2,25% ao ano.
Na semana passada, a crise
americana ganhou contornos
ainda piores, com o rumor de
quebra do banco Bear Stearns,
cuja venda para o JP Morgan
foi fechada ontem, e as dificuldades do Lehman Brothers e do
Carlyle Capital (leia à pág. B5).
Segundo Elson Teles, economista da corretora Concórdia,
embora seja consenso entre os
analistas o corte de 0,5 ponto, o
mercado de renda fixa americano já colocou no preço uma
eventual redução de 0,75 ponto. Para Teles, o fato de o CPI
(Índice de Preços ao Consumidor) ter ficado estável em fevereiro reforça essa aposta.
"Os traders contam com uma
redução de 0,75 ponto. O recrudescimento da crise requer
agressividade do Fed. Mas ainda acho que o Fed vai fazer
mais um corte de 0,5 ponto."
"Devemos acompanhar mais
um corte agressivo, de 0,75
ponto nos juros americanos",
avalia a corretora Coinvalores.
Os mercados também acompanham hoje os dados de fevereiro da produção industrial
americana. A previsão é de contração de 0,1% na atividade e de
uma redução de 81,5% para
81,3% no uso da capacidade instalada. Também amanhã sai o
PPI (Índice de Preços ao Produtor), que deve indicar inflação de 0,2% em fevereiro, após
aumento de 0,4% em janeiro.
Brasil
Na agenda interna, o destaque fica por conta das prévias
dos índices de inflação deste
mês, assunto que dominou o
debate na semana passada após
a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) revelar
que se chegou a cogitar um aumento dos juros para conter
uma inflação de demanda.
Hoje, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulga a segunda
parcial do IPC-S deste mês, que
deve apontar alta de 0,11%, e o
IGP-10 de março, índice que
funciona como uma prévia do
IGP-M. A expectativa é de alta
de 0,52%, após aumento de
0,80% em fevereiro.
Diante da forte turbulência
nos mercados, a semana curta
devido à Sexta-Feira Santa
também deve mexer com os
ânimos no Brasil. Na dúvida, os
investidores vão preferir não
passar o feriado "comprado"
-ou seja, apostando na alta.
"Em tempos de volatilidade e
da volta da paridade entre o
Ibovespa e o Dow Jones, toda a
atenção para a agenda norte-americana será necessária",
avalia a Coinvalores.
"A constante incerteza sobre
o futuro da economia americana deve seguir trazendo volatilidade ao mercado. Esse movimento deve ser intensificado
nos próximos dias", disse Júlio
Martins, diretor da Prosper
Gestão de Recursos. (TS)
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