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China ameaça mais ação latina do que EUA
Para o Deutsche Bank, aceleração da inflação chinesa pode motivar aumento no juro e reduzir demanda por commodities
Com maior peso de produtores de commodities, Bolsa brasileira pode ter fortes perdas com desaceleração na China
DA BLOOMBERG
A China representa um risco
maior para as Bolsas da América Latina do que a crise nos Estados Unidos. Isso porque a
economia chinesa, que tem o
crescimento mais acelerado no
mundo, poderá ter de elevar
suas taxas de juros para abrandar a inflação, medida que pode
reduzir consideravelmente a
demanda por commodities, segundo o Deutsche Bank.
As ações brasileiras são as
que mais perderão entre as Bolsas latino-americanas devido à
grande concentração de empresas produtoras de commodities no Ibovespa.
""A China é um risco maior do
que a desaceleração dos EUA
no segundo semestre, não apenas para as ações latino-americanas mas para todos os mercados emergentes. Se a tendência
de alta da inflação na China não
for interrompida até meados
do ano, poderemos assistir a
um superarrocho, que poderá
desacelerar a atividade econômica e a demanda por commodities", disse Guilherme Paiva,
estrategista de ações latino-americanas do Deutsche Bank.
Paiva recomenda ""aumentar
a exposição" para as ações brasileiras, mas já admite que deve
reduzir sua previsão para a
pontuação do Ibovespa, estimada em 75.000 pontos no final do ano. Na sexta, terminou
em 61.990 pontos.
O Ibovespa subiu 43% nos últimos 12 meses, enquanto o índice de ações emergentes
MSCI, do Morgan Stanley, teve
valorização de 26%, e o Standard & Poor"s 500, da Bolsa de
Nova York, perdeu 6,3%.
""Embora as exportações devam responder por 11% do PIB
(Produto Interno Bruto) do
Brasil em 2008, as ações de empresas de combustíveis, energia e matérias-primas são responsáveis por mais de 50% da
ponderação no índice MSCI
Brazil", disse Paiva. ""Portanto,
as ações brasileiras podem ser
mais prejudicadas do que a economia [do Brasil]".
As empresas produtoras de
combustíveis, energia e matérias-primas têm uma ponderação de 59% no índice, segundo
dados da Bloomberg.
Os papéis da Petrobras respondem por 27% do índice
MSCI Brazil, seguidos pelos da
Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro, com
uma ponderação de 21%.
""Recomendamos aos nossos
clientes que mantenham menos exposição em papéis de
combustíveis e energia, que serão mais prejudicados nesse cenário, e migrem para nomes
nacionais, de setores como
bancos, telecomunicações e varejo", disse Paiva.
Preços chineses
Os preços ao consumidor da
China subiram 8,7% em fevereiro, comparativamente ao
mesmo período de 2007. Foi o
ritmo mais alto dos últimos 11
anos. A aceleração foi puxada
pelo salto nos preços de alimentos e combustíveis e aumentou a aposta de que o BC
chinês continue a elevar os juros. No ano passado, a China teve seis altas nos juros.
O BC chinês também elevou
as alíquotas do depósito compulsório dos bancos para o recorde de 15%, com o objetivo de
desacelerar a economia.
Os analistas do Deutsche
Bank prevêem que a inflação
chinesa vai se acelerar para
7,2% em 2008, após alta 4,6%
no ano passado. Eles prevêem
também que a expansão da economia vai recuar para 9,5%
neste ano. O PIB chinês cresceu
11,2% no período de três meses
encerrado em dezembro.
""A China vem sendo o principal impulsionador do crescimento mundial. Portanto, uma
desaceleração no país vai afetar
os preços das commodities e,
conseqüentemente, os mercados emergentes", disse Paiva.
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