São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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China ameaça mais ação latina do que EUA

Para o Deutsche Bank, aceleração da inflação chinesa pode motivar aumento no juro e reduzir demanda por commodities

Com maior peso de produtores de commodities, Bolsa brasileira pode ter fortes perdas com desaceleração na China

DA BLOOMBERG

A China representa um risco maior para as Bolsas da América Latina do que a crise nos Estados Unidos. Isso porque a economia chinesa, que tem o crescimento mais acelerado no mundo, poderá ter de elevar suas taxas de juros para abrandar a inflação, medida que pode reduzir consideravelmente a demanda por commodities, segundo o Deutsche Bank.
As ações brasileiras são as que mais perderão entre as Bolsas latino-americanas devido à grande concentração de empresas produtoras de commodities no Ibovespa.
""A China é um risco maior do que a desaceleração dos EUA no segundo semestre, não apenas para as ações latino-americanas mas para todos os mercados emergentes. Se a tendência de alta da inflação na China não for interrompida até meados do ano, poderemos assistir a um superarrocho, que poderá desacelerar a atividade econômica e a demanda por commodities", disse Guilherme Paiva, estrategista de ações latino-americanas do Deutsche Bank.
Paiva recomenda ""aumentar a exposição" para as ações brasileiras, mas já admite que deve reduzir sua previsão para a pontuação do Ibovespa, estimada em 75.000 pontos no final do ano. Na sexta, terminou em 61.990 pontos.
O Ibovespa subiu 43% nos últimos 12 meses, enquanto o índice de ações emergentes MSCI, do Morgan Stanley, teve valorização de 26%, e o Standard & Poor"s 500, da Bolsa de Nova York, perdeu 6,3%.
""Embora as exportações devam responder por 11% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2008, as ações de empresas de combustíveis, energia e matérias-primas são responsáveis por mais de 50% da ponderação no índice MSCI Brazil", disse Paiva. ""Portanto, as ações brasileiras podem ser mais prejudicadas do que a economia [do Brasil]".
As empresas produtoras de combustíveis, energia e matérias-primas têm uma ponderação de 59% no índice, segundo dados da Bloomberg.
Os papéis da Petrobras respondem por 27% do índice MSCI Brazil, seguidos pelos da Vale, a maior produtora mundial de minério de ferro, com uma ponderação de 21%.
""Recomendamos aos nossos clientes que mantenham menos exposição em papéis de combustíveis e energia, que serão mais prejudicados nesse cenário, e migrem para nomes nacionais, de setores como bancos, telecomunicações e varejo", disse Paiva.

Preços chineses
Os preços ao consumidor da China subiram 8,7% em fevereiro, comparativamente ao mesmo período de 2007. Foi o ritmo mais alto dos últimos 11 anos. A aceleração foi puxada pelo salto nos preços de alimentos e combustíveis e aumentou a aposta de que o BC chinês continue a elevar os juros. No ano passado, a China teve seis altas nos juros.
O BC chinês também elevou as alíquotas do depósito compulsório dos bancos para o recorde de 15%, com o objetivo de desacelerar a economia.
Os analistas do Deutsche Bank prevêem que a inflação chinesa vai se acelerar para 7,2% em 2008, após alta 4,6% no ano passado. Eles prevêem também que a expansão da economia vai recuar para 9,5% neste ano. O PIB chinês cresceu 11,2% no período de três meses encerrado em dezembro.
""A China vem sendo o principal impulsionador do crescimento mundial. Portanto, uma desaceleração no país vai afetar os preços das commodities e, conseqüentemente, os mercados emergentes", disse Paiva.


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