São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsa sobe com sinal de juro baixo por mais tempo nos EUA

Apesar de dúvida sobre Copom, hoje, Bovespa avança 1,33%

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

Na véspera da decisão do Banco Central sobre juros, a Bolsa de Valores de São Paulo teve alta de 1,33% e encostou nos 70 mil pontos do Ibovespa, que terminou os negócios ontem marcando 69.942 pontos, maior patamar desde 13 de janeiro. No mês, a Bolsa já acumula uma valorização de 5,17%, e, no ano, de 1,97%.
O otimismo ontem foi atribuído à recuperação internacional nos preços das commodities e à expectativa de que o Federal Reserve (BC dos EUA) mantenha os juros americanos inalterados entre zero e 0,25%, pelo menos, até o segundo semestre. Sem surpresas, o Fed manteve ontem os juros, mas sinalizou, em comunicado, que ainda sente necessidade de manter estímulos à economia.
No Brasil, no entanto, o mercado segue bastante dividido quanto ao resultado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que define hoje se mantém os juros básicos em 8,75% ao ano. A reunião poderá ser a última com a participação do presidente Henrique Meirelles e do diretor de Política Econômica, Mario Mesquita.
Cresce o número dos analistas que defendem que o BC suba os juros para 9,25%, mas uma boa parte acredita que isso só deve ocorrer em abril.
Para Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, as projeções para a inflação exigem que o BC aumente os juros neste mês. Na avaliação do mercado, o IPCA (índice oficial da meta de inflação) deve ficar em 5,03% em 2010.
Os economistas da corretora Gradual concordam e afirmam, em relatório, que pior seria o BC "não agir". "Não acreditamos que a situação seja dramática no quadro inflacionário. No entanto, não agir agora pode tornar mais cara a manutenção das expectativas."
Para Jason Vieira, economista da consultoria UpTrend, o BC deve "empurrar" para abril o aumento da taxa porque a inflação mostra sinais de desaceleração. Vieira vê também uma diminuição da oferta de crédito, resultante do aumento dos depósitos compulsórios. "Ainda não precisa mexer no juro."
José Góes, economista da corretora Alpes, espera que a taxa Selic seja mantida, mas destaca que o BC deve "sinalizar em seu comunicado e na ata da semana que vem que o processo de alta dos juros deve se iniciar já na próxima reunião, em abril". Ele também não acredita que a decisão seja unânime entre os diretores do BC.
No mercado de câmbio, o dólar encerrou ontem negociado a R$ 1,768, com avanço de 0,17%. No mês, a moeda americana já "devolveu" 2,16% da alta entre janeiro e fevereiro.
Os papéis da Vale e de empresas ligadas ao setor de commodities metálicas ajudaram a impulsionar os ganhos ontem. A ação preferencial da Vale, que movimentou sozinha R$ 583 milhões, avançou 2,41%, enquanto a ação ordinária ficou 2,49% mais cara, sendo alvo de R$ 118 milhões em negócios.
As ações preferenciais da CSN tiveram alta de 1,12%, e as preferenciais da Usiminas, de 2,28%. Já os papéis preferenciais da Gerdau avançaram 2,71%. O giro financeiro ontem da Bolsa foi de R$ 5,18 bilhões.
O petróleo avançou ontem 2,38% e bateu em US$ 81,70 com a expectativa de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) mantenha inalterado o nível de produção.
Nos EUA, a Bolsa de Nova York teve alta de 0,41% no índice Dow Jones, que acumula alta de 2,47% no ano -mais do que o 1,97% do Ibovespa. A Nasdaq subiu mais 0,67% e já soma alta de 4,8% em 2010.


Texto Anterior: ProTeste pede devolução por erro em conta de energia
Próximo Texto: Vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.