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AMEAÇA EMERGENTE
Citibank e Merrill Lynch diminuem recomendação para o Brasil; dados dos EUA animam o mercado
País é rebaixado de novo, mas tensão diminui
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro abriu ontem sob o impacto da notícia de
que o Citigroup, a exemplo do
que já havia feito na quinta-feira o
JP Morgan, rebaixou a recomendação para os títulos da dívida
brasileira.
Mas a inesperada queda na produção industrial em março nos
EUA -que arrefeceu as apostas
mais agressivas em relação à perspectiva de alta nas taxas de juros
no país- ajudou a diminuir a
tensão inicial. Resultado: o risco-país brasileiro encontrou espaço
para recuar 3,56% e fechar a 596
pontos. Na quinta, o indicador
havia disparado 11%.
A Bovespa fechou ontem praticamente estável (0,14%), mas o
estrago na semana foi grande:
queda de 4,2%. O dólar subiu
0,83% na semana. Ontem, caiu
0,31%, para R$ 2,909.
O banco de investimentos Merrill Lynch também divulgou relatório negativo ontem, no qual reduziu a recomendação para a Bolsa de Valores de São Paulo. A performance do Ibovespa (principal
índice da Bolsa) desde o começo
do ano teve influência na decisão
do banco. No ano, a Bolsa paulista
tem baixa acumulada de 2,10%.
A recomendação do banco para
seus clientes é a de aumentar a exposição em ações mexicanas. A
mudança para o México se deve
ao fato de o país ser o mais defensivo entre os emergentes em todo
o mundo, segundo o relatório.
Com os dados da produção industrial, a expectativa de que haverá queda dos juros nos EUA antes do esperado pelos analistas
perdeu um pouco de força. Isso
fez as taxas dos títulos do Tesouro
norte-americano recuarem
-movimento positivo para os
papéis do Brasil e de outros emergentes. O risco-país dos latinos recuou 1,44% ontem.
Se os juros sobem nos EUA, a
tendência é a de investidores migrarem dos mercados emergentes
para títulos norte-americanos.
O Citigroup alegou que a mudança de sua recomendação deveu-se à perspectiva de elevação
de juros nos EUA, que poderá imprimir fuga de capitais aos mercados emergentes.
Equilíbrio
Mas, enquanto Citigroup e JP
Morgan diminuíam suas recomendações, os bancos ABN Amro e WestLB divulgaram relatórios em que mantiveram inalterado o nível de recomendação para
os títulos da dívida brasileira. Isso
ajudou a tranqüilizar investidores, que já temiam um "efeito manada" dos bancos após as decisões do Citigroup e do JP Morgan.
"Houve um exagero muito
grande do mercado na quinta.
Mas é importante lembrar que estamos em um momento bastante
volátil, em que os ativos brasileiros podem voltar a sofrer negativamente", diz Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
Juros
O fatores externos amenizaram
o impacto da decisão da última
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária), encerrada na
quarta. O Copom reduziu de
16,25% para 16% os juros básicos.
Para empresas e bancos brasileiros que planejam captar recursos no exterior, a menor tensão
no mercado ontem foi importante. É que, quanto mais alto está o
risco-país, maiores são as dificuldades para conseguir empréstimos no exterior. Risco mais elevado também significa taxas mais
altas na hora de captar.
Após as turbulências dos últimos dias, ficou a dúvida sobre
quando o governo brasileiro irá
ao mercado internacional para fazer uma emissão.
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