São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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AMEAÇA EMERGENTE

Citibank e Merrill Lynch diminuem recomendação para o Brasil; dados dos EUA animam o mercado

País é rebaixado de novo, mas tensão diminui

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro abriu ontem sob o impacto da notícia de que o Citigroup, a exemplo do que já havia feito na quinta-feira o JP Morgan, rebaixou a recomendação para os títulos da dívida brasileira.
Mas a inesperada queda na produção industrial em março nos EUA -que arrefeceu as apostas mais agressivas em relação à perspectiva de alta nas taxas de juros no país- ajudou a diminuir a tensão inicial. Resultado: o risco-país brasileiro encontrou espaço para recuar 3,56% e fechar a 596 pontos. Na quinta, o indicador havia disparado 11%.
A Bovespa fechou ontem praticamente estável (0,14%), mas o estrago na semana foi grande: queda de 4,2%. O dólar subiu 0,83% na semana. Ontem, caiu 0,31%, para R$ 2,909.
O banco de investimentos Merrill Lynch também divulgou relatório negativo ontem, no qual reduziu a recomendação para a Bolsa de Valores de São Paulo. A performance do Ibovespa (principal índice da Bolsa) desde o começo do ano teve influência na decisão do banco. No ano, a Bolsa paulista tem baixa acumulada de 2,10%.
A recomendação do banco para seus clientes é a de aumentar a exposição em ações mexicanas. A mudança para o México se deve ao fato de o país ser o mais defensivo entre os emergentes em todo o mundo, segundo o relatório.
Com os dados da produção industrial, a expectativa de que haverá queda dos juros nos EUA antes do esperado pelos analistas perdeu um pouco de força. Isso fez as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano recuarem -movimento positivo para os papéis do Brasil e de outros emergentes. O risco-país dos latinos recuou 1,44% ontem.
Se os juros sobem nos EUA, a tendência é a de investidores migrarem dos mercados emergentes para títulos norte-americanos.
O Citigroup alegou que a mudança de sua recomendação deveu-se à perspectiva de elevação de juros nos EUA, que poderá imprimir fuga de capitais aos mercados emergentes.

Equilíbrio
Mas, enquanto Citigroup e JP Morgan diminuíam suas recomendações, os bancos ABN Amro e WestLB divulgaram relatórios em que mantiveram inalterado o nível de recomendação para os títulos da dívida brasileira. Isso ajudou a tranqüilizar investidores, que já temiam um "efeito manada" dos bancos após as decisões do Citigroup e do JP Morgan.
"Houve um exagero muito grande do mercado na quinta. Mas é importante lembrar que estamos em um momento bastante volátil, em que os ativos brasileiros podem voltar a sofrer negativamente", diz Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.

Juros
O fatores externos amenizaram o impacto da decisão da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), encerrada na quarta. O Copom reduziu de 16,25% para 16% os juros básicos.
Para empresas e bancos brasileiros que planejam captar recursos no exterior, a menor tensão no mercado ontem foi importante. É que, quanto mais alto está o risco-país, maiores são as dificuldades para conseguir empréstimos no exterior. Risco mais elevado também significa taxas mais altas na hora de captar.
Após as turbulências dos últimos dias, ficou a dúvida sobre quando o governo brasileiro irá ao mercado internacional para fazer uma emissão.


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