São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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Quadro externo segue confortável, diz Setubal

DA ENVIADA A XANGAI

Com 11 horas de fuso horário à frente do Brasil, o presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, disse ontem em Xangai não ter entendido "nada" do que aconteceu no mercado brasileiro na quinta-feira, quando o risco-país subiu 11%, maior alta em 17 meses.
Para ele, a volatilidade do mercado só pode ser explicada pelo fato de que os investidores não entenderam o impacto do ajuste nas contas externas brasileiras sobre a economia do país.
"A alta dos juros nos EUA pode afetar um pouco o Brasil, mas a situação externa é bastante confortável", afirmou Setubal, em um dos intervalos da reunião anual do Institute of International Finance, em Xangai.
Na opinião de Setubal, o mercado reagiu como se o Brasil tivesse uma vulnerabilidade externa que não existe mais. "O mercado está reagindo mais por reflexo do passado do que pela situação atual."
No ano passado, o Brasil teve superávit em sua conta corrente, o que significa menor dependência de recursos do exterior. O resultado positivo foi conseguido principalmente graças ao comportamento da balança comercial, que teve superávit de US$ 24,8 bilhões.
O ajuste externo também esteve no centro da apresentação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para quem o superávit comercial tem natureza estrutural e está se mantendo mesmo com o aumento das importações decorrente da retomada do crescimento econômico.
Meirelles observou que nos 12 meses encerrados em março, o superávit atingiu o recorde de US$ 27 bilhões e previu que o valor chegará a US$ 28 bilhões até o fim deste ano.
O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, que também participou do encontro do IIF, não vê um cenário de crise para o Brasil e afirma que o processo de elevação da taxa de juros nos EUA será gradual. Em sua avaliação, a taxa vai encerrar 2004 em 1,5%, 0,5 ponto percentual acima do atual 1%.
Esse patamar de aumento não será suficiente para abalar os emergentes, avalia. (CT)


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