São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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ILHA DO PARAÍSO

Na BA, ministro responde a análises negativas de instituições estrangeiras sobre situação fiscal

Céu não vai carregar, afirma Palocci

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A COMANDATUBA (BA)

Em resposta às análises negativas feitas por instituições financeiras estrangeiras em relação à situação fiscal brasileira e ao rebaixamento dos principais títulos da dívida do país, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que não se deve "transformar um céu de brigadeiro em um céu de nuvens carregadas".
O ministro foi irônico ao dizer que não ocorrerá "desequilíbrio nenhum [na economia] se as pessoas se concentrarem nas suas próprias avaliações".
Ele referia-se a uma declaração que disse ser do presidente do JP Morgan, Andrew Crockett, e que fez questão de ler para a imprensa: "O governo brasileiro está no caminho certo ao manter o controle das políticas fiscal e monetária, apesar das pressões para um relaxamento. O novo governo brasileiro já demonstrou que está determinado a seguir uma política que gere crescimento estável e fortalecimento do sistema. Sinto-me confortável ao dizer que vivemos um grande futuro brilhante e de muitas oportunidades no Brasil. Seríamos tolos se não prestássemos atenção no Brasil".
Palocci trouxe a declaração grifada em papel que tinha nas mãos já na chegada ao Fórum Empresarial, na ilha de Comandatuba, na Bahia. Para ele, o Brasil não pode "olhar com sinais trocados o seu próprio futuro".
Relatório do JP Morgan divulgado anteontem rebaixou a recomendação em investimento em títulos da dívida brasileira. Para especialistas, o banco levou em consideração as negociações em torno do salário mínimo e do reajuste dos servidores para questionar a política fiscal.
Palocci disse que não comentaria as avaliações das instituições. "Não vou comentar relatório de banco. Eles têm direito de fazer as suas avaliações."
Para o ministro, as mudanças no cenário externo, como o aumento dos juros nos EUA, não são justificativas para a avaliação negativa dos papéis brasileiros. Segundo ele, não há "virada" repentina no campo externo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu "critérios mais claros" para as agências de "rating" em suas avaliações, ao comentar a reação do mercado ao rebaixamento dos papéis brasileiros.
"Acho que, em se tratando de banco de investimento, é mais sério ainda. Há que explicitar melhor os critérios. Mas o ponto central é não tomarmos uma questão dessas como se fosse um barômetro. Não é. É uma opinião", disse.


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